quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

CARDEAL D. PAULO EVARISTO ARNS MORRE EM SÃO PAULO AOS 95 ANOS

CARDEAL D.  PAULO EVARISTO ARNS MORRE EM SÃO PAULO AOS 95 ANOS

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Arcebispo emérito estava internado com broncopneumonia desde o dia 28 de novembro. Com 50 anos de bispado, teve atuação importante no combate à repressão na ditadura militar.

" Ex Spe in Spem " " De esperança em esperança "
Nesta quarta feira, 14 de dezembro de 2016, voltou para a Casa do Eterno Pai o Eminentissimo Dom Paulo Cardeal Ares, cardeal arcebispo emérito da Arquidiocese de São Paulo.
95 anos de vida, 76 anos de Vida Consagrada como Frei Franciscano, 71 anos de ministerio sacerdotal, 50 anos de Episcopado, 43 anos de Cardinalato.
O Cardeal Dom Paulo foi a grande voz e a grande presença da Igreja no período da ditadura militar, lutou em favor dos pobres e pelos pobres. Sem medo foi um grande Profeta de nossos dias que não exitou em anunciar Jesus Cristo e a denunciar as injustiças cometidas contra seu povo.
A Igreja no Brasil perde um grande homem, perde-se a última das histórias vivas da Igreja no Brasil. Homem de fé que nunca abandonou seu Povo mas sempre se fez presente junto deles nas horas de alegria e principalmente nas horas tristes.
Obrigado Dom Paulo por ter sido a Voz Profética da Igreja do Brasil, receba agora de Deus o prêmio que mereceram vossas obras. Descanse em paz.
Dom Paulo Evaristo Arns estava internado no hospital Santa Catarina em decorrência de uma broncopneumonia. Arns tinha 95 anos.
D. Paulo foi internado no dia 28 de novembro para tratar de problemas pulmonares. Com o passar do dia o estado de saúde piorou e ele teve de ir para a UTI por causa de dificuldades na função renal.

REPERCUSSÃO: Corínhians, religiosos e personalidades lamentam a morte de Dom Paulo Evaristo Arns.
O velório de D. Paulo está sendo realizado na Catedral da Sé, no Centro de São Paulo, e, desde o seu início, deve durar 48 horas. Ele deve ser sepultado na cripta da catedral.
O comunicado da morte de Arns foi feito em nota divulgada pela Arquidiocese de São Paulo. O arcebispo metropolitano, Dom Odilo Scherer, afirmou em nota que Arns “entregou sua vida a Deus, depois de tê-la dedicado generosamente aos irmãos neste mundo”.

Em nota, o arcebispo Dom Odilo Scherer, da Arquidiocede de São Paulo afirmou: "Comunico, com imenso pesar, que no dia 14 de dezembro de 2016 às 11h45, o Cardeal Paulo Evaristo Arns, Arcebispo Emérito de São Paulo, entregou sua vida a Deus, depois de tê-la dedicado generosamente aos irmãos neste mundo.
Louvemos e agradeçamos ao "Altíssimo, onipotente e bom Senhor" pelos 95 anos de vida de Dom Paulo, seus 76 anos de consagração religiosa, 71 anos de sacerdócio ministerial, 50 de episcopado e 43 anos de cardinalato. Glorifiquemos a Deus pelos dons concedidos a Dom Paulo, e que ele soube partilhar com os irmãos. Louvemos a Deus pelo testemunho de vida franciscana de Dom Paulo e pelo seu engajamento corajoso na defesa da dignidade humana e dos direitos inalienáveis de cada pessoa. Agradeçamos a Deus por seu exemplo de Pastor zeloso do povo de Deus e por sua atenção especial aos pequenos, pobres e aflitos. Dom Paulo, agora, se alegre no céu e obtenha o fruto da sua esperança junto de Deus! Convido todos a elevarem preces de louvor e gratidão a Deus e de sufrágio em favor do falecido Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns. Convido também a participarem do velório e dos ritos fúnebres, que serão realizados na Catedral Metropolitana de São Paulo".

Vida
Quinto de 13 filhos de imigrantes alemães, Dom Paulo Evaristo Arns nasceu em 1921 em Forquilhinha, Santa Catarina. Ingressou na Ordem Franciscana em 1939, e iniciou seus trabalhos como líder religioso em Petrópolis, no Rio de Janeiro.
Formou-se em teologia e filosofia em universidades brasileiras. Ordenado sacerdote em 1945, ele foi estudar na Sorbonne, em Paris, onde cursou letras, pedagogia e também defendeu seu doutorado.
Foi bispo e arcebispo de São Paulo entre os anos 60 e 70. Teve uma atuação marcante na Zona Norte da cidade, região em que desenvolveu inúmeros projetos voltados para a população de baixa renda. Em julho deste ano, foi celebrado os 50 anos de sua ordenação episcopal.

Ao longo de sua trajetória, trabalhou como jornalista, professor e escritor, tendo publicado 57 livros. Durante a Ditadura Militar, destacou-se por sua luta política, em defesa dos direitos humanos, contra as torturas e a favor do voto nas Diretas Já.
Ganhou projeção na militância em janeiro de 1971, logo após tornar-se arcebispo de São Paulo, e denunciar a prisão e tortura de dois agentes de pastoral, o padre Giulio Vicini e a assistente social Yara Spadini.
No mesmo ano, apoiou Dom Hélder Câmara e Dom Waldyr Calheiros que estavam sendo pressionados pelo regime militar.

Em 1972 criou a Comissão Justiça e Paz de São Paulo e, como presidente regional da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), liderou a publicação do “Testemunho de paz”, documento com fortes críticas ao regime militar que ganhou ampla repercussão à época.
Presidiu celebrações históricas na Catedral da Sé, no Centro de São Paulo, em memória de vítimas da Ditadura Militar. Dentre eles, do estudante universitário Alexandre Vannucchi Leme, assassinado em 1973, e o ato ecumênico em honra do jornalista Vladimir Herzog, assassinado no DOI-CODI, em São Paulo, em 75.

Atuou contra a invasão da PUC em 1977, em São Paulo, comandada pelo coronel Erasmo Dias, à época secretário de Segurança, e a operação para entregar ao presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, uma lista com os nomes de desaparecidos políticos.
Também teve papel importante em favor das vítimas da ditadura na Argentina, em 1976. O ativista de direitos humanos argentino Adolfo Perez Esquivel, ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 1980, disse que foi "salvo duas vezes" por dom Paulo Evaristo Arns durante a ditadura no Brasil.
Em 1980, acompanhou a primeira visita do papa João Paulo II ao Brasil, em 1980. Em São Paulo, João Paulo II falou no estádio do Morumbi para 200 mil operários.
Em 1983, foi um dos criadores da Pastoral da Criança, com o apoio de sua irmã, Zilda Arns, que morreu no terremoto de 2010 no Haiti, onde realizava trabalhos humanitários.

Em 28 anos de arcebispado, criou 43 paróquias, construiu 1200 centros comunitários, incentivou e apoiou o surgimento de mais de 2000 comunidades eclesiais de base (CEBs) na capital paulista.
Por seus feitos, recebeu inúmeros prêmios e homenagens no Brasil e no exterior. Dentre eles, o Prêmio Nansen do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur), o Prêmio Niwano da Paz (Japão), e o Prêmio Internacional Letelier-Moffitt de Direitos Humanos (EUA), além de 38 títulos de cidadania.
Sua biografia foi relatada em dez livros, sendo o mais recente lançado em outubro deste ano, no Tuca, teatro da PUC, na Zona Oeste de São Paulo, durante uma homenagem pelos 95 anos de Dom Paulo.
Arns organizou o Projeto Brasil: Nunca Mais desenvolvido ao lado do rabino Henry Sobel, Pastor presbiteriano Jaime Wright e equipe, no qual reuniram informações em 707 processos do Superior Tribunal Militar (STM) revelando a extensão da repressão política no Brasil e sistematizada em um livro.
Dom Paulo era corintiano fanático e escreveu o livro "Corintiano Graças a Deus".

Zilda Arns – Irmã de Dom Paulo Evaristo Arns, mártir da caridade.
"Minha irmã morreu na causa em que sempre acreditou", diz dom Paulo Evaristo Arns.
Inspirador da ação humanitária conduzida pela irmã desde 1982, o arcebispo emérito de São Paulo dom Paulo Evaristo Arns afirmou que a coordenadora e fundadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns, vítima do terremoto que abalou o Haiti, "morreu de uma maneira muito bonita, na causa em que sempre acreditou".
A médica pediatra de 75 anos de idade palestrava por países da América Central e do Caribe durante o incidente. Dom Paulo foi avisado da morte da irmã pelo chefe de Gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho. Mais cedo, ele rezou uma missa pelas vítimas no Haiti, que, segundo estimativas, podem chegar aos milhares.
Em nota, a Coordenação Nacional da Pastoral da Criança escreveu que Zilda estava "participando da Conferência dos Religiosos daqueles país e também para motivar os líderes e voluntários da Pastoral da Criança no Haiti que trabalham com crianças, gestantes e famílias". A entidade informou também que o senador Flávio Arns (PSDB-PR), sobrinho de Zilda, está a caminho do Haiti junto do ministro da Defesa, Nelson Jobim. 
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou "absolutamente chocado" com a morte de Zilda, de acordo com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. "Ele (Lula) lamentou muito. Zilda é uma pessoa de grande projeção no país", disse o chanceler, que se reuniu com o presidente e o ministro da Defesa, Nelson Jobim, para definir medidas para socorrer brasileiros no Haiti. 
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), afirmou que a morte da coordenadora nacional da Pastoral da Criança, Zilda Arns, foi uma das perdas "mais expressivas" do país. "Ela era um exemplo extraordinário de dedicação às crianças, aos pobres e às causas sociais. Era uma referência", afirmou.
O presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP), divulgou nota em que classifica Zilda de "sinônimo de doação, em sua luta pelos mais carentes, no combate diuturno à mortalidade infantil e na busca pela melhoria da vida do povo". Para ele, a morte da médica deixa "milhões de órfãos" no Brasil, "não só os integrantes de sua família, mas também os muitos filhos adotados por ela na Pastoral da Criança e na Pastoral do Idoso".
Segundo Temer, Zilda Arns tornou-se "sinônimo de doação, em sua luta pelos mais carentes, no combate diuturno à mortalidade infantil e na busca pela melhoria da vida do povo". O presidente da Câmara diz ainda, na nota, que o amor da médica brasileira ao próximo "não tinha fronteiras" e que "o Brasil lamenta essa perda irreparável".
O governador do Paraná, Roberto Requião, declarou luto oficial por três dias. Foi em seu Estado que Zilda iniciou os trabalhos da Pastoral da Criança, em 1983. "Morreu no Haiti minha amiga Zilda Arns. Grande perda para o Brasil e dor para os amigos", escreveu ele no microblog Twitter.
O prefeito de Curitiba, Beto Richa, também usou o microblog para se manifestar. Ele está em viagem ao exterior. "Recebo ligação do Brasil sobre morte de Zilda Arns. Não existe sensação de perda maior. A humanidade perde com a ausência dela", escreveu ele sobre a médica três vezes indicada ao Prêmio Nobel pelo Brasil.
Ligado à Pastoral da Criança, o senador Tião Viana (PT-AC) escreveu: "a doutora Zilda Arns perde a vida ao lado dos pobres do mundo. Milhões de pastorais choram". Estimativas da entidade apontam que mais de dois milhões de crianças foram beneficiadas pelo trabalho da médica. "Desfrutei com a doutora Zilda especiais encontros sobre a vida, sobre fraternidade, sobre valores humanos. Respeito eterno."
O corpo de Zilda foi trazido do Haiti em avião da Força Aérea Brasileira (FAB). O velório e enterro foi em Curitiba, onde moram os quatro filhos da médica. 

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