segunda-feira, 14 de novembro de 2011

5º DOMINGO DA QUARESMA - ANO "A"

V DOMINGO DA QUARESMA
Ano – A; Cor - roxo; Leituras: Ez 37,12-14; Sl 129 (130); Rm 8,8-11; Jo 11,1-45.

“EU SOU A RESSURREIÇAO E A VIDA. QUEM CRER EM MIM, MESMO QUE ESTEJA MORTO, VIVERÁ”.  (Jo 11,25).
Diácono Milton Restivo

Neste V Domingo da Quaresma a liturgia da Palavra transpira a pequenez do homem e a magnitude de Deus, a fragilidade do homem e a grandeza de Deus, o fim inevitável do homem, a morte, e a eternidade de Deus. O profeta Ezequiel transmite a palavra de Yahweh para um povo que já estava na sepultura, isto é, sem esperanças, sem objetivos, sem perspectivas de dias melhores, pois vivia um período de escravidão, submetido a outros povos, e Yahweh promete a esse povo devolver-lhe a vida de esperança e reconduzi-lo à liberdade, colocando-o, de volta, na sua terra de origem, derramando sobre esse povo o seu espírito de fortaleza: “Ó meu povo, vou abrir os seus túmulos, tirar vocês de seus túmulos, povo meu, e vou levá-los para a terra de Israel. Povo meu, vocês ficarão sabendo que eu sou Yahweh, quando eu abrir seus túmulos, e de seus túmulos eu tirar vocês. Colocarei em vocês o meu espírito, e vocês reviverão. Eu os colocarei em sua própria terra, e vocês ficarão sabendo que eu, Yahweh, digo e faço”. (Ez 37,12-14).
O Salmo é o grito de desespero do pecador transformado numa oração de súplica a Yahweh: “Das profundezas eu clamo a ti, Yahweh: Senhor, ouve o meu grito! [...] Yahweh, se levas em conta as culpas, quem poderá resistir?” (Sl 129 (130),1-2.3).
O Evangelho é o de João, e narra a ressurreição de Lázaro. Este acontecimento é narrado somente neste Evangelho. O Evangelho de João deixa claras três figuras importantes: Nicodemos (Jo 3,1-21), que é o símbolo do novo povo de Deus através do batismo: “Ninguém pode entrar no Reino de Deus, se não nasce da água e do Espírito” (Jo 3,5); o cego de nascença (Jo 9,1-41), que simboliza a comunidade que não tomou consciência de sua cegueira e mostra o conflito das autoridades religiosas que insistem em manter o povo na escuridão, e a ressurreição de Lázaro (Jo 11,1-57), que mostra que a vida plena da ressurreição já está presente naqueles que pertencem à comunidade de Jesus. A passagem da ressurreição de Lázaro narra o sétimo sinal de Jesus antes da sua ressurreição. Jesus era amigo dos irmãos Lázaro, Marta e Maria, que moravam em Betânia, cidade situada a leste do Monte das Oliveiras, próxima a Jerusalém, pouco menos de três quilômetros. Todas as vezes que Jesus saia da Galiléia com destino a Jerusalém, fazia uma parada na casa desses amigos, onde se alimentava e pernoitava antes de entrar na cidade de Jerusalém. Pela narrativa os irmãos moravam juntos e sós, e não tinham pais, considerando que Marta é apresentada como aquela que ordenava as coisas na casa, possivelmente a irmã mais velha. Maria, a irmã mais nova, “era aquela que tinha ungido o Senhor com perfume, e que tinha enxugado os pés dele com os cabelos”. (Jo 11,2; cf Jo 12,3). Um dia Lázaro foi vítima de uma grave doença: “Um tal de Lázaro tinha caído de cama. Ele era natural de Betânia, o povoado de Maria e de sua irmã Marta. Maria era aquela que tinha ungido o Senhor com perfume, e que tinha enxugado os pés dele com os cabelos. Lázaro, que estava doente, era irmão dela. Então as irmãs mandaram a Jesus um recado que dizia: ‘Senhor, aquele a quem amas está doente’”. (Jo 11,1-3). A doença demonstra carência de saúde e Marta e Maria sabiam que Jesus poderia suprir essa carência com a sua presença. A família de Marta, Maria e Lázaro, é a primeira comunidade joanina, onde existia a fraternidade e o amor, coisas únicas que valem para Deus. Jesus amava aquela família, aquela comunidade: “Ora, Jesus amava Marta. A irmã dela e Lázaro”. (Jo 11,5), e estava sempre pronto a atender a qualquer solicitação, pedido ou chamado dos seus amados. Lázaro ficou doente, avisaram a Jesus do que estava acontecendo e “Desde que o soube, Jesus disse: ‘Esta doença não terminará com a morte, ela servirá para a glória de Deus: é por ela que o Filho de Deus deve ser glorificado”. (Jo 11,4).  Jesus não escondia o seu afeto às pessoas, e esses três irmãos tinham um lugar especial no coração de Jesus, porque: “Jesus amava Mara, a irmã dela e Lázaro”. (Jo 11,5).  Por causa da sua gravidade e por ensejar a Jesus a realização do seu sinal mais expressivo, esta doença lhe dará oportunidade de manifestar a glória de Deus, que é também a sua: a ressurreição de Lázaro revela a filiação divina de Jesus: “Ele manifestou a sua glória, e seus discípulos acreditaram nele” (Jo 2,11b). Ao saber que Lázaro estava doente, Jesus não se apressou em ir visitá-lo, mas “ficou ainda dois dias no lugar em que estava” (Jo 11,6). As demoras de Jesus são sempre propositais para o bem de quem dele necessita e para a sua glória. Marta e Maria, as irmãs de Lázaro, não entenderam bem porque Jesus esperou quatro dias para ir ao encontro delas e se preocupar com Lázaro, mas o profeta Isaías responde a esse questionamento: “Entretanto, Yahweh espera a hora de mostrar piedade; ele toma a iniciativa de mostrar compaixão para com vocês, pois Yahweh é um Deus justo, Felizes os que nele esperam”. (Is 30,18).
Quando Jesus se deu conta que chegara o momento de ir ao encontro dos irmãos, disse aos seus discípulos: “Vamos outra vez à Judéia”. (Jo 11,7b). Os discípulos se preocuparam com essa atitude de Jesus e contestaram: “Mestre, agora há pouco os judeus queriam te apedrejar, e vais de novo para lá?” (Jo 11,8), porque, dias antes Jesus havia discutido com as autoridades religiosas judaicas e dito a elas: “O Pai e eu somos um”, e essas autoridades “pegaram pedras outra vez para apedrejar Jesus”,  e depois “tentaram outra vez prender Jesus, mas ele escapou das mãos deles”. (cf Jo 10,22-39). Jesus não se intimidou com o risco de ser preso ou apedrejado e se colocou a caminho, ao encontro de quem necessitava dele, e disse: “o nosso amigo Lázaro adormeceu, mas eu vou despertá-lo”. (Jo 11,11b).
A princípio, Jesus não estava falando de uma morte física; estava falando de uma morte espiritual. O incrédulo não está doente, mas sim está morto espiritualmente, como disse Paulo: “Vocês estavam mortos por causa das faltas e pecados que cometiam. Outrora vocês viviam nessas faltas e pecados, seguindo o modo de pensar deste mundo, seguindo o príncipe do poder do ar, o príncipe que agora age nos homens desobedientes. Antigamente também nós andávamos como eles, submetidos aos desejos da carne, obedecendo aos caprichos do instinto e da imaginação; como os outros, éramos por natureza, merecedores da ira de Deus. Mas, Deus que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, deu-nos a vida juntamente com Cristo, quando estávamos mortos por causa de nossas faltas”. (Ef 2,1-5). Quando um homem está fisicamente morto, ele não mais responde às coisas físicas. Quando um homem está espiritualmente morto, ele não responde às coisas espirituais que dizem respeito ao Reino de Deus. A morte física separa o espírito do corpo; a morte espiritual separa o homem de Deus. O que o pecador precisa acima de tudo é da vida, é de Jesus: “Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo 10,10).
Para Jesus, Lázaro está apenas adormecido, está dormindo, está entregue ao sono. “Os discípulos lhe disseram: ‘Senhor, se ele adormeceu, será salvo’. Na realidade Jesus quisera falar da morte de Lázaro, ao passo que eles imaginavam que falava do adormecimento do sono. Jesus disse-lhes, então, abertamente: ‘Lázaro morreu, e eu estou contente, por vossa causa, de não ter estado lá, a fim de que vós creais. Mas vamos a ele!” (Jo 11,12-15). Para os demais, aconteceu uma tragédia; Jesus encara esse fato como um sono passageiro, mas os demais como uma tragédia irreversível. “Quando Jesus chegou, já fazia quatro dias que Lázaro estava no túmulo”. (Jo 11,17). Jesus não se preocupou com o tempo nem quantos dias se passaram após a morte de Lázaro e quanto tempo ele havia sido sepultado, porque o pensamento de Deus não é pensamento dos homens: “os meus pensamentos não são os seus pensamentos, nem os seus caminhos os meus caminhos, diz o Senhor. Porque, assim como o céu é mais alto do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os seus caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os seus pensamentos”. (Is 55,8-9); “Há, porém, uma coisa que vocês, amados, não deveriam esquecer: para o Senhor um dia é como mil anos e mil anos como um dia”. (2P 3,8).
“Quando Marta soube que Jesus chegava, foi ao seu encontro, enquanto Maria continuou sentada em casa.” (Jo 11,20).  Marta se coloca no caminho da fé; vai ao encontro de Jesus, se lamenta pela ausência de Jesus no momento mais crucial: “Senhor, se estivesses estado aqui, o meu irmão não teria morrido.” (Jo 11,21), mas confia plenamente em Jesus: “Mas mesmo agora, eu sei que tudo o que pedires a Deus, Deus te dará”. (Jo 11,22). Jesus a consola e responde: “O teu irmão ressuscitará’. ‘Eu sei, respondeu ela, que ele ressuscitará por ocasião da ressurreição do último dia’. Jesus lhe disse: ‘Eu sou a Ressurreição e a Vida: aquele que crê em mim, mesmo que morra, viverá, e todo aquele que vive e crê em mim não morrerá jamais. Crês nisto’? ‘Sim, Senhor, respondeu ela, eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, Aquele que vem ao mundo’.” (Jo 11,23-27). Quando Marta diz: “eu creio” ela assume a sua fé e se torna evangelizadora e missionária, e partiu para levar a mensagem à sua irmã: “Dito isso ela partiu para chamar sua irmã, Maria, e lhe disse baixinho: ‘O Mestre está ai e te chama’.” (Jo 11,28).   Quem crê deve se transformar em evangelizador e missionário, e todos os evangelizadores e missionários tem que professar a sua fé e levar o chamamento do Mestre a todos. Marta foi convidada a dar um passo para a ressurreição; Marta representa as pessoas que tem fé; confia que vai dar certo e parte para chamar seus irmãos ao encontro de Jesus. Ao receber essa notícia de sua irmã, Maria, que estava sentada em sua casa (cf Jo 11,20), com várias pessoas que tentavam consolá-la pela morte do irmão, e essas pessoas “Viram-na levantar-se subitamente para sair, e a seguiram; imaginavam que ela fosse ao túmulo para aí se lamentar. Quando Maria chegou ao lugar onde Jesus estava, logo que o avistou, caiu aos seus pés e lhe disse: “Senhor, se tivésseis estado aqui, o meu irmão não teria morrido.” (Jo 11,31b-32).
Ao ter recebido a notícia de Marta de que “O Mestre está ai e te chama”, (11,28b), imediatamente Maria se levanta de onde estava chorosa, em sua casa de pêsames, desesperança e falta de vida, e leva consigo todos aqueles que estavam com ela e vai até onde está Jesus; ao receber a mensagem, Maria também dá o testemunho de sua fé, e leva todos até onde está Jesus; se transforma, também, em evangelizadora e missionária, levando todos ao encontro de Jesus. Ao chegar perto de Jesus e cair-lhe aos pés, prostrando-se diante dele, que é um sinal de reconhecimento da divindade de Jesus, Maria manifesta toda a sua pequenez diante de quem pode tudo, de quem é a “Ressurreição e a Vida.” (cf 11, 25). Jesus pergunta: “Onde vocês colocaram Lázaro”? Disseram: ‘Senhor, vem e vê’. (Jo 11,34). Nesse momento Jesus deixa transparecer sentimentos de sua natureza humana, e chora pela morte do amigo: “Então Jesus chorou; e os judeus diziam: ‘Vede como ele o amava’.” (Jo 11,34-36). Jesus amava Lázaro, um componente daquela comunidade de fraternidade e amor, e chora; com certeza, é esse o sentimento de quem vê uma pessoa amada na marginalidade, morta e desconsiderada pela sociedade. A incredulidade e julgamentos precipitados pairavam até naquele ambiente de luto, e alguns comentaram: “Um que abriu os olhos do cego, não poderia ter impedido que esse homem morresse?” (Jo 11,37). Malditos julgamentos. Malditos comentários. Malditas línguas. Não acontece isso nas nossas comunidades? Mas Jesus ignorou a maledicência e prosseguiu nas suas atitudes para confortar as irmãs enlutadas. “Jesus, contendo-se de novo, chegou ao túmulo. Era uma gruta fechada com uma pedra. Jesus falou: ‘Tirem a pedra’.” (Jo 11,38). Ordem que, à primeira vista, pareceu absurda e Marta, a irmã do defunto tenta contornar a situação: “Senhor, ele já deve estar cheirando mal. Faz quatro dias...” (Jo 11, 39).
Quantos homens já estão colocados no sepulcro da sociedade, lacrado pela pedra do descaso, do abandono, da indiferença, da descrença, da incredulidade e da falta de crédito, e ninguém mais se interessa por eles; afinal das contas, eles não tem mais remédio, são caso perdido. Quando aparece uma alma generosa que os queiram ajudar, a sociedade reage e diz: “não adianta, esse não tem mais jeito, nem ser ajudado mais ele quer, faz tanto tempo que ele está nessa situação, está até cheirando mal... fedendo...”.
Mas, para Jesus, não existe ninguém totalmente perdido, totalmente morto, e Jesus responde: “Eu não lhe disse que se você acreditar, verá a glória de Deus?” Tiraram, pois, a pedra.  Jesus ergueu os olhos para o alto e disse: ‘Pai, eu te dou graças por me ouviste. Eu sei que sempre me ouves. Mas eu falo por causa das pessoas que me rodeiam, para que acreditem que tu me enviaste’.” Ato contínuo, Jesus gritou bem forte, para que todos o ouvissem: “Lázaro, sai para fora”. (Jo 11,40-43). E Lázaro, que tinha estado morto até então, obedeceu à ordem de Jesus e saiu do túmulo e “tinha os braços e as pernas amarrados com panos e o rosto coberto com um sudário”. (Jo40-44a).
Há três ressurreições mencionadas nos Evangelhos, além da ressurreição do próprio Jesus. Jesus ressuscitou uma menina de doze anos, filha de Jairo, logo depois dela ter morrido (Lc 8,49-56). Ressuscitou o filho da viúva de Naim (Lc 7,11-17). Agora Jesus ressuscita Lázaro que estava na sepultura por quatro dias (Jo 11,1-45). Aqui temos um retrato de três tipos de pecadores: uma criança que, se não for bem orientada e educada pode ser uma sementeira de coisas desagradáveis aos olhos de Deus. O jovem que já julga ser dono da sua vida, fazendo os pais chorarem pelos seus desmandos. O adulto que já acha que pode conduzir sua vida sem a ajuda de ninguém, muito menos de Deus. Todos os três estavam mortos, e Jesus os ressuscitou. Uma pessoa não pode ser “mais morta” que outra. A única diferença estava no grau de deterioração. Para a menina, Jesus a toma pela mão, e ordena: “Menina, levante-se.” (Lc 8,54). Ao jovem Jesus disse: “Jovem, eu lhe ordeno, levante-se.” (Lc 7,14). Para Lázaro Jesus diz: “Lázaro, sai para fora”. (Jo 11,43). Para a menina Jesus determinou que lhe dessem de comer, porque o seu estado de desnutrição, tanto física como espiritual era patente. Ao jovem Jesus o devolveu para sua mãe, porque ele estava ausente das coisas da família e de Deus. A Lázaro Jesus determina: “Desamarrem e deixem que ele ande”. (Jo 11,44b). O adulto se encontra amarrado com os compromissos que o isolam de Deus e que impedem que ele caminhe na vida verdadeiramente voltada para o alto. O adulto já estava em estado de decomposição. Mas, “para Deus, nada é impossível” (Lc 11,37).
A princípio Jesus chama a atenção de Marta, não porque ela não tivesse fé, mas porque ela julgava a morte de seu irmão um fato consumado e irreversível, e o Mestre já não deveria mais se desgastar com isso; mas a força que supera a morte irreversível chama-se amor, e é o amor que inicia o processo de conversão; mas em se tratando de amor e fraternidade, frutos divinos de uma comunidade, não existe morte irreversível; já haviam lacrado o túmulo com a pedra sepulcral, como lacramos o túmulo do irmão que não nos é bem quisto e nem bem visto; do irmão desconsiderado pela sociedade, morto para a sociedade, marginalizado pela sociedade. Enrolamos esse irmão em faixas, atamos seus pés e mãos, cobrimos seu rosto com um pano para que ele perca sua identidade e o lacramos com a pedra sepulcral... Mas, Jesus chega para esse irmão e grita com voz forte: “vem para fora” (Jo 11,43), e esse irmão volta à vida da sociedade, à vida da família, à vida da fraternidade, à vida do amor, andando, sim, “E aquele que tinha estado morto saiu, com os pés e as mãos atadas e o rosto envolto num pano. Jesus lhes disse: ‘Desatai-o e deixe-o ir’!” (Jo 11, 44).  E ai entra a participação e a colaboração da comunidade de amor e fraternidade no plano de devolver vida, cidadania e dignidade ao irmão; Jesus pede a colaboração da comunidade; a ressurreição ainda estava imperfeita, porque o irmão ainda estava preso por amarras, e a sua ressurreição se torna perfeita com a participação da comunidade que o liberta das amarras e o deixa andar, o deixa viver e lhe devolve a dignidade de membro da comunidade de filho de Deus. O amor de Jesus por Lázaro não morre e é esse amor que o trás à vida: o amor de Jesus por cada um de nós não morre, e é esse amor que nos dá a liberdade e a dignidade de filhos de Deus.  Lázaro é a ovelha perdida que volta à vida ao ouvir a voz do Pastor.
A intenção do Evangelista, não é mostrar algo maravilhoso, mas a conversão do ser humano...
“Muitos dos judeus que tinham vindo à casa de Maria e haviam visto o que Jesus fizera creram nele. Mas outros foram ter com os fariseus e lhes contaram o que Jesus fizera.” (Jo 11, 45-46).  Muitos viram o sinal e acreditaram em Jesus; em contrapartida, outros não, e levaram isso ao conhecimento dos que queriam a morte de Jesus. Os sinais provocam reações diversas: fé ou oposição brutal (cf Jo 7,43; 9,16; 10,19). “Que faremos? Esse homem opera muitos sinais.” (Jo 11,47b), disseram os sumos sacerdotes e os fariseus; mas, este último sinal vai provocar em Jerusalém, a decisão de levar Jesus à morte...
Mais profundamente, ainda, a doença e a ressurreição de Lázaro constituem o ponto de partida da série dos acontecimentos que conduzirá à morte de Jesus, considerando que as autoridades religiosas se reuniram para decidir o destino de Jesus: “Que é que vamos fazer? Este homem está realizando muitos sinais. Se deixarmos que ele continue assim, todos vão acreditar nele. [...] É melhor um só homem morrer pelo povo, do que a nação inteira perecer. [...] A partir desse dia, as autoridades dos judeus  decidiram matar Jesus”. (cf Jo 11,45-54), quer dizer, a doença e a morte de Lázaro seria o fiel da balança para definir a glorificação de Jesus na cruz e pela cruz. A todos os que crêem será oferecida, deste modo, a possibilidade de participar da sua ressurreição, já que pela cruz se realizará finalmente a manifestação da glória escatológica (cf Jo 12,16.23.28; 13,31-32; 17,1-5).
Depois de sua ressurreição por Jesus, Lázaro também passou a ser perseguido pelas autoridades religiosas judias por ele ter voltado à vida da graça e sido fiel seguidor de Jesus: “Muitos Judeus ficavam sabendo que Jesus estava aí em Betânia. Então foram ai, não só por causa de Jesus, mas também para verem Lázaro, que Jesus havia ressuscitado dos mortos. Então os chefes dos sacerdotes decidiram matar também Lázaro, porque, por causa dele, muitos judeus deixavam seus chefes e acreditavam em Jesus.” (Jo 12,9-11). 
Dá para entender???

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