II DOMINGO DO ADVENTO
Ano: A; – Cor: roxo; Leituras Is 11,1-10; Sl 71 (72); Rm 15,4-9; Mt
3,1-12.
“ESTA É A VOZ DAQUELE QUE GRITA NO DESERTO...” (Mt 3,3).
Diácono
Milton Restivo
A primeira leitura desta
liturgia nos traz o profeta Isaias, que é conhecido como o mais messiânico
profeta do Antigo Testamento, isto é, o que mais profetizou sobre a vinda do
Messias, como vimos na meditação da semana passada. Isaias é o profeta de
grande reverência a Yahweh e que transmite temor constante, chamando Yahweh de “O Santo de Israel”, termo repetido isso
por vinte e cinco vezes no decorrer de seus escritos. Isaias foi um adorador de
Yahweh por excelência.
Nesta leitura Isaias
profetiza que o Messias seria descendente de Davi sobre o qual repousaria o
Espírito do Senhor e delineia quais seriam os dons que receberia: “Do tronco de Jessé (pai do rei Davi) sairá um ramo, um broto nascerá de suas
raízes. Sobre ele pousará o espírito de Yahweh: espírito de sabedoria e
inteligência, espírito de conselho e fortaleza, espírito de conhecimento e
temor de Yahweh. A sua inspiração estará no temor de Yahweh”. (Is 11,1-3).
Existe apenas um
personagem chamado Jessé nas Sagradas Escrituras, e esse é o pai do pastor Davi
que, mais tarde, seria ungido rei de Israel pelo profeta Samuel (1Sm 16,11-13).
O profeta Isaias, nesta
profecia, não cita o rei Davi como ancestral do Messias, mas vai além, além até
do tronco, vai às raízes: “um broto
nascerá de suas raízes”, isso para dizer que o Messias já existia antes de
Jessé e de Davi, embora fosse o Messias da linhagem de Davi.
Na profecia citada na
liturgia de hoje, Isaias é de uma perspicácia imbatível e relata a força que o
Messias receberá e o equipamento que usará para reverter a situação de
injustiça reinante na humanidade: “Sobre
ele pousará o espírito de Yahweh: espírito de sabedoria e inteligência,
espírito de conselho e fortaleza, espírito de conhecimento e temor de Yahweh. A
sua inspiração estará no temor de Yahweh”. (Is 11,2-3). Deixa claro que o
Messias que há de vir estará repleto dos dons do Espírito Santo e não cumprirá
a vontade de Deus por meios e iniciativas humanas: sobre ele repousará o
espírito de Yahweh.
O Messias estará
totalmente sob a proteção e a direção do Espírito Santo com todos os seus dons:
“... espírito de sabedoria e
inteligência, espírito de conselho e fortaleza, espírito de conhecimento e
temor de Yahweh”. E não somente isso, porque “a sua inspiração estará no temor de Yahweh”, e isso está
confirmado no que Isaias já havia dito quando prenunciou o nascimento do
Messias: “Porque nasceu para nós um
menino; um filho nos foi dado: sobre o seu ombro está o manto real, e ele se
chama ‘Conselheiro Maravilhoso’, ‘Deus forte’, ‘Pai para sempre’, Príncipe da
Paz’. Grande será o seu domínio e a paz não terá fim sobre o trono de Davi e
seu reino firmado e reforçado com o direito e a justiça, desde agora e para
sempre. O zelo de Yahweh dos Exércitos é quem realizará isso”. (Is 9,5-6),
e Paulo ratifica isso: “É em Cristo que
habita em forma corporal, toda plenitude da divindade”. (Cl 2,9).
O completo
controle do Espírito Santo é o que produziu sabedoria, entendimento,
conhecimento e temor do Senhor na vida de Jesus. Jesus foi um homem que esteve
completamente disponível ao Espírito de Deus a cada momento de sua vida terrena:
“A sua inspiração está no temor de
Yahweh. Ele não julgará pelas aparências, nem dará a sentença só por ouvir. Ele
julgará os fracos com justiça, dará sentenças retas aos pobres da terra”. (Is
11,3-4a).
Isaias prevê um
reinado utópico para o Messias que se fundará nos sete dons do Espírito Santo
que fará surgir uma sociedade alicerçada na justiça, tendo como frutos a paz e
a harmonia.
O Salmo
responsorial, 72 (71), é uma oração a Yahweh pelo rei de Israel, e vai de
encontro com o reinado do Messias profetizado por Isaias: “Que ele governe teu povo com justiça, e teus pobres conforme o
direito. [...] Que ele defenda os
pobres do povo, salve os filhos do indigente e esmague seus opressores. [...]
Que em seus dias floresça a justiça e
muita paz até o fim das luas. [...] Que
todos os reis se prostrem diante dele, e as nações todas o sirvam. Porque ele
liberta o indigente que clama e o pobre que não tem protetor. Ele tem compaixão
do fraco e do indigente, e salva a vida dos indigentes. [...] Que seu nome permaneça para sempre, e sua
fama dure como o sol. Que ele seja benção para todos os povos, e todas as raças
da terra o proclamem feliz. [...] Para
sempre seja bendito seu nome glorioso! Que toda a terra se encha de sua
glória”. (Sl 72 (71),2.4.7.11.17.19).
Neste segundo
domingo do Advento o Evangelho nos apresenta a figura ímpar de João Batista.
Lucas abre o seu Evangelho, relatando que João, o Batista, é filho de um casal
de idosos que não tivera filhos e já havia passado do tempo para tê-los: o
sacerdote Zacarias e sua esposa Izabel (Lc 1,5-7). Fala também do seu
nascimento (Lc 1,13) e da importância que João Batista teria para desempenhar a
sua tarefa de ser o precursor do Messias (Lc 1,15-18). Tudo isso é anunciado
por um anjo, mensageiro de Deus, Gabriel que, mais tarde, também anunciaria à
Maria que ela fora eleita para ser a mãe do Filho de Deus (Lc 1,26-38). O anjo Gabriel, na conversa que teve com o
sacerdote Zacarias, o pai de João Batista, resumiu qual seria a obra de
João: “Ele reconduzirá muitos do
povo de Israel ao Senhor seu Deus. Caminhará à frente deles, com o espírito e o
poder de Elias, a fim de converter os corações dos pais aos filhos e os
rebeldes à sabedoria dos justos, preparando para o Senhor um povo bem
disposto”. (Lucas 1,16-17).
Depois do nascimento de João seu pai, o
sacerdote Zacarias, confirma a predição do anjo: “E a você, menino, chamarão profeta do Altíssimo, porque irá à frente
do Senhor, para preparar-lhe os caminhos, anunciando ao seu povo a salvação, o
perdão dos pecados”. (Lc 1,76-77).
Gabriel diz a
Zacarias que João seria um nazireu, isto é, um homem consagrado a Deus para lhe
pertencer de modo especial, devendo, para isso, abster-se de diversas coisas: “Ele não beberá vinho, nem bebida
fermentada...” (Lc 1,15b). O nazireu, também, não podia cortar os cabelos
(Jz 13,5; 1Sm 1,11). Para saber mais sobre os votos e recomendações do nazirato
leia Números, 6,1-8.
Maria, a mãe de
Jesus, depois de haver recebido a visita e a anunciação do anjo Gabriel de que
seria a mãe do Messias, ao saber da gravidez de risco de sua parenta Isabel, se
colocou a caminho e foi para a região montanhosa, dirigindo-se às pressas, a
uma cidade da Judéia, onde morava Isabel. Maria grávida de Jesus e Isabel
grávida de João, o que seria o Batista.
Este foi o
primeiro encontro de Jesus e João Batista, ainda nos ventres de suas mães, e
João é santificado e recebe o Espírito Santo ainda no ventre de sua mãe,
reconhece o Messias e o aponta através da exclamação de sua mãe Isabel: “Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a
criança se agitou no seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Com um
grande grito exclamou: ‘Você é bendita entre as mulheres, e é bendito o fruto
de seu ventre. Como posso merecer que a mãe do meu Senhor venha me visitar? Logo
que a sua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança saltou de alegria no meu
ventre. Bem-aventurada aquela que acreditou, porque vai acontecer o que o
Senhor lhe prometeu”. (Lc 1,41-45). O menino, que seria o Batista, no
oitavo dia após o seu nascimento, seguindo a Lei de Moisés, foi circuncidado,
recebendo o nome de João (Lc 1,59-63).
A circuncisão
era a marca que toda pessoa do sexo masculino e pertencente ao povo israelita
trazia no corpo como sinal de pertença ao Deus único e verdadeiro. Sobre a circuncisão
leia Gênesis 17,9-14. Jesus também foi circuncidado (Lc 2,21). Ato contínuo à
circuncisão de João, seu pai, Zacarias, recuperou a voz que havia perdido e
ficado mudo por duvidar da mensagem de Gabriel (Lc 1,18-20), louvou a Deus e
anunciou João como o precursor do Messias (Lc 1,67-70) e, cheio do Espírito
Santo, recitou uma oração de adoração, profecia e agradecimento que a
conhecemos como “Benedictus” (Lc 1,67-79) e que é recitada todos os dias na
oração da Igreja, que é a Liturgia das Horas. Lucas faz uma breve referência
sobre a infância e adolescência de João (Lc 1,80) e corrobora com a suposição
de que João tenha nascido seis meses antes de Jesus (Lc 1,36).
Apesar de seu
pai ser sacerdote por ser da tribo de Levi e descendente de Aarão, a tradição
evangélica deixa transparente que João não exerceu a função sacerdotal, que era
hereditária, mas aparece como pregador de penitência no deserto: “João viveu no deserto até o dia em que se
manifestou a Israel.” (Lc 1,80b; 3,1-18).
Segundo Mateus,
o Evangelho desta liturgia, João Batista, como anunciara o profeta Isaias,
aparece já adulto vivendo e pregando a penitência no deserto da Judéia: “naqueles dias, apareceu João Batista,
pregando no deserto da Judéia: ‘Convertam-se, porque o Reino de Deus está próximo”.
(Mt 3,1-2). Mateus o identifica com outro grande personagem do Advento: o
profeta Isaias que já dissera a respeito dele: “Uma voz grita: abram no deserto um caminho para Yahweh; na região da
terra seca, aplainem uma estrada para o nosso Deus. Que todo vale seja
aterrado, e todo monte e colina sejam nivelados; que o terreno acidentado se
transforme em planície, e as elevações em lugar plano. Então se revelará a
glória de Yahweh, e todo o mundo junto a verá, pois assim falou a boca de
Yahweh”. (Is 40,3-5; cf Mt 3,3 e Jo 1,23).
Mateus descreve
a indumentária primitiva e rústica de João Batista e do que se alimentava: “João usava roupa feita de pelos de camelo,
e cinto de couro na cintura; comia gafanhotos e mel silvestre”. (Mt 3,4).
Com relação às suas roupas, Mateus o identifica com o profeta Elias, a quem
João Batista também é comparado: “Ele, (Elias),
estava vestido com roupa de pelos e usava
um cinto de couro”. (1Rs 1,8). Mateus, inclusive, coloca na boca de Jesus a
afirmativa que o Batista é o mesmo Elias: “E
se vocês o quiserem aceitar, João é Elias que devia vir”. (Mt 11,14).
Em outra
oportunidade os discípulos perguntam a Jesus sobre a possível volta de Elias e
novamente Jesus afirma que Elias já viera na pessoa de João Batista: “Os discípulos de Jesus lhe perguntaram: ‘O
que querem dizer os doutores da Lei, quando falam que Elias deve vir antes’?
Jesus respondeu: ‘Elias vem para colocar tudo em ordem. Mas eu digo a
vocês: Elias já veio e não o reconheceram’. [...] Então os discípulos compreenderam que Jesus falava de João Batista”. (Mt
17,10-12.13). Jesus apresenta João Batista como o maior dentre os profetas: “... e Jesus começou a falar às multidões a
respeito de João: ‘O que é que vocês foram ver no deserto? Um caniço agitado
pelo vento? O que vocês foram ver? Um homem vestido com roupas finas? Mas
aqueles que vestem roupas finas moram em palácios de reis. Então, o que é que
vocês foram ver? Um profeta? Eu lhes afirmo que sim: alguém que é mais do que
um profeta. É de João que a Escritura diz: ‘Eis que eu envio o meu mensageiro à
tua frente; ele vai preparar o teu caminho diante de ti’. Eu garanto a vocês:
de todos os homens que já nasceram, nenhum é maior que João Batista”. (Mt
11,7-11).
A mensagem de
João no deserto era corajosa e veemente: “Convertam-se,
porque o Reino de Deus está próximo”. (Mt 3,2). Aos fariseus, que se
julgavam donos da religião, e aos saduceus, pessoas da elite judaica e
latifundiários, ambas as classes que exploravam o povo, João dirigiu palavras
duras e destemidas: “Raça de cobras
venenosas, quem lhes ensinou a fugir da ira que vai chegar? Façam coisas que
provem que vocês se converteram. Não pensem que basta dizer: ‘Abraão é nosso
pai’. Porque eu lhes digo: até destas pedras Deus pode fazer nascer filhos de
Abraão. O machado já está posto na raiz das árvores. E toda árvore que não der
bom fruto será cortada e jogada no fogo”. (Mt 3,7-12). Como fazem falta os
“João Batista” nos nossos dias...
João Batista
também chama a atenção para os atos de caridade e misericórdia e para o
cumprimento dos deveres de estado de cada um: “As multidões perguntavam a João: ‘O que é que devemos fazer’? Ele
respondia: ‘Quem tiver duas túnicas, dê uma a quem não tem. E quem tiver
comida, faça a mesma coisa’. Alguns cobradores de impostos também foram para
ser batizados, e perguntaram: ‘Mestre, o que devemos fazer?’ João respondeu:
‘Não cobrem nada além da taxa estabelecida’. Alguns soldados também
perguntaram: ‘E nós, o que devemos fazer?’ Ele respondeu: ‘Não maltratem
ninguém; não façam acusações falsas, e fiquem contentes com o salário de
vocês”. (Lc 3,10-14).
O grande
argumento de João era a vinda do Messias; o discurso principal de João era a
respeito da vinda do Messias. Esperado com ansiedade por todos os judeus, o
Messias era a fonte de todas as esperanças desse povo em restaurar a sua
dignidade como nação independente.
Os judeus
defendiam a idéia da sua nacionalidade ter iniciado com Abraão, e que esta
atingiria o seu ponto culminante com a chegada do Messias. João advertia aos
judeus e convertia gentios, e isto tornou-o amado pelo povo e desprezado pelos
dirigentes da religião e da política judaica. Por sua austeridade e fidelidade à sua missão, João é confundido com o
próprio Messias, mas, imediatamente, retruca: “Eu não sou o Messias, mas fui enviado na frente dele. [...] É preciso que ele cresça e eu diminua”
(Jo 3,28.30).
Quando seus discípulos hesitavam, sem saber
se continuassem seguindo a João ou passariam a seguir Jesus, João apontava em
direção ao único caminho, demonstrando o rumo certo a seguir, exclamando: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado
do mundo”. (Jo 1,29) e, a partir daí, dois dos discípulos de João passaram
a seguir Jesus e foram os seus dois primeiros apóstolos: João e seu irmão
Tiago, que convidaram depois os dois irmãos André e Pedro, que depois
convidaram Filipe que convidou Natanael, que foram os primeiros discípulos e
depois apóstolos de Jesus (cf Jo 1,35-51), tudo isso partindo de João Batista.
Para deixar
claro ao povo de que ele não era o Messias, João revelou toda a sua fé na vinda
do Messias e toda a sua humildade ao se declarar indigno até de desamarrar as
correias de suas sandálias: “O povo
estava esperando o Messias. E todos perguntavam a si mesmos se João não seria o
Messias. Por isso, João declarou a todos: ‘Eu batizo vocês com água. Mas vai
chegar alguém mais forte que eu. E eu não sou digno nem sequer de desamarrar a correia das
sandálias dele. Ele é quem batizará vocês com o Espírito Santo e com fogo. Ele
terá na mão uma pá; vai limpar sua eira, e recolher o trigo no seu celeiro; mas
a palha ele vai queimar no fogo que não se apaga”. (Lc 3,15-17).
João não se
contentou em chamar a atenção apenas dos fariseus e saduceus. João foi além:
repreendeu, também, o rei Herodes que vivia com a mulher de seu irmão e “porque tinha feito muitas outras maldades” (Lc
3,19). Isso custou a liberdade de João porque “Herodes mandou prender João” (Lc 3,20); “De fato, Herodes tinha mandado prender João, amarrá-lo e colocá-lo na
prisão. Fez isso por causa de Herodíades, a mulher de seu irmão. Porque João
dizia a Herodes: ‘Não é permitido você se casar com ela”. (Mt 14,304), e,
mais tarde, custou também a cabeça de João, considerando que Herodes mandou
decapitá-lo na prisão (cf Mt 14,3-12). Os discípulos de João trataram do
sepultamento do seu corpo e de anunciar a sua morte a Jesus. Hoje em dia os que
pregam a mensagem de Jesus e dizem seguí-lo, não imitam João Batista na coragem
e na veemência das palavras, porque têm medo de perder a cabeça como aconteceu
com o Batista.
Ainda na prisão
João procura esclarecer seus discípulos a respeito do Messias e mandou-os
perguntar ao próprio Jesus se era ele mesmo o Messias que viria ou deveriam
esperar por outro e Jesus lhes dá uma resposta para pensar: “João estava na prisão. Quando ouviu falar
das obras do Messias, enviou a ele alguns discípulos, para lhe perguntarem: ‘És
tu aquele que há de vir, ou devemos esperar outro’? Jesus respondeu: ‘Voltem e
contem a João o que vocês estão ouvindo e vendo: os cegos recuperam a vista, os
paralíticos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos
ressuscitam, e aos pobres é anunciada a Boa Notícia. E feliz aquele que não se
escandaliza por causa de mim”. (Mt 11,2-6; Lc 7,18-28).
O primeiro
encontro de João Batista com Jesus, quando adultos, narrado pelos Evangelhos se
deu às margens do rio Jordão, quando Jesus o procurou para ser batizado com o
batismo de João.
O batismo de
João não é o mesmo que Jesus deixou para os seus apóstolos quando da sua
despedida: “Vão e façam com que todos os
povos se tornem meus discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do
Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que ordenei a vocês”. (Mt
28,19-20). O batismo de João era de conversão dos pecados e não de filiação
divina.
Na religião
israelita a imersão na água era tida como meio de purificação legal. No caso de
João Batista, o batismo era para aqueles que se reconheciam pecadores, se
arrependiam de seus pecados e, simbolicamente, eram lavados com água para
começar uma vida nova, e podiam ser batizados quantas vezes fossem necessárias.
Por outro lado, o batismo deixado por Jesus, o recebemos apenas uma vez. Por
isso é que João, a princípio, tentou se negar a batizar Jesus, porque sabia que
ele não precisaria desse tipo de batismo: “Mas
João procurava impedi-lo, dizendo: ‘Sou eu que devo ser batizado por você, e
você vem a mim’? Jesus, porém, lhe respondeu: ‘Por enquanto deixe como está!
Porque devemos cumprir toda justiça’. E João concordou”. (Mt 3,14-15).
E João Batista
testemunha que o verdadeiro batismo será o deixado por Jesus: “No dia seguinte, João viu Jesus que se
aproximava dele. E disse: ‘Eis o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do
mundo Este é aquele de quem eu falei: ‘Depois de mim vem um homem que passou na
minha frente, porque existia antes de mim’. Eu também não o conhecia. Mas vim
batizar com água, a fim de que ele se manifeste a Israel’. E João testemunhou:
‘Eu vi o Espírito descer do céu, como uma pomba, e pousar sobre ele. Eu também
não o conhecia. Aquele que me enviou para batizar com água, foi ele quem me
disse: ‘Aquele sobre quem você vir o Espírito descer e pousar, esse é quem
batiza com o Espírito Santo. Eu vi e dou testemunho que este é o Filho de
Deus”. (Jo 1,29-34). João Batista é, com Maria, a mãe de Jesus, o único
santo que é celebrado no calendário litúrgico fora do tempo do Advento, não só pelo
seu martírio, decapitado que foi por Herodes (cf Mt 14,3-12), cuja festa é
celebrada no dia 29 de Agosto, mas também pelo seu nascimento, 24 de Junho. Entre todos os santos e santas, João Batista
é o único do qual a Liturgia celebra o nascimento e sua morte; dos demais
celebra apenas o dia da morte.
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