domingo, 4 de dezembro de 2016

“ESTA É A VOZ DAQUELE QUE GRITA NO DESERTO...” (Mt 3,3).

II DOMINGO DO ADVENTO
Ano: A; – Cor: roxo; Leituras Is 11,1-10; Sl 71 (72); Rm 15,4-9; Mt 3,1-12.
“ESTA É A VOZ DAQUELE QUE GRITA NO DESERTO...” (Mt 3,3).

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Diácono Milton Restivo
           
A primeira leitura desta liturgia nos traz o profeta Isaias, que é conhecido como o mais messiânico profeta do Antigo Testamento, isto é, o que mais profetizou sobre a vinda do Messias, como vimos na meditação da semana passada. Isaias é o profeta de grande reverência a Yahweh e que transmite temor constante, chamando Yahweh de “O Santo de Israel”, termo repetido isso por vinte e cinco vezes no decorrer de seus escritos. Isaias foi um adorador de Yahweh por excelência.
Nesta leitura Isaias profetiza que o Messias seria descendente de Davi sobre o qual repousaria o Espírito do Senhor e delineia quais seriam os dons que receberia: “Do tronco de Jessé (pai do rei Davi) sairá um ramo, um broto nascerá de suas raízes. Sobre ele pousará o espírito de Yahweh: espírito de sabedoria e inteligência, espírito de conselho e fortaleza, espírito de conhecimento e temor de Yahweh. A sua inspiração estará no temor de Yahweh”. (Is 11,1-3).
Existe apenas um personagem chamado Jessé nas Sagradas Escrituras, e esse é o pai do pastor Davi que, mais tarde, seria ungido rei de Israel pelo profeta Samuel (1Sm 16,11-13).
O profeta Isaias, nesta profecia, não cita o rei Davi como ancestral do Messias, mas vai além, além até do tronco, vai às raízes: “um broto nascerá de suas raízes”, isso para dizer que o Messias já existia antes de Jessé e de Davi, embora fosse o Messias da linhagem de Davi. 
      Na profecia citada na liturgia de hoje, Isaias é de uma perspicácia imbatível e relata a força que o Messias receberá e o equipamento que usará para reverter a situação de injustiça reinante na humanidade: “Sobre ele pousará o espírito de Yahweh: espírito de sabedoria e inteligência, espírito de conselho e fortaleza, espírito de conhecimento e temor de Yahweh. A sua inspiração estará no temor de Yahweh”. (Is 11,2-3). Deixa claro que o Messias que há de vir estará repleto dos dons do Espírito Santo e não cumprirá a vontade de Deus por meios e iniciativas humanas: sobre ele repousará o espírito de Yahweh.
O Messias estará totalmente sob a proteção e a direção do Espírito Santo com todos os seus dons: “... espírito de sabedoria e inteligência, espírito de conselho e fortaleza, espírito de conhecimento e temor de Yahweh”. E não somente isso, porque “a sua inspiração estará no temor de Yahweh”, e isso está confirmado no que Isaias já havia dito quando prenunciou o nascimento do Messias: “Porque nasceu para nós um menino; um filho nos foi dado: sobre o seu ombro está o manto real, e ele se chama ‘Conselheiro Maravilhoso’, ‘Deus forte’, ‘Pai para sempre’, Príncipe da Paz’. Grande será o seu domínio e a paz não terá fim sobre o trono de Davi e seu reino firmado e reforçado com o direito e a justiça, desde agora e para sempre. O zelo de Yahweh dos Exércitos é quem realizará isso”. (Is 9,5-6), e Paulo ratifica isso: “É em Cristo que habita em forma corporal, toda plenitude da divindade”. (Cl 2,9).
O completo controle do Espírito Santo é o que produziu sabedoria, entendimento, conhecimento e temor do Senhor na vida de Jesus. Jesus foi um homem que esteve completamente disponível ao Espírito de Deus a cada momento de sua vida terrena: “A sua inspiração está no temor de Yahweh. Ele não julgará pelas aparências, nem dará a sentença só por ouvir. Ele julgará os fracos com justiça, dará sentenças retas aos pobres da terra”. (Is 11,3-4a).
Isaias prevê um reinado utópico para o Messias que se fundará nos sete dons do Espírito Santo que fará surgir uma sociedade alicerçada na justiça, tendo como frutos a paz e a harmonia.
O Salmo responsorial, 72 (71), é uma oração a Yahweh pelo rei de Israel, e vai de encontro com o reinado do Messias profetizado por Isaias: “Que ele governe teu povo com justiça, e teus pobres conforme o direito. [...] Que ele defenda os pobres do povo, salve os filhos do indigente e esmague seus opressores. [...] Que em seus dias floresça a justiça e muita paz até o fim das luas. [...] Que todos os reis se prostrem diante dele, e as nações todas o sirvam. Porque ele liberta o indigente que clama e o pobre que não tem protetor. Ele tem compaixão do fraco e do indigente, e salva a vida dos indigentes. [...] Que seu nome permaneça para sempre, e sua fama dure como o sol. Que ele seja benção para todos os povos, e todas as raças da terra o proclamem feliz. [...] Para sempre seja bendito seu nome glorioso! Que toda a terra se encha de sua glória”. (Sl 72 (71),2.4.7.11.17.19).
Neste segundo domingo do Advento o Evangelho nos apresenta a figura ímpar de João Batista. Lucas abre o seu Evangelho, relatando que João, o Batista, é filho de um casal de idosos que não tivera filhos e já havia passado do tempo para tê-los: o sacerdote Zacarias e sua esposa Izabel (Lc 1,5-7). Fala também do seu nascimento (Lc 1,13) e da importância que João Batista teria para desempenhar a sua tarefa de ser o precursor do Messias (Lc 1,15-18). Tudo isso é anunciado por um anjo, mensageiro de Deus, Gabriel que, mais tarde, também anunciaria à Maria que ela fora eleita para ser a mãe do Filho de Deus (Lc 1,26-38). O anjo Gabriel, na conversa que teve com o sacerdote Zacarias, o pai de João Batista, resumiu qual seria a obra de João: “Ele reconduzirá muitos do povo de Israel ao Senhor seu Deus. Caminhará à frente deles, com o espírito e o poder de Elias, a fim de converter os corações dos pais aos filhos e os rebeldes à sabedoria dos justos, preparando para o Senhor um povo bem disposto”. (Lucas 1,16-17).
Depois do nascimento de João seu pai, o sacerdote Zacarias, confirma a predição do anjo: “E a você, menino, chamarão profeta do Altíssimo, porque irá à frente do Senhor, para preparar-lhe os caminhos, anunciando ao seu povo a salvação, o perdão dos pecados”. (Lc 1,76-77).
Gabriel diz a Zacarias que João seria um nazireu, isto é, um homem consagrado a Deus para lhe pertencer de modo especial, devendo, para isso, abster-se de diversas coisas: “Ele não beberá vinho, nem bebida fermentada...” (Lc 1,15b). O nazireu, também, não podia cortar os cabelos (Jz 13,5; 1Sm 1,11). Para saber mais sobre os votos e recomendações do nazirato leia Números, 6,1-8.
Maria, a mãe de Jesus, depois de haver recebido a visita e a anunciação do anjo Gabriel de que seria a mãe do Messias, ao saber da gravidez de risco de sua parenta Isabel, se colocou a caminho e foi para a região montanhosa, dirigindo-se às pressas, a uma cidade da Judéia, onde morava Isabel. Maria grávida de Jesus e Isabel grávida de João, o que seria o Batista.
Este foi o primeiro encontro de Jesus e João Batista, ainda nos ventres de suas mães, e João é santificado e recebe o Espírito Santo ainda no ventre de sua mãe, reconhece o Messias e o aponta através da exclamação de sua mãe Isabel: “Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança se agitou no seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Com um grande grito exclamou: ‘Você é bendita entre as mulheres, e é bendito o fruto de seu ventre. Como posso merecer que a mãe do meu Senhor venha me visitar? Logo que a sua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança saltou de alegria no meu ventre. Bem-aventurada aquela que acreditou, porque vai acontecer o que o Senhor lhe prometeu”. (Lc 1,41-45). O menino, que seria o Batista, no oitavo dia após o seu nascimento, seguindo a Lei de Moisés, foi circuncidado, recebendo o nome de João (Lc 1,59-63).
A circuncisão era a marca que toda pessoa do sexo masculino e pertencente ao povo israelita trazia no corpo como sinal de pertença ao Deus único e verdadeiro. Sobre a circuncisão leia Gênesis 17,9-14. Jesus também foi circuncidado (Lc 2,21). Ato contínuo à circuncisão de João, seu pai, Zacarias, recuperou a voz que havia perdido e ficado mudo por duvidar da mensagem de Gabriel (Lc 1,18-20), louvou a Deus e anunciou João como o precursor do Messias (Lc 1,67-70) e, cheio do Espírito Santo, recitou uma oração de adoração, profecia e agradecimento que a conhecemos como “Benedictus” (Lc 1,67-79) e que é recitada todos os dias na oração da Igreja, que é a Liturgia das Horas. Lucas faz uma breve referência sobre a infância e adolescência de João (Lc 1,80) e corrobora com a suposição de que João tenha nascido seis meses antes de Jesus (Lc 1,36).
Apesar de seu pai ser sacerdote por ser da tribo de Levi e descendente de Aarão, a tradição evangélica deixa transparente que João não exerceu a função sacerdotal, que era hereditária, mas aparece como pregador de penitência no deserto: “João viveu no deserto até o dia em que se manifestou a Israel.” (Lc 1,80b; 3,1-18).
Segundo Mateus, o Evangelho desta liturgia, João Batista, como anunciara o profeta Isaias, aparece já adulto vivendo e pregando a penitência no deserto da Judéia: “naqueles dias, apareceu João Batista, pregando no deserto da Judéia: ‘Convertam-se, porque o Reino de Deus está próximo”. (Mt 3,1-2). Mateus o identifica com outro grande personagem do Advento: o profeta Isaias que já dissera a respeito dele: “Uma voz grita: abram no deserto um caminho para Yahweh; na região da terra seca, aplainem uma estrada para o nosso Deus. Que todo vale seja aterrado, e todo monte e colina sejam nivelados; que o terreno acidentado se transforme em planície, e as elevações em lugar plano. Então se revelará a glória de Yahweh, e todo o mundo junto a verá, pois assim falou a boca de Yahweh”. (Is 40,3-5; cf Mt 3,3 e Jo 1,23).
Mateus descreve a indumentária primitiva e rústica de João Batista e do que se alimentava: “João usava roupa feita de pelos de camelo, e cinto de couro na cintura; comia gafanhotos e mel silvestre”. (Mt 3,4). Com relação às suas roupas, Mateus o identifica com o profeta Elias, a quem João Batista também é comparado: “Ele, (Elias), estava vestido com roupa de pelos e usava um cinto de couro”. (1Rs 1,8). Mateus, inclusive, coloca na boca de Jesus a afirmativa que o Batista é o mesmo Elias: “E se vocês o quiserem aceitar, João é Elias que devia vir”. (Mt 11,14).
Em outra oportunidade os discípulos perguntam a Jesus sobre a possível volta de Elias e novamente Jesus afirma que Elias já viera na pessoa de João Batista: “Os discípulos de Jesus lhe perguntaram: ‘O que querem dizer os doutores da Lei, quando falam que Elias deve vir antes’? Jesus respondeu: ‘Elias vem para colocar tudo em ordem. Mas eu digo a vocês: Elias já veio e não o reconheceram’. [...] Então os discípulos compreenderam que Jesus falava de João Batista”. (Mt 17,10-12.13). Jesus apresenta João Batista como o maior dentre os profetas: “... e Jesus começou a falar às multidões a respeito de João: ‘O que é que vocês foram ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? O que vocês foram ver? Um homem vestido com roupas finas? Mas aqueles que vestem roupas finas moram em palácios de reis. Então, o que é que vocês foram ver? Um profeta? Eu lhes afirmo que sim: alguém que é mais do que um profeta. É de João que a Escritura diz: ‘Eis que eu envio o meu mensageiro à tua frente; ele vai preparar o teu caminho diante de ti’. Eu garanto a vocês: de todos os homens que já nasceram, nenhum é maior que João Batista”. (Mt 11,7-11).
A mensagem de João no deserto era corajosa e veemente: “Convertam-se, porque o Reino de Deus está próximo”. (Mt 3,2). Aos fariseus, que se julgavam donos da religião, e aos saduceus, pessoas da elite judaica e latifundiários, ambas as classes que exploravam o povo, João dirigiu palavras duras e destemidas: “Raça de cobras venenosas, quem lhes ensinou a fugir da ira que vai chegar? Façam coisas que provem que vocês se converteram. Não pensem que basta dizer: ‘Abraão é nosso pai’. Porque eu lhes digo: até destas pedras Deus pode fazer nascer filhos de Abraão. O machado já está posto na raiz das árvores. E toda árvore que não der bom fruto será cortada e jogada no fogo”. (Mt 3,7-12). Como fazem falta os “João Batista” nos nossos dias...
João Batista também chama a atenção para os atos de caridade e misericórdia e para o cumprimento dos deveres de estado de cada um: “As multidões perguntavam a João: ‘O que é que devemos fazer’? Ele respondia: ‘Quem tiver duas túnicas, dê uma a quem não tem. E quem tiver comida, faça a mesma coisa’. Alguns cobradores de impostos também foram para ser batizados, e perguntaram: ‘Mestre, o que devemos fazer?’ João respondeu: ‘Não cobrem nada além da taxa estabelecida’. Alguns soldados também perguntaram: ‘E nós, o que devemos fazer?’ Ele respondeu: ‘Não maltratem ninguém; não façam acusações falsas, e fiquem contentes com o salário de vocês”. (Lc 3,10-14).
O grande argumento de João era a vinda do Messias; o discurso principal de João era a respeito da vinda do Messias. Esperado com ansiedade por todos os judeus, o Messias era a fonte de todas as esperanças desse povo em restaurar a sua dignidade como nação independente.
Os judeus defendiam a idéia da sua nacionalidade ter iniciado com Abraão, e que esta atingiria o seu ponto culminante com a chegada do Messias. João advertia aos judeus e convertia gentios, e isto tornou-o amado pelo povo e desprezado pelos dirigentes da religião e da política judaica. Por sua austeridade e fidelidade à sua missão, João é confundido com o próprio Messias, mas, imediatamente, retruca: “Eu não sou o Messias, mas fui enviado na frente dele. [...] É preciso que ele cresça e eu diminua” (Jo 3,28.30).
Quando seus discípulos hesitavam, sem saber se continuassem seguindo a João ou passariam a seguir Jesus, João apontava em direção ao único caminho, demonstrando o rumo certo a seguir, exclamando: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. (Jo 1,29) e, a partir daí, dois dos discípulos de João passaram a seguir Jesus e foram os seus dois primeiros apóstolos: João e seu irmão Tiago, que convidaram depois os dois irmãos André e Pedro, que depois convidaram Filipe que convidou Natanael, que foram os primeiros discípulos e depois apóstolos de Jesus (cf Jo 1,35-51), tudo isso partindo de João Batista.
Para deixar claro ao povo de que ele não era o Messias, João revelou toda a sua fé na vinda do Messias e toda a sua humildade ao se declarar indigno até de desamarrar as correias de suas sandálias: “O povo estava esperando o Messias. E todos perguntavam a si mesmos se João não seria o Messias. Por isso, João declarou a todos: ‘Eu batizo vocês com água. Mas vai chegar alguém mais forte que eu. E eu não sou digno  nem sequer de desamarrar a correia das sandálias dele. Ele é quem batizará vocês com o Espírito Santo e com fogo. Ele terá na mão uma pá; vai limpar sua eira, e recolher o trigo no seu celeiro; mas a palha ele vai queimar no fogo que não se apaga”. (Lc 3,15-17).
João não se contentou em chamar a atenção apenas dos fariseus e saduceus. João foi além: repreendeu, também, o rei Herodes que vivia com a mulher de seu irmão e “porque tinha feito muitas outras maldades” (Lc 3,19). Isso custou a liberdade de João porque “Herodes mandou prender João” (Lc 3,20); “De fato, Herodes tinha mandado prender João, amarrá-lo e colocá-lo na prisão. Fez isso por causa de Herodíades, a mulher de seu irmão. Porque João dizia a Herodes: ‘Não é permitido você se casar com ela”. (Mt 14,304), e, mais tarde, custou também a cabeça de João, considerando que Herodes mandou decapitá-lo na prisão (cf Mt 14,3-12). Os discípulos de João trataram do sepultamento do seu corpo e de anunciar a sua morte a Jesus. Hoje em dia os que pregam a mensagem de Jesus e dizem seguí-lo, não imitam João Batista na coragem e na veemência das palavras, porque têm medo de perder a cabeça como aconteceu com o Batista.
Ainda na prisão João procura esclarecer seus discípulos a respeito do Messias e mandou-os perguntar ao próprio Jesus se era ele mesmo o Messias que viria ou deveriam esperar por outro e Jesus lhes dá uma resposta para pensar: “João estava na prisão. Quando ouviu falar das obras do Messias, enviou a ele alguns discípulos, para lhe perguntarem: ‘És tu aquele que há de vir, ou devemos esperar outro’? Jesus respondeu: ‘Voltem e contem a João o que vocês estão ouvindo e vendo: os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, e aos pobres é anunciada a Boa Notícia. E feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim”. (Mt 11,2-6; Lc 7,18-28).
O primeiro encontro de João Batista com Jesus, quando adultos, narrado pelos Evangelhos se deu às margens do rio Jordão, quando Jesus o procurou para ser batizado com o batismo de João.
O batismo de João não é o mesmo que Jesus deixou para os seus apóstolos quando da sua despedida: “Vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que ordenei a vocês”. (Mt 28,19-20). O batismo de João era de conversão dos pecados e não de filiação divina.
Na religião israelita a imersão na água era tida como meio de purificação legal. No caso de João Batista, o batismo era para aqueles que se reconheciam pecadores, se arrependiam de seus pecados e, simbolicamente, eram lavados com água para começar uma vida nova, e podiam ser batizados quantas vezes fossem necessárias. Por outro lado, o batismo deixado por Jesus, o recebemos apenas uma vez. Por isso é que João, a princípio, tentou se negar a batizar Jesus, porque sabia que ele não precisaria desse tipo de batismo: “Mas João procurava impedi-lo, dizendo: ‘Sou eu que devo ser batizado por você, e você vem a mim’? Jesus, porém, lhe respondeu: ‘Por enquanto deixe como está! Porque devemos cumprir toda justiça’. E João concordou”. (Mt 3,14-15).
E João Batista testemunha que o verdadeiro batismo será o deixado por Jesus: “No dia seguinte, João viu Jesus que se aproximava dele. E disse: ‘Eis o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo Este é aquele de quem eu falei: ‘Depois de mim vem um homem que passou na minha frente, porque existia antes de mim’. Eu também não o conhecia. Mas vim batizar com água, a fim de que ele se manifeste a Israel’. E João testemunhou: ‘Eu vi o Espírito descer do céu, como uma pomba, e pousar sobre ele. Eu também não o conhecia. Aquele que me enviou para batizar com água, foi ele quem me disse: ‘Aquele sobre quem você vir o Espírito descer e pousar, esse é quem batiza com o Espírito Santo. Eu vi e dou testemunho que este é o Filho de Deus”. (Jo 1,29-34). João Batista é, com Maria, a mãe de Jesus, o único santo que é celebrado no calendário litúrgico fora do tempo do Advento, não só pelo seu martírio, decapitado que foi por Herodes (cf Mt 14,3-12), cuja festa é celebrada no dia 29 de Agosto, mas também pelo seu nascimento, 24 de Junho.  Entre todos os santos e santas, João Batista é o único do qual a Liturgia celebra o nascimento e sua morte; dos demais celebra apenas o dia da morte. 

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