sexta-feira, 12 de outubro de 2018

NOSSA SENHORA APARECIDA – PADROEIRA DO BRASIL

NOSSA SENHORA APARECIDA – PADROEIRA DO BRASIL

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Diz o Evangelho que no décimo quinto ano do seu reinado, o imperador romano César Augusto, promulgou um decreto determinando o recenseamento de todos os povos que estavam sob seu domínio. E todas as pessoas a serem recenseadas deveriam se dirigir à sua cidade de origem; foi esse o motivo pelo qual Maria e José foram até Belém, onde, naqueles dias, nasceu Jesus. (Lc 2).
Séculos mais tarde, no ano de 1.717, na época da escravidão aqui no Brasil, quando a raça negra via vilipendiada a sua dignidade humana, o conde de Assumar iria fazer uma visita à cidade de Guaratinguetá, e, por isso, a Câmara Municipal da cidade baixou uma ordem para que todos os pescadores da região saíssem para pescar os melhores e mais vistosos peixes do rio Paraíba para que se fizesse um banquete para aquele ilustre visitante.
Na região de um bairro, que hoje é Aparecida do Norte, mas que na época se chamava Morro dos Coqueiros, moravam alguns pescadores, entre eles Domingos Garcia, João Alves e Felipe Pedroso. Seguindo aquela ordem da Câmara, os três pescadores também saíram para pescar rio acima. E pescaram durante horas e horas, e nada conseguiram.
Por fim, ao chegarem a uma curva do rio, chamada Itaguaçu, lançaram a rede e, ao puxarem a rede, tiraram das águas uma imagem de Nossa Senhora que se enroscou nas malhas da rede, mas, essa imagem estava sem a cabeça, era somente o corpo.

Que valor teria para eles uma imagem quebrada, somente o corpo, sem a cabeça?
Claro que nenhum. Mesmo assim eles colocaram aquela imagem no fundo da canoa e continuaram a lançar a rede, continuaram a pescaria. Logo em seguida, ao puxarem as redes, notaram que  estava enroscada em uma malha a cabeça da imagem, e viram que se encaixava direitinho no corpo. A partir daí, cada vez que lançavam a rede maior era o número dos peixes que retiravam do rio, motivo pelo qual os pescadores deram por encerrada a pescaria, e voltaram para suas casas com grande quantidade de grandes peixes.
Como Deus é grande e sábio na realização de seus planos divinos!
Uma ordem do imperador romano foi o meio escolhido para mostrar o Redentor recém-nascido ao mundo; uma ordem dada aos pescadores de uma região pobre do Vale do Paraíba, foi o  meio de que Deus se serviu para nos dar essa imagem de Nossa Senhora, que, ao correr dos tempos, sob o nome de “Aparecida”, iria ganhar o coração do nosso povo.
Quem poderia pensar que aquela imagem tão simples, colhida nas águas do rio, fosse atrair para junto de si milhões e milhões de peregrinos de todos os pontos do Brasil? Precisamos reconhecer que não é a imagem que atrai, mas Aquela que a imagem representa: é a Mãe de Deus quem exerce sobre todos nós essa força de atração.
Na época em que essa imagem foi achada no rio Paraíba por três pescadores, o Brasil passava por momentos difíceis, o povo pobre e humilde era explorado e humilhado, e no Brasil havia ainda a escravidão: pobres irmãos negros, trazidos à força de sua terra natal, a África, e eram obrigados a trabalhar de graça e na base da violência, do chicote e da humilhação. E Maria, a mãe de Deus, vem em socorro a esse povo pobre e oprimido, e através de sua imagem, se identifica a esse povo escravizado tendo a pele negra.
A imagem original, aquela imagem que foi achada pelos pescadores não tinha mantos e nem coroas, mas, na realidade, era e é uma imagem que aparentava e aparenta pele escura, como a dos escravos, é, portanto, a imagem de uma mulher negra, vestida com um vestido simples como uma camisola, como se vestiam as escravas daquele tempo.
Mas, infelizmente, mais uma vez deturpamos a humildade de Maria, e os ricos e poderosos colocaram na cabeça daquela Senhora, que quis se identificar como escrava e gente do povo pobre e simples, uma coroa de ouro, e sobre seus ombros um manto de veludo azul, tentando encubrir a humildade de Maria nas suas vestes pobres e simples, como se isso fosse aumentar a dignidade da Mãe de Deus.
Mas, continuando na história dos três pescadores, Felipe Pedroso, um dos pescadores, deixou a sua canoa na beira do rio e levou aquela imagem (que ainda não tinha manto e coroa) achada no rio para a sua casa que não passava de uma choupana de taipas, um pobre e humilde rancho, perto do Morro dos Coqueiros, e, com alguns paus e pedaços de tábua, fez um altarzinho, onde colocou a imagem que encontraram no rio.
Toda essa simplicidade e pobreza parecem que nos chegam daquela estrebaria onde nasceu o Salvador do mundo. Foi assim, também, que a Virgem quis aparecer entre nós: o primeiro trono daquela imagem encontrada no rio foi num altarzinho feito, talvez, com pedaços de bambu; seus primeiros devotos, meia dúzia de pobres e ignorantes.
E qual foi o seu primeiro  pregador? Foi aquele caboclo simples, que vivia pescando no rio. Foi, certamente, devido à sua fé e devoção a Nossa Senhora que aquele pescador levou para sua casa aquela pequena imagem que colhera no rio.
E não a guardou só para si, e nem a escondeu, mas, na sua pobreza, construiu, como pode, um altarzinho para a Virgem, aparecida na sua rede. E fez mais do que isso: começou a convidar a vizinhança para, todas às tardes, rezar o terço diante de Nossa Senhora.
Mas, que nome dariam àquela imagem? Nossa Senhora do que? E aquele povo pobre, simples e humilde, quando se referia àquela imagem, dizia: “vamos ver a imagem que apareceu no rio. Vamos rezar o terço diante da imagem aparecida no rio”, e, a partir daí, começaram a chamar aquela imagem de Nossa Senhora Aparecida no rio, e finalmente de Nossa Senhora Aparecida, como a conhecemos hoje.
Que espetáculo não seria aquele! A pobreza da choupana, a simplicidade do altar, a humildade das pessoas e a singeleza daquela imagem (ainda sem manto e coroa), anunciando aquela que, mais tarde seria aclamada pelo povo simples e humilde a Rainha e Padroeira do Brasil.
Como sabem rezar os pobres, os simples de coração. Sem frases estudadas, sem palavras bonitas, eles chegam à presença de Deus que os ouve e os atende, porque eles falam a linguagem da humildade, a única que Deus pode atender. Sem o saber, aquele humilde pescador foi, certamente, o primeiro missionário que a “Aparecida” teve logo ao aparecer entre nós.
Depois dele, vieram outros, mais ilustres, mais letrados; mas, o privilégio e a honra de ter sido o primeiro apóstolo da “Aparecida”, continua pertencendo àquele pescador que a retirou das águas e a expôs na sua choupana, divulgando o seu culto entre as pessoas pobres da vizinhança.
Umas poucas pessoas, pobres e rudes, rezando o terço diante daquela imagenzinha da Virgem aparecida na rede do pescador no rio Paraíba.
É um quadro que, na sua simplicidade nos faz pensar. Hoje é o Brasil inteiro que reza aos pés da Virgem Aparecida no rio, e, milhões de peregrinos desfilam diante daquela mesma imagem. Deus soube, realmente, realizar o que desejava aquela gente humilde com sua oração tão simples. Na rede de um pescador - foi assim que Deus nos apresentou a imagem de sua mãe. E não foi num estábulo que Deus nos deu a conhecer o seu filho feito homem?
Durante trinta anos o Salvador viveu oculto e desconhecido em Nazaré; e, durante vinte anos, a imagem da “Aparecida” esteve praticamente oculta numa pobre choupana.
Foi assim que Deus quis preparar o triunfo de sua Mãe Santíssima entre nós. A devoção popular foi crescendo e aumentando o número de visitantes na choupana do pescador. Já se falava de fatos extraordinários ocorridos com a imagem. O povo começava a sentir a necessidade de construir uma capela para colocar a imagem da Aparecida. Mas, com que recursos? 
E, para isso, aquela gente pobre se uniu, escolheu o local que seria no alto do Morro dos Coqueiros, e, uns deu o terreno, outros o material e outros ainda ofereceram o seu trabalho, a sua mão de obra, e, se mais não deram, foi porque mais não possuíam. E foi assim, da generosidade de todos, que surgiu a primeira capela da Senhora Aparecida.
Com a sua pobreza e pequenas dimensões, a construção foi logo terminada, e no ano de 1.745, o Vigário da cidade de Guaratinguetá foi até a casa do pescador e transportou a imagem de lá para a capela, numa bonita e bem concorrida procissão.
Pequena e muito pobre era aquela capelinha construída no Morro dos Coqueiros. E como não eram ricos aqueles que frequentavam a capela, não se pôde pensar logo na construção  de uma igreja de maiores dimensões para abrigar o número sempre crescente de peregrinos que começavam a se dirigir até lá.
Somente no ano de 1.834, oitenta e nove anos depois de construída a primeira capela, foi iniciada a construção de um novo templo, no lugar da antiga e primitiva capela. Foram grandes, porém, as dificuldades. 
Afinal, no ano de 1.888 pôde a nova igreja ser inaugurada. Essa é a construção que ainda existe, e hoje e chamada de Basílica velha, tendo, portanto, a basílica velha, mais de cento e quinze anos de existência. Pudessem aquelas paredes tão antigas dessa igreja centenária falar tudo o que ali dentro aconteceu. Elas poderiam revelar os milhões de peregrinos que ali passaram nesses longos anos, à procura da Senhora Aparecida.
Quantas orações, quantos pedidos feitos à Mãe de Deus e Nossa! Quantas lágrimas ela enxugou, e a quantos filhos seus ela socorreu na sua bondade de mãe.
Há mais de cem anos essas paredes velhas guardaram, para a devoção de nosso povo, um tesouro de inestimável valor, nessa pequenina imagem que os pescadores retiraram do rio.
E agora, uma nova Basílica, verdadeiro monumento de fé, abriga a multidão de peregrinos que procuram a Consoladora dos Aflitos. Com toda a sua humildade, um dia, a Virgem exclamou: “Aquele que é Onipotente realizou maravilhas e mim.” (Lc 1, 49).
O Senhor Nosso Deus quis Maria belíssima no esplendor de suas virtudes, livre, até mesmo da culpa original, já que a escolhera para ser a sua Mãe neste mundo. Essa é toda a sua glória, toda a sua grandeza. Mãe de Deus!
E quem o diria: nossa também. Assim o quis o Redentor agonizante, e isso é o que está provando o amor que todos lhe dedicamos.
Podemos dedicar a Nossa Senhora grandes igrejas e grandiosos templos, e magníficos Santuários e Basílicas. Ela os aceita, certamente, como expressão de nosso amor e piedade.
Mas o templo que ela espera de nós de uma maneira particular, é a nossa vida cristã, na qual o Pai seja Glorificado na sua grandeza e na sua perfeição infinita.
Que o Senhor Nosso Deus esteja presente em nossa vida de cada dia, como presente ele esteve na vida de sua Mãe Santíssima. Essa há de ser a mais bela e grandiosa construção que a nossa piedade poderá oferecer à Mãe de Deus e nossa.. Grande impulso tomou o movimento dos romeiros em Aparecida após a construção da nova igreja.
E de 1.900 em diante, começaram a chegar ao Santuário as romarias organizadas, a princípio das cidades vizinhas, e depois, das cidades mais distantes.
Realmente o nosso povo compreendeu ser Aparecida o lugar escolhido pela Virgem para colocar ali o seu trono de misericórdia; através daquela imagem  tão simples, quis ela manifestar-se  a todos como a Consoladora dos aflitos e Refúgio dos pecadores.
De toda parte chegam os peregrinos certos de que ali vão encontrar a Mãe de Deus e nossa. No ano de 1.904, quando, atendendo a inúmeros pedidos dos Bispos brasileiros, o Papa Pio X, hoje São Pio X, autorizou a solene coroação da imagem de Nossa Senhora Aparecida.
Deus realizava maravilhosamente o seu plano. Aumentando sempre mais as romarias, a devoção a Nossa Senhora já alcançava os Estados mais distantes. Durante a Missa solene de encerramento do primeiro congresso mariano, realizado no ano de 1929, na cidade de Aparecida, foi lido o decreto do Papa Pio XI, declarando Padroeira do Brasil a Imaculada Virgem, sob o título de “Aparecida”.
Após ter sido coroada Rainha, esse título de Padroeira era certamente uma pedra preciosa que ainda faltava na coroa de humildade daquela que quis ser chamada de “Aparecida”, desde os primeiros dias em que sua imagem foi colhida no rio pelos pescadores.
Esse decreto veio trazer uma alegria imensa para o nosso povo que, desde então, passou a invocar a Mãe de Deus como sua Rainha e Padroeira. E, no dia 31 de março de 1.931, pela primeira vez a imagem da “Aparecida” deixou o seu nicho na Basílica para ser levada triunfalmente ao Rio de Janeiro, então capital do país, onde, mais de um milhão de pessoas, com as autoridades civis, militares e eclesiásticas, puderam aclamar delirantemente a nossa Rainha e Padroeira.
Estavam realizados os planos de Deus de enaltecer e glorificar entre nós, de modo extraordinário, aquela que é a sua Mãe, Rainha e Padroeira do nosso povo pobre e humilde, que sempre lhe quis e amou.
O que jamais sonharam aqueles pobres pescadores que a encontraram no rio, estava sendo realidade. A imagenzinha, tão pobre e tão rústica, encontrada por eles durante aquela pescaria, tinha conquistado o coração do nosso povo, e esses pescadores jamais sonharam que aquela pequenina encontrada no rio seria tão venerada pelos cristãos.
Na sua pobreza e simplicidade, ela havia falado tanto e tão bem ao coração  da nossa gente! Até que um dia a Senhora Aparecida foi aclamada por todos como nossa Mãe, Rainha e Padroeira.
Não podemos duvidar que Nossa Senhora olhasse para nós com olhos de verdadeira predileção. Não há, por esse Brasil afora, uma cidade ou povoado que não tenha uma igreja ou um altar dedicado à Virgem Aparecida.
Realmente, entre nós Deus realizou maravilhas para a glória de sua Mãe Santíssima.
Em nenhum país do mundo ela tem um Santuário onde seja tão procurada e tão querida como em Aparecida, na sua Basílica, perto daquela volta do rio onde sua imagem foi encontrada.
Num de seus hinos bem antigos, a Igreja reza e canta a Nossa Senhora dizendo: “Mostrai que sois nossa Mãe.” E entre nós, ela o vem mostrando desde aqueles primeiros dias quando sua imagem ainda morava numa pobre choupana de pescador, à beira do rio.
Quem poderia enumerar todas as graças e favores dela alcançados por seus filhos em todo esse país? Nosso povo compreendeu que a Mãe de Deus é realmente a nossa Mãe. No entanto, não nos esqueçamos: se nós lhe dizemos: “Mostrai que sois nossa mãe”, por sua vez ela nos diz: “Mostrai que sois meus filhos”.
Mas como? Temos que prová-lo com a nossa vida de todos os dias vivida de acordo com o modelo que ela nos deixou. Uma vida realmente cristã - essa há de ser a melhor resposta ao amor de predileção que ela sempre dedicou aos seus filhos.
Que saibamos ser dignos da Mãe e Padroeira que temos - nada mais. Ela espera isso de nós. Bendito seja Deus, portanto, por haver nos dado essa imagenzinha da “Aparecida” que nos fez chegar ao conhecimento e ao amor de nossa Mãe e Padroeira. Bendita seja a divina sabedoria, escolhendo a pobreza dos pescadores, a insignificância de uma rede e de uma choupana para nos dar a inestimável riqueza dessa imagem tão pequenina e ao mesmo tempo tão grande para a nossa piedade e para o nosso amor.
Bendito seja Deus por nos ter confiado à proteção daquela que é Rainha do Universo, fazendo-nos filhos do seu amor e da sua predileção.
Foi assim que chegamos a essa felicidade e consolo de podermos invocá-la e aclamá-la dizendo: “Viva a Mãe de Deus e Nossa, Sem pecado concebida, Viva a Virgem Imaculada, A Senhora Aparecida.”
São  lembrados também, neste dia: São Serafim de Montegranaro, Santo Edvino, São Juliano de Lodi (bispo), São Maximiliano de Lorch (bispo e mártir), São Monas de Milão (bispo), São Pantalo de Basle (bispo e mártir), São Salvino de Verona (bispo).

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