MEDO DA MORTE
Todos nós
sabemos que o nosso fim último é a morte. Todos morreremos um dia, isso é uma
realidade incontestável e, a cada dia que passa, mais perto chegamos dessa
realidade.
A cada dia
que passa mais e mais tomamos conhecimento de pessoas que morrem: um parente,
uma pessoa amiga, um vizinho, alguém da comunidade.
Dificilmente
passa um dia sem termos conhecimento da morte de alguém; é só pegar o jornal e
conferir quantas pessoas morreram no dia anterior. A morte convive conosco.
Mas, mesmo
sendo a morte uma realidade, uma coisa com quem convivemos todos os dias, ainda
não nos acostumamos com ela e talvez jamais nos acostumaremos.
A morte é
sempre causa de dor, de tristeza, de lágrimas.
Todos tem
medo da morte; uns mais, outros menos, mas todos tem medo da morte.
Todos temos
medo do desconhecido e, muito embora a nossa fé seja motivo de esperança mesmo
depois da morte, todos se sentem desprotegidos e inseguros quando se fala desse
fim último de todos os seres viventes.
Mas uma
pergunta sempre vem à nossa cabeça: porque termos medo da morte?
As promessas
e as certezas que o Senhor Jesus nos deixou no seu Evangelho não seriam
suficientes para nos encher de coragem e enfrentar esse momento difícil na vida de cada um com coragem e esperança? Jesus
nos diz no seu Evangelho que “na casa do Pai há muitas moradas e que se assim
não fosse ele não teria dito isso” (cf Jo, 14, 1).
Na casa do
Pai há muitas moradas para todos aqueles que ouvirem a voz do Bom Pastor e
seguirem os seus ensinamentos, os seus mandamentos; mas, porque ainda persiste
o medo da morte? A morte é fruto do pecado, e todos nós sem distinção, somos
pecadores.
Todos sabemos
que o pecado é a negação do plano de salvação de Deus; quando cometemos um
pecado dizemos “não” a Deus e ficamos em dívida com ele. Segundo Santo Afonso
Maria de Ligouri, “Três coisas costumam
tornar amarga a morte: primeiro, o apego demasiado que temos com as coisas da
terra. Segundo, o remorso que nos invade por causa dos pecados que cometemos e,
terceiro, a incerteza da nossa salvação eterna.”
Todos nós
relutamos contra a morte, porque somos apegados demais às coisas terrenas e
lutamos para jamais deixar os nossos bens materiais, o nosso carro, a nossa
casa, ou o que quer que seja que conseguimos, como dizemos, com suor e sangue.
A vida toda
que vivemos não foi suficiente para que aprendêssemos que as coisas da terra,
as coisas deste mundo são passageiras e que as coisas que tem realmente valor
são as coisas do Reino de Deus, são as coisas do céu.
E Santo
Afonso Maria Ligouri continua nos seus escritos, dizendo: “Não há dúvida que o apego aos bens terrenos torna amarga e miserável a
morte, como diz o Espírito Santo no livro do Eclesiástico (41, 1): “Ò morte,
como é amarga a tua memória para um homem que tem a paz no meio de suas
riquezas.”
Em segundo
lugar, o que nos causa medo da morte são os pecados que cometemos durante toda
a nossa vida, (e continua Santo Afonso Maria de Ligouri), “são os pecados cometidos que mais afligem e roem o coração dos pobres
moribundos. Lembrando-se que eles deverão comparecer dentro de pouco perante o
tribunal divino, se vêem nesse momento terrível rodeados de seus pecados, que
os apavoram e lhes dizem: “Somos obras tuas; não te deixaremos.”, e o
remorso invade o coração do moribundo
que se vê cheio de pecados diante do Juiz Eterno que vai o vai julgar logo após
a sua morte.
E, em
terceiro lugar, o que apavora o moribundo é a incerteza da sua salvação eterna
após a sua morte. “A morte chama-se
“trânsito”, porque, por ela se passa de uma vida para a outra, da vida breve
para a vida eterna. Por isso é grande o espanto daqueles que morrem com dúvida
de sua salvação e se avizinham do grande momento com justo temor de uma morte
eterna.” (Santo Afonso Maria de Ligouri).
Sempre
tivemos medo da morte, e nunca soubemos explicar as causas desse medo, mas,
Santo Afonso Maria de Ligouri nos indica
as três principais causas, como vimos anteriormente, e que são: “primeiro, o apego às coisas terrenas;
segundo, o remorso dos pecados cometidos e, terceira, a incerteza da salvação.”
Então, é o
momento de nos sintonizarmos melhor com as coisas de Deus, viver com mais
intensidade o nosso cristianismo, nos apegarmos mais às coisas do céu, evitar o
cometimento de pecados que podem e devem ser evitados e acreditarmos nas
palavras do Mestre que promete a salvação a todos os que ouvem a sua mensagem,
seguem os seus mandamentos e acreditam nele; ”Não se perturbe o seu coração; acredite em Deus, acredita também em
mim” (Jo, 14, 1), nos diz Jesus. “Porque
deve ser muito grande a alegria dos santos quando vêem a morte se aproximar” (Sto
Afonso Maria de Ligouri), porque os santos tem a certeza de que muito embora
seus pecados tenham sido muitos, a misericórdia de Deus é maior do que o maior
pecado do mundo.
Tenhamos
confiança, e vamos nos preocupar mais com as coisas de Jesus Cristo porque,
quando passarmos para a outra vida, será Jesus Cristo o primeiro a nos estender
a mão para nos introduzir na vida que não se acaba mais, e vai nos dizer, com
toda a certeza: “Vinde, benditos de meu
Pai, tomem posse do reino preparado para vocês desde a criação do mundo...”
(Mt 25, 34).
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