JACINTA
DE JESUS MARTO – UMA DAS VIDENTES DE FÁTIMA
No dia 20 de
fevereiro a Igreja lembra a memória litúrgica dos irmãos e Beatos Francisco e Jacinta Marto, os
pastorinhos de Fátima , que eles intercedam por nós e nos nos ajudem a fazer
sempre a vontade de Deus.
Jacinta era
uma criança quando Nossa Senhora apareceu. Entra na História aos sete anos,
precisamente na idade que habitualmente se costuma indicar como a do começo da
vida consciente e da razão. Em que medida uma criatura dessa idade é capaz de
praticar a virtude? E de praticá-la de modo heróico?
A história da
espiritualidade católica tem exemplos surpreendentes de santidade a pouca
idade: Santa Maria Goretti, martirizada aos 11 anos com plena consciência do
que fazia; São Domingos Sávio, que morreu aos 15 anos.
Jacinta de
Jesus Marto nasceu em Aljustrel, Fátima, a 11 de março de 1910. Foi batizada
uma semana depois. Á ela junto com o irmão Francisco e a prima Lúcia, três
simples crianças pastoras analfabetas, foi dada a graça de presenciar as
aparições de Nossa Senhora, na sua pequenina aldeia. Além das cinco aparições
da Cova da Iria e uma dos Valinhos, Nossa Senhora apareceu à Jacinta mais
quatro vezes em casa durante a doença, uma grave pneumonia que a acometeu
juntamente com seu irmão Francisco.
Nessa primeira
aparição, quando ambos já estavam acamados, assim descreve a pequenina: "Nossa Senhora veio nos ver e diz que
vem buscar o Francisco muito em breve. E a mim perguntou-me se queria ainda
converter mais pecadores. Disse-lhe que sim".
De fato, logo
depois Francisco morreu santamente. Nessa ocasião, ao aproximar-se o momento da
partida de Francisco, Jacinta recomenda-lhe:
"Leve muitas saudades minhas a Nosso Senhor e a Nossa Senhora e diz-lhes
que sofro tudo quanto Eles quiserem para converter os pecadores".
Jacinta ficara
tão impressionada com a visão do inferno durante uma das aparições da Virgem em
Fátima, ocorrida em 13 de julho de 1917 que nenhuma mortificação e penitência
era demais para salvar os pecadores. A vida da pequena Jacinta foi
caracterizada por esse extremo espírito de sacrifício, o amor ao Coração de
Maria, ao Santo Padre e aos pecadores.
Sempre levada
pela preocupação da salvação dos pecadores e do desagravo ao Coração Imaculado
de Maria, de tudo oferecia um sacrifício a Deus, dizendo sempre a oração que
Nossa Senhora lhes ensinara: "Ò
Jesus, é por Vosso Amor, pela conversão dos pecadores e em reparação pelos
pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria".
No espaço de
tempo que vai dos sete aos dez anos, em que suportou heroicamente o fardo da
doença que a levaria à morte, Jacinta trilhou o caminho da santidade. Já nessa
tão precoce idade conheceu profundamente a realidade da vida. Sua existência
foi curta, porém repleta de acontecimentos extraordinários e até mesmo
fascinantes.
Quase um ano
depois da morte de Francisco, Jacinta faleceu, era 20 de fevereiro de 1920.
Tão heróica
foi a morte quanto a vida de Jacinta, num hospital de Lisboa, inteiramente
sozinha. Este fato foi objeto de uma das últimas previsões recebidas por
Jacinta, diretamente de Nossa Senhora. Com que coragem conservou a menina este
pensamento! Assim ela narra esta profecia, por ela confiada a Lúcia: “Nossa Senhora disse-me que vou para Lisboa,
para outro hospital; que não te torno a ver, nem aos meus pais; que depois de
sofrer muito, morro sozinha; mas que não tenha medo, que me vai lá Ela me
buscar para o Céu.”
Nossa Senhora
anunciou também o dia e a hora em que deveria morrer. Quatro dias antes, a
Santíssima Virgem tirou-lhe todas as dores. Como ninguém esteve presente nesse
grandioso momento, podemos apenas imaginar a cena. Como terá sido a recepção
deste pequeno lírio no Céu? Diante de Nossa Senhora, aquele rosto virginal não
estará mais contraído pelo sofrimento, mas resplandecente em presença dAquele
que foi o Fundamento de sua vida: “Se eu pudesse meter no coração de toda a
gente o lume que tenho cá dentro do peito e a fazer-me gostar tanto do Coração
de Jesus e do Coração de Maria!”
O seu corpo
foi enterrado no cemitério de Ourém, sendo transladado em 1935 para o cemitério
de Fátima.
Em 1951 foi
finalmente transferida para a Basílica do Santuário.
No dia 13 de
maio de 2001, dia da festa de Nossa Senhora de Fátima, foi um dia muito
especial não só para os portugueses, mas para a família católica inteira. O
Papa João Paulo II, esteve na cidade portuguesa para beatificar Jacinta de
Jesus Marto, marcando sua celebração para a data de sua morte. A cerimônia
ocorreu na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, com a presença da
Irmã Lúcia de Jesus.
Os
acontecimentos de Fátima e os pastorzinhos são porta-vozes do convite materno
de Maria ao acolhimento, ao amor, à confiança, à pureza de vida e de coração e
à entrega de si mesmo a Deus e aos outros, em atitude de solidariedade e de fé
inquebrantável. A beatificação de Jacinta de Jesus Marto nos lembra a vocação
última da Igreja e a comunhão dos santos.
Decreto da Santa Sé que declara as virtudes de Jacinta
Jacinta – e
seu irmão Francisco – depois de um rigoroso processo em Roma, tiveram
reconhecidas suas virtudes heróicas, podendo ser venerados privadamente como
santos.
A 13 de maio
de 1989, um decreto da Congregação para a Causa dos Santos, assinado pelo
Cardeal Angelo Felici, declarou a heroicidade das virtudes da Serva de Deus
Jacinta Martos.
O documento,
lembrando as palavras de Nosso Senhor “Se
não fizerdes como um destes pequeninos não entrareis no Reino dos Céus” (Mt
18,3), afirma que Jacinta “correspondendo
sem reservas à graça divina realizou rapidamente uma grande perfeição na
imitação de Cristo e voluntariamente consumiu sua breve existência pela glória
de Deus, cooperando na salvação das almas mediante fervorosa oração e assídua
penitência”.
Depois de
resumir sua vida, o decreto declara que “sua
entrega à vontade de Deus foi total”, o esforço “para corresponder ao amor e às graças de Deus foi constante”,
dando provas de “possuir em alto grau as
virtudes teologais e as virtudes da prudência, justiça, temperança, humildade,
sinceridade e modéstia”.
Na mesma
data, a Santa Sé declarou as virtudes do Servo de Deus Francisco Marto, irmão
de Jacinta.
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