06 DE JUNHO
MARIA E OS POBRES
DE DEUS.
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É muito
comum a gente ouvir dizer: “pobre não tem vez.” E as Sagradas
Escrituras nos dizem: “O rico comete uma
injustiça e toma ares de importante; o pobre sofre uma injustiça e ainda pede
desculpas.” (Eclo 13, 4). De
fato, os pobres nunca tiveram vez, apesar das promessas dos grandes e
poderosos. E, nas Sagradas Escrituras, já no fim do Antigo Testamento, próximo
da chegada de Jesus Cristo, os fariseus encheram a medida.
Os ricos
tinham tirado todo dinheiro dos pobres. Os poderosos tiraram do povo o
dinheiro, o poder e a participação. Os fariseus, os chamados doutores da lei,
acabaram de completar o roubo e tiraram dos pobres também o saber: os fariseus
diziam que somente eles é quem sabiam tudo e os pobres eram uns ignorantes que
deveriam seguir os seus ensinamentos.
Os fariseus
diziam que o povo pobre não sabia de nada, diziam que o povo pobre, além de
ignorante, era maldito. (cf Jo 7, 49 e 9, 34). Só
eles, os fariseus, os ricos, é quem podiam saber das coisas. De tanto ouvir essas coisas,
o povo pobre acabou acreditando no que diziam
os doutores da lei e achava que era ignorante mesmo.
Assim, um
número bem grande de gente, grande maioria do povo, ficou sem voz e sem vez.
Por isso, já, antes de Jesus Cristo, os pobres foram perdendo por completo a fé
nas palavras e nas promessas dos homens, dos grandes, dos poderosos.
O povo dizia:
“Não adianta confiar nos grandes, nos
poderosos, no homem que não pode salvar ninguém.” (Sl 145, 3). O único
apoio que sobrava e sobra para os pobres são as palavras e as promessas de
Deus. E isso até hoje, nos nossos dias.
Ora, quando
Deus, finalmente, começou a realizar as suas promessas, Deus não escolheu os
ricos, nem os poderosos, nem os sábios, nem aqueles que se julgavam por demais
inteligentes, mas, Deus escolheu pessoas do meio deste povo humilde e pobre
para poder realizar com essas pessoas o seu plano de salvação. Será que os
pobres sabem disso? Será que os pobres estão assumindo a sua missão?
Maria e José e
a maior parte dos apóstolos pertenciam a esses pobres de Deus. O próprio Jesus
Cristo cresceu e se formou no meio dos pobres e participou de todo desprezo com
que os ricos, os poderosos, os grandes, os sábios tratavam o povo pobre e
humilde, e tratam até hoje.
E quando
chegou o tempo de proclamar a boa noa, Jesus grita aos quatro ventos: “Felizes de vocês, pobres, porque o reino de
Deus é de vocês.” (Lc, 6, 20).
E um dos
sinais de que havia chegado o Reino de Deus era o anúncio da Boa Nova aos
pobres (cf Mt 11, 5). Feliz daquele que não se escandaliza com esse jeito de
Deus (cf Mt 11, 6). No plano de Deus os pobres tem voz e tem vez.
Deus está com
os pobres. Maria é do povo pobre. Maria era pobre, nasceu pobre, viveu pobre.
Maria é do
povo pobre, não como quem desce do alto do trono para dar uma ajuda ou esmola
aos pobres coitados lá embaixo. Maria
era do povo porque vivia a mesma vida de todos. Maria não era rica e nem
poderosa (cf Lc 1, 52-53); Maria era pobre, casada com um rapaz pobre, José. Maria tinha um
filho pobre, Jesus, que não tinha onde reclinar a sua cabeça (cf Lc 9, 58).
Para pobres como José e Maria não havia lugar nos hotéis e estalagens da cidade
e só sobravam os abrigos dos animais, as grutas e os barracos, e, nos nossos
dias, as favelas (cf Lc 2, 17).
Maria escolheu
os pobres para ficarem do seu lado e Maria sempre esteve junto dos pobres.
O cântico que
Maria fez na casa de Isabel mostra muito bem o lado que Maria escolheu para ficar:
Maria escolheu ficar do lado dos humildes (Lc 1, 52), dos que passam fome (Lc
1, 53), e dos que temem a Deus (Lc 1, 50).
Além disso,
Maria se distanciou claramente dos orgulhosos (Lc 1, 51) e dos ricos (Lc 1,
53). Para Maria, ser do povo de Deus,
significava viver uma vida pobre e assumir a causa dos pobres, que é a causa da
justiça e da libertação.
Tudo isso pode
chocar os ricos e aos poderosos que gostam de se esconder atrás da devoção que o povo pobre e os humildes tem por Maria. Leia, meu caro irmão, o cântico de Maria no Evangelho
de Lucas, no capítulo primeiro e versículos de 46 em diante, onde ela diz: “A minha alma engrandece ao Senhor, e
exulta o meu espírito em Deus meu Salvador, porque ele olhou para a humildade
de sua serva, e, de hoje em diante, todas as gerações me chamarão
bem-aventurada, porque o Todo Poderoso fez em mim grandes coisas, e santo é o
seu nome. Sua misericórdia vai
de geração em geração sobre todos aqueles que o temem. Ostentou o poder de seu braço e dispersou os que se
orgulham com os pensamentos do seu coração. Derrubou os poderosos de seus
tronos e exaltou os humildes. Encheu de bens os famintos e despediu os ricos de
mãos vazias. (Lc 1, 446-53).
(do livro “Maria, a mãe de
Jesus”, de Carlos Mesters).
São
comemorados também neste dia: São Nicolau, Santo Abraão de Cratia (bispo), São Apolinário de
Trieste (mártir), Santa Asela de Roma (virgem), Santa Bassa de Jerusalém
(abadessa). São Pedro Pascácio, Santa Leôncia.
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