IRMÃ
DOLORES BALDI - 1910-1999 - PRIMEIRA MISSIONÁRIA DA CONGREGAÇÃO DAS IRMÃS
PAULINAS - FUNDADORA DAS IRMÃS PAULINAS NO BRASIL
Ser
missionária era seu sonho. E este sonho ela o realizou no Brasil. Em outubro de
1931, deixou a Itália e veio viver a aventura missionária em nosso país.
Quero
falar-lhes de irmã Dolores Baldi, primeira missionária da Congregação das Irmãs
Paulinas. Ela não era, nem é ainda, muito conhecida, contudo foi o instrumento
dócil e forte nas mãos de Deus e a mola propulsora que fez acontecer, no Brasil,
a instituição e todas as obras das Irmãs Paulinas.
A Congregação das Irmãs
Paulinas foi fundada pelo padre Tiago Alberione com a colaboração de irmã Tecla
Merlo, em 1915, na Itália, e teve, no Brasil, sua primeira expansão no
exterior. E irmã Dolores Baldi foi a escolhida para iniciá-la.
Quem foi irmã
Dolores Baldi? Ela mesma nos conta sua história: "Não conheci minha mãe.
Ela morreu dois meses depois de me haver dado a luz. Fui confiada aos cuidados
de uma ama, que me amamentou, de meu pai e de minha irmã mais velha, então com
quinze anos. Éramos cinco irmãos: três mulheres e dois homens. Cresci num
ambiente familiar unido, cristão, sereno e alegre. Aos doze anos, porém, após
breve tempo de doença, meu pai faleceu e, logo depois, minha irmã, vítima de
uma epidemia. E como minha outra irmã já havia se casado coube a mim os deveres
de uma dona-de-casa: comprar, vender e cuidar de meus dois irmãos. Aos quatorze
anos, comecei a sentir o desejo de ser missionária, para dedicar-me à
catequese. Aos dezessete anos, esse apelo se tornou mais forte. Falei com meu
pároco e ele me aconselhou a pensar melhor e entregar o meu futuro nas mãos de
Deus. Ele saberia abrir-me o caminho missionário. Com o casamento de meu irmão,
pensei que estivesse livre, mas com a morte prematura de minha cunhada tive de
cuidar de meus dois sobrinhos pequenos.
Após um ano, a convite de meu pároco,
participei de um retiro orientado pelo padre Tiago Alberione. Entusiasmei-me
com a espiritualidade e missão da Família Paulina, conversei com padre
Alberione, que me aconselhou a entrar na Congregação, ainda não aprovada, mas
já em plena atividade. Ingressei, sempre, porém, com o desejo de ir às missões.
Esperançosa de um dia ser missionária, como me prometiam, comecei o noviciado.
E antes mesmo de professar os votos religiosos a superiora me chamou e disse
que o fundador havia me destinado para a missão no Brasil. Apesar de algumas
preocupações, vibrei de alegria. Tinha, então, vinte e um anos. Comigo iriam
uma irmã das Discípulas do Divino Mestre e um seminarista dos Paulinos. No dia
6 de outubro de 1931, diante dos fundadores e de minha formadora, pronunciei a
fórmula da profissão religiosa prometendo, com a ajuda divina, entregar-me a
Deus e à missão conforme o carisma paulino. Foi então que recebi o nome de
Dolores, pois o meu nome de batismo era Tersila. Entregando-me o livro do
Evangelho, um crucifixo e um terço, o fundador deu-me as últimas recomendações:
"Nossa Senhora das Dores, ao pé da cruz, colaborou para a salvação de
todas as pessoas. Santifica-te e os brasileiros se santificarão. O arcebispo de
São Paulo não quer as Paulinas. Vocês fiquem escondidas por algum tempo,
vistam-se de branco ou de vermelho - isso não tem importância - e
esperem".
Esse foi o início de uma caminhada de mais de setenta anos no
Brasil, vivendo e partilhando, na Igreja local, uma evangelização inculturada a
serviço do Evangelho e com os meios de comunicação social. Em 1966, quando a
Congregação das Irmãs Paulinas no Brasil já contava com duas centenas de membros,
muitas obras iniciadas, muitas casas construídas, irmã Dolores foi chamada para
a Itália e mais tarde para Portugal, deixando em todos os lugares sua marca de
missionária exemplar. Em 1976,
a pedido das irmãs brasileiras, ela voltou ao Brasil,
dedicando-se, então, não mais à direção da província, mas às atividades comuns
nas comunidades.
Mais tarde,
transferiu-se para a casa das irmãs idosas, dedicando-se a pequenas tarefas. Em
todo lugar e sempre, irmã Dolores foi exemplo de oração, entusiasmo apostólico,
humildade e acolhimento. Sempre atenta, participava e alegrava-se com os
progressos na missão.
A semente foi lançada no Brasil, brotou e cresceu pela
sua força íntima que é Deus. Após breves dias hospitalizada, com oitenta e nove
anos, no dia 21 de julho de 1999, transferiu-se para a casa do Pai Celeste a
fim de continuar intercedendo por nós e apostando na eficácia da missão de
anunciar o Evangelho com os meios de comunicação social. Irmã Dolores tinha um
carisma pessoal, uma personalidade forte e caráter marcante. Seu modo de ser e
de viver traçou o estilo de vida e de missão de muitas pessoas.
Abriu caminhos
novos, com fé e coragem, para uma geração que viria mais tarde. Um dos centros
da missão das irmãs Paulinas traz com muita gratidão o nome "Casa Irmã
Dolores Baldi". Ela está aí, apontando para todos sua norma de vida
missionária: "Confiança absoluta em Deus e ir em frente com coragem".
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