QUE TIPO DE CRISTÃO VOCÊ É?
Todos se
dizem cristãos, não importando o seguimento religioso que assumiram: católicos,
protestantes, crentes, evangélicos ou qualquer outro seguimento que acreditam
que “Jesus Cristo é o Senhor” (Fl
2,11), como disse Paulo Apóstolo: “Por
isso Deus o exaltou grandemente, e lhe deu o Nome que está acima de qualquer
outro nome; para que ao nome de Jesus, se dobre todo joelho no céu, na terra e
sob a terra; e toda língua confesse que Jesus
Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai” (Fl 2,9-11).
Mas,
professar isso e apenas dizer isso quer dizer que seja realmente cristão.
Cristão não seria aquilo que Jesus dissera: “Mais
felizes são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática” (Lc
11,28)? Quem não faz isso, e se qualifica como cristão, e ainda que professe
que “Jesus
Cristo é o Senhor” apenas por palavras e não por atitudes e pela vida,
incorre no desabafo dolorido de Jesus: “Esse
povo me honra com os lábios, mas o coração deles está longe de mim. Não adianta
nada eles me prestarem culto, porque ensinam preceitos humanos” (Mt
15,8-9).
Seria aquele tipo de cristão “Peter Pan”
que não cresce nunca? Que nunca fica adulto? Que não quer crescer? Continua
pequenino na fé, no conhecimento das mensagens de Jesus Cristo, birrento como
criancinha que, quando quer alguma coisa ou não alcança o que quer faz
escândalo e vira as costas para o Pai? Cristão que foi batizado, crismado,
recebeu a primeira Eucaristia, até casou-se na Igreja e levou seus filhos para
serem batizados, mas que faz tudo como um ato social, para tirar fotos e fazer
festas em casa esquecendo-se da festa que acontece no céu quando tudo isso
acontece? Um pastor americano, chamado Darrin Patrick, diz o seguinte: “Vivemos em um mundo cheio de homens que têm
prolongado a sua adolescência. Eles não são nem meninos nem homens. Eles vivem,
suspensos, por assim dizer, entre a infância e a idade adulta...”. Meninos são fáceis de serem agitados e
levados de um lado para o outro. Meninos são facilmente manipulados. Basta vir
uma onda mais forte, um vento mais furioso, um argumento – aparentemente – mais
convincente, um presente mais bem embrulhado, uma recompensa mais imediata, uma
palavra mais colorida e os meninos se deixam levar. Os meninos não se levam a
si mesmos, mas são levados pelos outros. São carregados por todos os que
simplesmente têm a intenção de carregá-los. Não é necessário muito malabarismo
para levar as crianças. As crianças são atraídas por tudo o que parece bonito e
traz satisfação imediata. Por isso não é difícil fazer com que os meninos
troquem os tesouros do amanhã pelas bugigangas do presente, as promessas de
Deus pelas promessas do maligno, a Palavra do Senhor pela palavra do homem, a
cidadania nos céus pelos prazeres transitórios do pecado. Desde que Adão e Eva
rejeitaram o amor e a suficiência de Deus para suas vidas, nós todos, tanto
homens quanto mulheres, lutamos na vida para encontrar nossa identidade, nosso
valor e significado e nosso propósito. Todas as filosofias e todas as religiões
buscam responder estes três pontos. Os cristãos que se identificam com “Peter
Pan” têm de Paulo palavras reveladoras: “como
meninos, agitados de um lado para o outro” (Ef 4,14). Não podemos
permanecer crianças pelo resto das nossas vidas. O não crescimento e não
desenvolvimento de um bebê é sinal de algum tipo de enfermidade ou
anormalidade. Uma criança saudável e normal cresce e se desenvolve. É isso o
que Paulo está dizendo aos cristãos. O novo-nascimento não é o bastante.
Precisamos crescer, nos tornar maduros e cada vez mais parecidos com Jesus,
como disse Paulo: “A meta é que todos
juntos nos encontremos unidos na mesma fé e no conhecimento do Filho de Deus,
para chegarmos a ser homem perfeito que, na maturidade do seu desenvolvimento,
é a plenitude de Cristo. Então já não seremos crianças, jogados pelas
ondas e levados para cá e para lá por
qualquer vento de doutrina, presos pela artimanha dos homens e pela astúcia com
qu eles nos induzem ao erro. Ao
contrário, vivendo amor autêntico, crescemos sob todos aspectos em direção a
Cristo, que é a Cabeça” (Ef 4,13-15). Deus não nos salvou e arrancou das
garras do mal a fim de que fôssemos crianças para sempre. Deus não planejou e
nem deseja que sejamos bebês ou meninos espirituais por toda a nossa peregrinação
nessa terra.
Ou seria aquele cristão “florzinha”
que, às vezes até vai à igreja mas desprovido do espírito místico da oração e
sentimento de agradecimento pelas graças recebidas, mas apenas para observar o
que acontece, criticar o que contraria o seu ponto de vista e jamais trabalhar
para sanar imperfeições da própria comunidade, mas, quando são contrariados ou
tem qualquer problemazinho no seu modo
de entender o espírito fraterno e comunitário da família de Deus, tem a reação
de uma florzinha: “murcha”. Até rezam e falam bonito quando se manifestam,
dizem que tem fé e que acreditam em Deus. O profeta Isaías já havia dito: “O Senhor diz: ‘Esse povo se aproxima de mim
com a boca e me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. A
adoração que me prestam é feita só de regras ensinadas por homens’” (Is
29,13), o que foi repetido por Jesus depois: “Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim.
E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens” (Mt
15,8-9). Falar que acredita em Deus e que tem fé e que acredita em Deus é
fácil, conforme disse o Apóstolo Tiago na sua carta: E você, acredita que há um só Deus? Você faz bem. Os demônios também
acreditam nisso e tremem” (Tg 2,19).
Ou seria o tipo do cristão “Fala Brasil” ou “Brasil Urgente” que
não poupa a vida alheia e, esquecendo-se dos seus próprios pecados e falhas, ou
para esconder os seus pecados e falhas, não faz outra coisa senão apontar os
erros dos outros. São os famosos maldizentes, marocas, mexeriqueiros, ou dêem o
nome que quiserem, mas que só tem por único objetivo denegrir a imagem, a
personalidade, o caráter do outro. Esquece-se que, quem fala mal de alguém para
alguém, está falando mal de um surdo, ou seja, de uma pessoa ausente que não
pode e lhe é negado o direito de defesa. Teresa de Calcutá dizia para as suas
irmãzinhas: “Só falemos de uma pessoa se
essa pessoa estiver presente”, ou seja, se for falar de uma pessoa ausente,
fale como se ela estivesse ali, presente, ouvindo o que é dito dela. Esse tipo
de cristão deveria sempre se lembrar da regra de ouro ditada por Jesus: “Assim,
em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam; pois esta é a
Lei e os Profetas” (Mt
7,12).
Ou seria do tipo cristão “Sílvio Santos”, que
só aparece aos domingos? Aquele cristão legalista, condenado por Jesus por só
participar da Igreja para desencargo de consciência e não para colocar em
prática atos de misericórdia pregados por Jesus: "Então ele dirá aos que estiverem à sua esquerda: Malditos, apartem-se
de mim para o fogo eterno, preparado para o Diabo e os seus anjos. Pois eu tive
fome, e vocês não me deram de comer; tive sede, e nada me deram para
beber; fui estrangeiro, e vocês não me
acolheram; necessitei de roupas, e vocês não me vestiram; estive enfermo e
preso, e vocês não me visitaram'. "Eles também responderão: 'Senhor,
quando te vimos com fome ou com sede ou estrangeiro ou necessitado de roupas ou
enfermo ou preso, e não te ajudamos?' "Ele responderá: 'Digo a verdade: O
que vocês deixaram de fazer a alguns destes mais pequeninos, também a mim
deixaram de fazê-lo'. Para esses, Jesus, no Evangelho de Mateus 23,23-39,
dirige o alerta que deve ser entendido como chamada de atenção e motivo de
condenação, como fizera aos que assim agiam no seu tempo: os mestres da lei e
os fariseus: “Sim, ai de vocês, mestres
da lei e fariseus, fingidos! Pois dão o dízimo da última folha de hortelã do
vosso quintal, mas esquecem as coisas importantes, como a justiça, a compaixão,
a fé. Sim, devem dar o dízimo, mas não devem esquecer as coisas de maior monta.
Guias cegos! Tiram um mosquito que cai na comida, mas seriam capazes de engolir
um camelo! Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, fingidos!
Tão cuidadosos em polir o copo por fora, enquanto que por dentro está todo sujo
de roubos e de cobiça! Fariseus cegos! Limpem primeiro o interior do copo e
então todo ele ficará limpo. Ai de vocês, mestres da lei e fariseus,
hipócritas! São como jazigos – belos por fora, mas cheios de ossadas e de
podridão por dentro. Procuram parecer santos, mas por baixo dos vossos mantos
de piedade escondem-se corações manchados por toda a espécie de fingimento e
pecado. Serpentes, filhos de víboras! Como escaparão à
condenação do inferno?”
Ou seria o cristão
“Gabriela”: “eu nasci assim”, e não muda nunca porque julga-se perfeito,
acima de tudo e de todos. O cristão prepotente que olha tudo e todos de cima
para baixo, julgando que não existe nada que o possa melhorar, porque se julga
perfeito e bom, ignorando o que Jesus disse ao jovem rico, referindo-se ao Pai
do céu: “Um só é bom” (Mt 19,17) e
incentiva a todos à perfeição, isto é, jamais se acomodar quando disse: “Vocês devem ser perfeitos como o Pai
celeste é perfeito” (Mt 5,48). As primeiras palavras de Jesus quando iniciou
a sua vida pública são categóricas, quando afirma: “Convertam-se e acreditem no Evangelho” (Mc 1,15), contrariando a
atitude do cristão “Gabriela” que acha que não tem nada para mudar na sua vida.
A conversão na vida do cristão deve e precisa acontecer todos os dias.
Ou seria o cristão
“Raimundo”, um pé na igreja e outro no mundo. Quantos cristãos que se dizem
católicos quando perguntados, às vezes até vão à missa ou em grupos de orações,
mas que, durante a semana frequentam centros espíritas, terreiros e outras
denominações que se dizem religiosas, acendendo uma vela para Deus e outra para
o diabo, colocando um pé numa canoa e o outro em outra canoa, esquecendo-se
que, se as canoas se distanciarem, o tombo será medonho. Para esses cristãos
Jesus disse: “Todo aquele que der
testemunho de mim diante dos homens, também eu darei testemunho dele diante de
meu Pai que está no céu. Aquele, porém, que me renegar diante dos homens, eu
também o renegarei diante do meu Pai que está nos céus” (Mt 10,32-33; Lc 12,8-9).
Nenhum comentário:
Postar um comentário