SEIS ANOS SEM TERESA CRISTINA
O Pai é o agricultor, o
dono da messe, o dono do jardim. Cada um de nós somos os operários da messe, o
jardineiro do jardim do Pai. Ele nos dá a terra, ele nos dá a semente, ele nos
dá as condições dignas para que a terra seja boa, para que a semente se
transforme em arbusto e para que o arbusto floresça, dê flores dignas de um
rei.
O Pai nos dá uma família, nos dá filhos, mas família e filhos não são
propriedades nossas, são do Pai. Os filhos são as flores que cultivamos no
jardim do Pai.
Compete a cada um de nós, pais, cuidar do jardim do Pai, dar-lhe
flores viçosas, coloridas, perfumadas e perfeitas. Devemos cuidar dessas flores
desde em botão. Dar-lhes condições de crescerem saudáveis, floridas e
perfumadas.
Mas elas são do Pai, não são nossas. E o dia em que o Pai achar por bem, ele visita o nosso jardim,
colhe a sua flor preferida, a mais bonita entre todas e a leva para embelezar o
seu trono. Assim aconteceu conosco.
Assim aconteceu com Teresa Cristina.
Mulher
bonita, inteligente, carinhosa, amigável, acolhedora. Filha amorosa e presente.
Quarenta e três anos. Câncer de mama.
E,
no dia 11 de julho de 2010, o Pai visitou o meu jardim, escolheu dentre as
flores a mais bela, e a levou consigo para embelezar o seu trono. As pessoas
boas deixam alegria. As pessoas más deixam lições. As pessoas maravilhosas
deixam lembranças e saudades.
Saudade é a confirmação do amor. Saudade é a
perpetuação do amor. Saudade é o amor eterno presente no coração de quem ficou
sem ter condições de esquecer a pessoa amada que partiu. Um dia a saudade deixa
de ser dor e vira lembrança para compartilhar e guardar para sempre. As pessoas
muito amadas por nós são eternas dentro da gente.
A mais bonita lágrima é a da
saudade, pois ela nasce dos risos que não se acabam, das alegrias que marcaram
e das lembranças que jamais se apagam. Mais do que chorar a perda de um ente
querido, não podemos perder a oportunidade de agradecer. Agradecer o tempo em
que o Pai, o dono do jardim, permitiu que a flor Teresa Cristina ficasse
conosco durante quarenta e três anos, embelezando o nosso lar, perfumando a
nossa vida, aromatizando o nosso ambiente e transmitindo alegria no seu sorriso
belo, singelo e encantador.
Ela deixou o nosso jardim, mas está embelezando o
trono do Pai, o dono do jardim. Só nos resta repetir com o santo
homem Jó: “O Senhor deu, e o Senhor
tirou; bendito seja o nome do Senhor” (Jó 1,21). O acontecimento de
uma pessoa amada nos deixar e ir para a casa do Pai leva-nos à conclusão de que
não existe morte. A morte é, simplesmente, um ponto de partida, não um fim. A
morte é um trampolim que nos arremessa para a vida eterna, para a vida que não
se acaba mais. A vida é eterna; a vida é abundante porque Jesus Cristo veio
para que tivéssemos vida, e a tivéssemos em abundância: “Eu vim para que tenham a vida, e a tenham em abundância.” (Jo
10,10). A vida não se acaba.
A vida da
pessoa amada que se foi não se acabou, apenas passou para um plano superior
onde a presença de Deus é permanente e visível, a felicidade é eterna e a
certeza de que a morte jamais a atingirá, jamais a separará de ninguém. Na
nossa ignorância naquilo que diz respeito às promessas divinas em relação à
vida eterna, sofremos, sofremos muito quando um ente querido nos deixa e parte
desta para herdar a vida eterna.
Choramos, choramos muito dentro de nós, ainda
que o nosso semblante se esforce para demonstrar conformismo. É bom chorar, se
faz necessário chorar, mas o cristão não chora por desespero e revolta. Antes
de tudo, o cristão chora por saudade, saudade de alguém que partiu
temporariamente mas, temos certeza, está na casa do Pai; apenas nos antecipou a
isso e a nossa fé nos garante que um dia nos juntaremos a esse ente querido
porque Jesus nos conforta dizendo: “Não
se perturbe o vosso coração! Credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há
muitas moradas.” (Jo 14,1-2).
Apesar da certeza da ressurreição que nos é
transmitida pelas Sagradas Escrituras, os nossos sentimentos humanos nos fazem
sentir saudades dos nossos entes queridos que nos deixaram, mas, não podemos
perder a esperança, não podemos perder a confiança nos ensinamentos de Jesus
Cristo; temos de acreditar nas suas verdades evangélicas de que os nossos entes
queridos, que caminharam conosco neste vale de lágrimas e que ouviram a voz do
Bom Pastor e fizeram parte de seu rebanho, agora, depois desse passamento,
estão na glória do Senhor, na casa do Pai, onde, segundo uma das promessas do
Divino Mestre, existem muitas moradas:
“Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se não fosse assim, eu vos teria dito,
pois vou preparar-vos um lugar, e quando eu me for e vos tiver preparado um
lugar, virei novamente e vos levarei comigo, a fim de que, onde eu estiver,
estejais vós também.” (Jo 14,2-3).
O Senhor Jesus venceu a morte
ressuscitando e “... a morte não tem
domínio sobre ele.” (Rm 6,9), e Paulo Apóstolo se baseia na ressurreição de
Cristo para nos dar a certeza que também venceremos a morte: “Se não há ressurreição dos mortos, também Cristo não ressuscitou. E
se Cristo não ressuscitou, vazia é a nossa pregação, vazia também é a vossa
fé.” (1Cor 15,13-14). Quem morre acaba de nascer, de nascer para a vida, de
ressurgir para a vida em abundância, a vida que não se acaba mais, a vida que é
para valer, e isso entendeu muito bem Francisco, o pobrezinho de Assis: “É
MORRENDO QUE SE RESSUSCITA PÁRA A VIDA...”
A presença, o perfume,o amor da
Teresa Cristina são uma constante no nosso coração, na nossa casa, na nossa
família...
Tudo muito verdade, sr. Milton.
ResponderExcluir