O POVO POBRE E HUMILDE É A FIGURA DE MARIA
O povo humilde
e pobre está com Maria. O povo pobre e humilde é como o Apóstolo João, o único
que não fugiu e que permaneceu com Maria aos pés da cruz de Jesus, no Calvário,
naquela sombria e triste sexta feira.
O povo pobre, como João, junto de Maria,
não foge, não tem medo de sofrer. Já sofre tanto.
Mas, não fica aos pés da cruz sozinho; Maria está com ele. O
povo fica junto de Maria, aos pés de tantos irmãos que estão morrendo de fome
ainda hoje, morrendo de inanição, de desprezo dos ricos e poderosos nas portas
do século dois mil e na entrada do terceiro milênio; o Cristo continua morrendo
hoje nos irmãos, como morreu no Calvário, aos olhos de sua Santíssima Mãe,
Maria.
Chegando no Calvário, o povo não fala. Só fica olhando, como João
Apóstolo ficou olhando e marcando presença. Jesus também não fala; só fica
rezando do alto da cruz.
E ai, no silêncio daquela dor, os olhos de Jesus
repetem as mesmas palavras que foram ouvidas pela primeira vez do Calvário na
Palestina, porque lá. “quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo
(representando o povo pobre), a quem amava tanto, disse à sua mãe: “eis ai teu
filho”, e, em seguida disse a João (que representava o povo pobre), “eis ai tua
mãe”, e, a partir daí João, que representava o povo pobre, levou a mãe de Jesus
para morar em sua casa daquele momento em diante, e até hoje, o povo pobre tem
Maria em sua casa, em seu coração.
Desde que Jesus, do alto da cruz, pouco
antes de morrer, pronunciou aquelas palavras, o povo pobre e humilde nunca mais
se separou de Maria. O povo pobre carrega Maria em seu coração, a mantém dentro
de sua casa, e a acompanha por onde quer que for.
Foi Jesus quem mandou. Foi a
sua última vontade. E, para isso, o Senhor Nosso Deus cumulou Maria de
riquezas; riquezas espirituais. Jesus deu à Maria todos os homens para serem
seus filhos; Maria tem a todos nós, e nós todos temos Maria por Mãe; a Mãe de
Deus é também nossa Mãe, e, através de Maria somos filhos do mesmo Pai e irmãos
de Jesus Cristo.
Mas, desde aquele momento no Calvário em que Jesus nos deu
Maria por Mãe até os nossos dias, os poderosos e o tempo andaram deformando a
imagem que o povo tem de Maria. Ladrões vieram e roubaram a beleza de Maria, a
pureza de Maria, roubaram as jóias espirituais de Maria. Já não é tão fácil
reconhecer todas as belezas que Deus, o artista supremo, colocou em Maria,
quando disse: “eis ai a sua mãe”. (Jo
19, 27).
Ah, se fosse possível restaurar e renovar a imagem que Maria tinha
desde que aceitou ser Mãe de Jesus até a tragédia do Calvário, sem destrui-la,
sem deformá-la. Restaurar a imagem de Maria de tal maneira que nela
transparecesse melhor a imagem de Deus, a mensagem de Deus ao povo pobre e que
aparecesse claramente aos olhos de todos o testemunho que Maria nos deu da sua
fé e entrega total nas mãos do seu Senhor, e da sua dedicação à vida.
Restaurar
a imagem de Maria de tal maneira que ela se transformasse num espelho limpo e
não embaçado para o povo poder contemplar a sua cara de gente, de filha de
Deus, e descobrir em Maria a sua missão no mundo de hoje.
Se fosse possível
limpar esse espelho. Um dia esse sonho vai se tornar realidade, mesmo que por
ora não sejamos capazes de enxergar toda a beleza de Maria, a gente sabe que,
dentro dela tem um segredo muito importante para a vida.
Por isso, o povo pobre carrega consigo, por
onde for, a devoção à Maria. O povo aguarda que um dia alguém o ajude a
descobrir todo o segredo da beleza, da pureza e da santidade de Maria. E esse
dia, quando chegar, transformará a sexta-feira santa em domingo de Páscoa e a
procissão do Senhor Morto numa procissão festiva de Ressurreição e vida...
Por meio de Maria, Jesus chegou até nós.
Por meio de Maria, chegaremos a Jesus.
Quem
está com Maria, não está longe de Deus... Os verdadeiros filhos de Maria “terão na boca a espada de dois gumes da
palavra de Deus; em seus ombros carregarão o estandarte ensanguentado da cruz, na mão direita terá o
crucifixo e na esquerda o rosário e no coração os nomes sagrados de Jesus e
Maria, e em toda a sua conduta terão a modéstia e mortificação de Jesus” (Montfort).
E não nos esqueçamos de que “não pode
esperar a misericórdia de Deus quem ofende a sua Mãe.” (Montfort).
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