A HUMILDADE DE
MARIA
A história do
Brasil parece um imenso andor de Nossa Senhora, andor esse carregado pelo povo
simples, humilde e pobre através dos tempos.
Só que o povo
não aparece, o povo pobre não faz propaganda de si próprio e nem carrega placas
com o seu nome no peito ou estende faixas nas ruas contando as suas vantagens,
como fazem os demagogos e corruptos
políticos.
O povo pobre,
simples e humilde faz questão é de ficar escondido atrás do nome de Maria. O que deve aparecer realmente para o
povo pobre e humilde é o nome e a imagem de Nossa Senhora, a nossa Maria, que é aclamada e invocada por milhares e
milhões de vozes que cantam e rezam sem parar a Ave Maria... Carregando o andor
de Nossa Senhora, a nossa Maria, o povo carrega pelas ruas a sua esperança de
um dia poder chegar lá onde Maria já chegou, isto é, gozar da liberdade total
dos filhos de Deus.
A história de
Maria é a imagem da história do
povo humilde; a história do povo pobre e
simples se confunde com a história de Maria. A história de Maria é uma história
que ainda não terminou; a história de Maria continua até hoje mas pequenas e grandes histórias do povo.
Maria, moça
pobre, simples e humilde de uma cidadezinha do interior da Palestina é saudada
até hoje por milhares e milhões de pessoas; o povo todo a invoca e a venera.
Maria mesmo
preveniu isso quando disse à sua prima Isabel: “De hoje em diante todas as
nações vão me chamar de bem-aventurada.” (Lc 1,48). Todas
as nações, todos os povos de todos os tempos e lugares, desde todo o sempre,
chamam Maria de bem-aventurada e a veneram como a eleita de Deus, e ainda hoje,
como sempre, o povo simples, o povo humilde, o povo pobre continua chamando
Maria de bem-aventurada. Maria é do povo, do povo pobre, do povo simples, do
povo humilde, mas, além de ser do povo, Maria é também de Deus, totalmente de
Deus, e Deus estava, está e sempre estará em Maria, como Maria jamais deixou de
estar em Deus.
Ser do povo é
ser de Deus, e Maria é do povo, e o povo pobre e humilde é de Maria.
Estes dois
pontos marcam a vida de Maria. e é por isso que o povo a venera com entusiasmo,
invocando por todo o sempre o seu nome. Para poder ser do povo tem que ser de
Deus; para poder ser de Deus, tem que ser do povo. É assim que Deus e o povo
desejam: ser de Deus e do povo. São esses os dois grandes retratos que as Sagradas Escrituras tiraram de Maria e
que a Igreja conserva até hoje em seu álbum. Maria soube unir em sua vida o seu
amor a Deus e ao povo.
O nosso povo
pobre, simples e humilde ama Maria, e Maria se faz presente no sofrido povo
brasileiro com o título de Nossa Senhora Aparecida; Nossa Senhora
Aparecida é a nossa Maria, a Maria
brasileira, a Maria humilde, pobre e simples do povo pobre, simples e humilde.
A imagem de
Nossa Senhora Aparecida é pequena, pequenina mesmo, coberta de um manto azul,
manto bonito e ricamente enfeitado.
Presente do
povo; isso mesmo, presente do povo, porque o povo gosta de enfeitar e
enriquecer a quem ele ama de verdade,
muito embora ele continue pobre, simples e humilde. Mas, o manto azul , bonito
e ricamente enfeitado, acabou escondendo grande parte da imagem brasileira de
Maria, imagem que, originariamente é pobre, simples, humilde e... preta. Só
olhando de perto é que a gente percebe que, no Brasil, Maria é preta.
O manto é
bonito, isso é bom; o manto não pode ser jogado fora, mas a gente não pode se
esquecer que a imagem de Nossa Senhora Aparecida é preta, pretinha, igual a
tantas Marias e Cidas que a gente encontra pelas ruas. Aquilo que aconteceu com
a sua imagem, aconteceu com a própria Maria: glorificada pelo povo e pela
Igreja como Mãe de Deus, Maria recebeu um manto de glória; presente de fé do
povo. Mas o manto de glória acabou escondendo grande parte da semelhança que
Maria tem conosco. O manto ricamente enfeitado fez de Maria uma pessoa
diferente e a gente quase esquece que Maria foi e ainda é uma moça pobre e
simples do povo.
Só olhando de
perto é que a gente percebe que na Bíblia Maria
é pobre, simples e humilde, muito semelhante à maioria do nosso povo.
A Bíblia fala
muito pouco de Maria mas o pouco que fala é muito importante. É o suficiente
para a gente poder conhecer a grandeza de sua simplicidade e a riqueza de sua
pobreza.
(adaptado do
livro “Maria, a Mãe de Jesus”, de Carlos Maesters.)
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