segunda-feira, 14 de novembro de 2011

24º DOMINGO DO TEMPO COMUM -ANO "A"

XXIV DOMINGO DO TEMPO COMUM
Ano – A; Cor – verde; Leituras: Eclo 27,33 – 28,9; Sl 102 (103); Rm 14,7-9; Mt 18,21-35.

“NÃO LHE DIGO QUE ATÉ SETE VEZES, NAS ATÉ SETENTA VEZES SETE”.
(Mt 18,22)

Diácono Milton Restivo

O livro do Eclesiástico é assunto da primeira leitura da liturgia deste domingo. O Eclesiástico é um livro riquíssimo em ensinamentos. Boa parte do conteúdo do livro é dedicada a louvar a Deus e incitar à virtude religiosa. Alguns temas contidos neste livro são: bom comportamento, temor de Deus, amizade, respeito aos anciãos, recomendações sobre as mulheres, a riqueza, a pobreza, a doença, a medicina, os deveres de estado. Outro tema mais teológico é o saber: a gloria de Deus.
Com efeito, de entre os livros Sapienciais, é este o mais rico de ensinamentos práticos, apresentados de um modo paternal e persuasivo. Apesar de se lhe chamar também “Sirácide ou Sirácida”, derivado de uma forma alternativa de “Sirac”, os principais manuscritos gregos usam o título de “Sabedoria de Jesus, filho de Sirac” (50,27) ou então, “Sabedoria de Sirac”.
Na Igreja Latina o Eclesiástico  é chamado “Livro da Igreja” porque, na igreja primitiva, era utilizado com frequência para a instrução dos fiéis. Está relacionado entre os livros sapicienciais da Bíblia (como o Eclesiastes, com o qual não se confunde Salmos, Provérbios e outros). Desde os primeiros séculos do Cristianismo o nome mais comum para designar este livro é Eclesiástico (do latim “Ecclesiasticus liber”), o que significa o livro da igreja ou da assembléia. São Cipriano, bispo da Igreja, falecido em 248, parece ter sido o primeiro a usar esse nome, devido ao uso que dele se fazia para os ensinos catequéticos na Igreja antiga. Com efeito, de entre os Livros Sapienciais, é este o mais rico de ensinamentos práticos, como já disse acima, apresentados de um modo paternal e persuasivo. Infelizmente os nossos queridos irmãos que se denominam evangélicos, crentes e ou protestantes, não têm a graça de ter na sua Bíblia este livro, não partilhando, desta forma, da riqueza dos ensinamentos transmitidos por este escrito, como vemos na leitura apresentada deste domingo.

A leitura apresentada nesta oportunidade chama a atenção ao rancor e à raiva, que são detestáveis (cf Eclo 27,33) e “quem se vingar encontrará a vingança do Senhor, que pedirá severas contas dos seus pecados.” (Eclo 28,1). Este texto do Eclesiástico abre as portas para a oração do Pai Nosso: “Perdoe a injustiça que seu próximo cometeu e, quando você pedir, Deus também perdoará os pecados que você tiver cometido.” (Eclo 28,2), conforme consta em Lucas: “... e perdoa-nos os nossos pecados, pois nós também perdoamos a todos aqueles que nos devem...” (Lc 11,4), e mais: “Se um homem guarda rancor contra outro, como poderá pedir que Deus o cure? Se não usa de misericórdia para com seu semelhante, como se atreve a pedir perdão de seus próprios pecados?” (Eclo 28,3-4), conforme consta em Mateus: “De fato, se vocês perdoarem aos homens os males que eles fizeram, o Pai de vocês que está no céu também perdoará a vocês. Mas se vocês não perdoarem aos homens, o Pai de vocês também não perdoará os males que vocês tiverem feito.” (Mt 6,14-15). E esta leitura termina alertando sobre a exasperação, e que a discórdia é sempre ocasião de violência, que gera o pecado: “Fique longe de discussões, e você evitará o pecado, porque o homem raivoso atiça a briga. O homem pecador provoca discórdia entre os amigos e desavença entre os que vivem em paz.” (Eclo 28,8-9).
O Salmo 102 (103) também versa sobre a misericórdia e benevolência de Yahweh: “Bendiga a Yahweh, ó minha alma, e não esqueça nenhum dos seus benefícios. Ele perdoa suas culpas todas, e cura todos os seus males. [...] Yahweh é compaixão e piedade, lento para a cólera e cheio de amor. [...] Nunca nos trata conforme os nossos erros, nem nos devolve segundo as nossas culpas. [...] Como um pai é compassivo com seus filhos, Yahweh é compassivo com aqueles que o temem. [...] O amor de Yahweh existe desde sempre, e para sempre existirá para aqueles que o temem.” (Sl 102 (103),2-3.8.10.13.17).
Como podemos observar, a liturgia de hoje evoca o perdão e a misericórdia e é a continuação do Evangelho do domingo passado que tratou da correção fraterna. Pedro, aproveitando-se dos ensinamentos de Jesus a respeito da correção fraterna, faz-lhe uma pergunta que, à primeira vista, evoca egoísmo, desejo de vingança e intolerância: “Senhor, quantas vezes devo perdoar se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?” (Mt 18,21). Havia, entre os judeus do tempo de Jesus, um conceito de que o ofendido deveria perdoar o ofensor até, no máximo, sete vezes, talvez apoiado numa passagem do Antigo Testamento que diz: “É que Caim é vingado sete vezes, mas Lamec, setenta e sete vezes.” (Gn 4,24).
Talvez, apoiado nesse conceito, Pedro aproxima-se de Jesus e pergunta-lhe: “Senhor, quantas vezes devo perdoar ao irmão que pecar contra mim? Até sete vezes?” (Mt 18,21). Entre os judeus contemporâneos de Jesus, era comum a limitação das coisas. Imaginavam que, fazendo a coisa por um determinado tempo ou algumas vezes repetidas, e se alcançassem resultado satisfatório ou não, poderiam desistir, sem remorsos e sem incorrerem no risco de, por isso, cometerem algum erro ou pecado. Até então, para o perdão havia uma limitação; até sete vezes alguém poderia ser perdoado. Cada um, assim julgavam eles, poderia perdoar, no máximo, até sete vezes quando alguém o ofendia. E Pedro não perde a oportunidade de consultar o Mestre sobre a validade desse preceito dos judeus. Mas Jesus não fica apenas no “setenta vezes sete”, e complementa; “Se teu irmão pecar, repreende-o e se ele se arrepender, perdoa-lhe. E caso ele pecar contra você sete vezes por dia e sete vezes retornar, dizendo: Estou arrependido, você lhe perdoará.” (Lc 17,3-4). A maioria dos números nas Sagradas Escrituras não tem um sentido matemático, mas simbólico. Na Bíblia, nem sempre dois mais dois são quatro. O número sete expressa a realização completa de uma coisa; significa evocar a presença divina como testemunha. Mas, para Jesus, não deve haver limitações de quantas vezes deve-se perdoar o ofensor, principalmente quando o irmão nos procura arrependido e pedindo perdão de alguma falha contra nós. Quantas vezes devemos perdoar o irmão que peca contra nós? Os judeus diziam “sete vezes”. E Jesus estende esse número ao infinito: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete.” (Mt 18,22), isto é sempre... sempre... sempre...
 O perdão das ofensas já era ensinado na Lei de Moisés, talvez não com a conotação que Jesus lhe dá nos seus ensinamentos. O livro do Levítico diz: “Não guarde ódio contra o seu irmão. Repreenda abertamente o seu concidadão, e assim não carregará o pecado dele.” (Lv 19,17), muito embora em Êxodo não haja tanta complacência a ponto de contradizer a lei do não ódio: “... olho por olho, dente por dente, pé por pé, queimadura por queimadura, ferida por ferida, golpe por golpe.” (Ex 21,24-25). Talvez, na cabeça de Pedro tenha havido essa confusão: devo ou não devo perdoar? E se eu for perdoar, até quando devo fazer? A lei de Moisés era confusa, considerando que uma hora dizia que devia perdoar, outra hora incentivava a vingança na mesma violência em que havia sido cometida a agressão ou desaforo. E não ficava por ai. Existiam mais recomendações para que se punisse e cometesse vingança: “Se alguém ferir o seu próximo, deverá ser feito para ele aquilo que ele fez para o outro: fratura por fratura, olho por olho, dente por dente. A pessoa sofrerá o mesmo dano que tiver causado a outro.” (Lv 24,19-20), e ainda mais: “Não tenha piedade: vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé.” (Dt 19,21).
A Lei de Moisés, ainda que falasse sobre o perdão, incentivava muito mais ao castigo, revanche e vingança. Talvez por isso Pedro quisesse saber quando que poderia começar punir quem o tivesse ofendido. Mas Jesus abre o leque da misericórdia de Deus: “Não lhe digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete.” (Mt 18,22). E nós, quantas vezes perdoamos? Não chegamos a perdoar duas ou três vezes, quanto mais sete... Quando alguém age conosco da maneira que não gostamos ou que atinge a nossa sensibilidade, simplesmente nos separamos dessa pessoa, a deixamos de lado, a ignoramos, a isolamos e dificilmente perdoamos o que ela, talvez, num momento difícil de sua vida, ou psicologicamente abatida, tenha feito e nos ofendido. Ou, se a perdoarmos e ela tornar a cometer qualquer outra falta contra nós, de imediato fazemos o nosso julgamento e damos o nosso veredicto: “eu já a perdoei uma vez, não a perdôo mais...” Pelo menos nesse ponto os judeus eram mais generosos que nós; os preceitos religiosos deles diziam para perdoar até sete vezes e nós, dificilmente, perdoamos por duas vezes a mesma pessoa. Que falta de generosidade; que falta de cristianismo. Pedro pergunta ao Mestre: “Senhor, quantas vezes devo perdoar o meu irmão que pecar contra mim? Até sete vezes?” (Mt 18,21). E Jesus, com toda a sua misericórdia, compreensão e reconhecendo a fragilidade humana, deixa claro que a caridade e o amor estão acima de qualquer ofensa, e responde: “Não te digo até sete vezes, mas setenta vezes sete.” (Mt 18,22), isto é, infinitamente, perdoar sempre, sem ter a preocupação de contar quantas vezes se está perdoando.
Sempre que alguém precisar do nosso perdão, não podemos negá-lo. Sempre que alguém pedir o nosso perdão, não podemos deixar de dá-lo sob pena de não sermos perdoados pelo nosso Pai que está nos céus porque, na oração do Pai Nosso que nos foi ensinada por Jesus, repetimos: “Perdoa as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido.” (Mt 6,12), ou seja, para que o Pai nos perdoe, Jesus coloca uma condição: precisamos perdoar a quem nos tem ofendido, e depois complementa: “Porque se vocês perdoarem os homens as suas ofensas, também o Pai Celeste perdoará vocês. Mas se vocês não perdoarem os homens, tão pouco o Pai de vocês perdoará os seus pecados.” (Mt 6,14-15). Na primeira leitura tirada do livro do Eclesiástico, temos essa maravilhosa mensagem que nos ensina como devemos perdoar o irmão para obter o perdão de Deus: “O rancor e a cólera, também esses são abomináveis, o pecador os possui. Aquele que se vinga, encontrará a vingança do Senhor que pedirá minuciosa conta de seus pecados. Perdoa ao teu próximo a injustiça, e então, ao rezares, ser-te-ão perdoados os teus pecados. Um homem guarda rancor contra outro: e pede perdão a Deus? Para com o seu semelhante não tem misericórdia, e pede perdão de seus pecados? ” (Eclo 27,30 – 28-1-4).
O perdão é atitude e iniciativa de uma alma generosa. Somente perdoa quem tem Deus consigo. Somente perdoa quem tem consciência que também erra, e todos os que erram necessitam do perdão do próximo e do perdão de Deus. Todos os dias, quando recitamos a oração do Pai Nosso, dizemos: “Perdoa as nossas ofensas assim como nós também perdoamos a quem nos tem ofendido.” (Mt 6,12).
Só recebe o perdão do Senhor quem perdoa o seu irmão. Quantas vezes o Senhor nosso Deus nos perdoa? Todas as vezes que, com sinceridade, lhe pedimos perdão. Quantas vezes devemos perdoar o nosso irmão? Todas as vezes que ele nos ofender porque, se não perdoarmos aquele que nos tem ofendido, como podemos esperar de Deus o perdão dos nossos pecados? Perdoar não é somente uma, duas vezes; perdoar é, como nos diz Jesus: é setenta vezes sete, isto é, sempre, infinitamente, eternamente. Todas as vezes que perdoamos o nosso irmão adquirimos crédito junto ao Pai Nosso que está nos céus e podemos ter certeza que, quando errarmos e pedirmos perdão, ele nos atenderá e nos perdoará, e devemos considerar que os nossos pecados contra o Senhor são bem maiores que as ofensas que recebemos de nossos irmãos. Não poderíamos jamais recitar a oração do Pai Nosso se guardamos algum rancor no coração contra qualquer irmão.     
Jesus insiste muito no perdão em seus ensinamentos: “Se irmão teu pecar, repreende-o e se ele se arrepender, perdoa-lhe. E caso ele pecar contra ti sete vezes por dia e sete vezes retornar, dizendo: Estou arrependido, tu lhe perdoarás.” (Lc 17,3-4). Não pode rezar a oração do Pai nosso quem ofende e não pede perdão; não pode rezar a oração do Pai Nosso quem é ofendido e não perdoa, porque o Mestre também disse: “Portanto, se você estiver para trazer a sua oferta ao altar e ali se lembrar de que o seu irmão tem alguma coisa contra você, deixa a sua oferta ali diante do altar e vai primeiro reconciliar-se com o seu irmão; e depois venha apresentar a sua oferta.” (Mt 5,23-24). Jesus levou tão a sério os seus ensinamentos sobre o perdão que antes de dar o último suspiro na cruz ainda teve forças para se dirigir ao Pai e, num último esforço, perdoou todos aqueles que tanto mal lhe haviam causado tirando-lhe até a própria vida e da maneira mais cruel possível: “Pai, perdoa-lhes; não sabem o que fazem.” (Lc 23,34).
E Jesus sabia que, para entender que o perdão não se resume em quantas vezes se perdoa, colocando que deveria perdoar setenta vezes sete, ou seja, até quatrocentas e noventa vezes, isto é, o número levado ao infinito, conta a parábola do rei que cobra de seu súdito e empregado uma dívida antiga e muito grande, que realmente o devedor jamais teria condições de saldá-la. Se não tinha como pagar a dívida, o próprio devedor deveria pagá-la com o seu trabalho escravo, acrescendo na divida todos os seus bens, inclusive seus familiares. O empregado desespera-se e “caiu aos pés do patrão e, ajoelhado, suplicava: ‘Dá-me um prazo. E eu pagarei tudo.” (Mt 18,26). O patrão condoeu-se com a súplica do empregado, mandou-o embora, perdoando-lhe a dívida. Mas, não demorou muito, aquele empregado encontrou um seu devedor que lhe devia uma quantia infimamente menor do que aquela da qual ele havia sido perdoado. O que ele devia ao seu patrão e fora perdoado eram dez mil talentos, o que correspondia à quantia exorbitante de quase cento e setenta toneladas de ouro, e o que o seu devedor lhe devia não passava da insignificância de cem denários, menos de trinta gramas de ouro. E Jesus narra essa cena da seguinte maneira: “Ao sair daí, esse empregado encontrou um de seus companheiros que lhe devia cem denários. Ele o agarrou e começou a sufocá-lo, dizendo: ‘Pague logo o que me deve’. O companheiro, caindo aos seus pés, suplicava: ‘Dê-me um prazo, e eu pagarei a você’. Mas o empregado não quis saber disso. Saiu e mandou jogá-lo na prisão, até que pagasse o que devia.” (Mt 18, 28-30). A parábola do servo cruel está focada neste tema: o homem é perdoado de uma quantia exorbitante, mas não perdoa o irmão que lhe deve centavos. Quando se tratou de ser perdoado pelo rei que lhe havia emprestado uma quantia enorme de dinheiro, e não tinha com que pagar, o servo suplicou-lhe clemência e tempo. Comovido, o rei deixou-o partir, perdoando-lhe toda a dívida. Logo em seguida, porém, ao encontrar um companheiro que lhe devia uma quantia irrisória, foi incapaz de sensibilizar-se quando este lhe pediu tempo e clemência para quitar seu débito. E mandou aprisioná-lo. O rei, ao saber do fato, fica indignado e mandou chamar o empregado cruel e lhe disse: “Empregado miserável! Eu lhe perdoei toda a sua dívida, porque você me suplicou. E você não devia também ter compaixão do seu companheiro, como eu tive de você? (Mt 18,32b-33). E Jesus complementa dizendo que o patrão, indignado entregou o empregado aos torturadores até que lhe fosse pago toda a dívida.
Só é capaz de perdoar o próximo quem, de fato, faz a experiência de sentir-se perdoado por Deus. Pelo contrário, quem se mostra inflexível e incapaz de perdoar, dá mostras de não reconhecer o quanto foi perdoado por Deus. A insensibilidade em relação ao dom recebido de Deus torna impossível a concessão de perdão ao próximo. A simples consciência da imensidade do perdão recebido de Deus deveria ser suficiente para motivar as pessoas a perdoar.
Será que somos diferentes desse empregado injusto e cruel? Temos consciência dos bens que recebemos de graça de Deus e não os valorizamos como deveríamos valorizá-los?  Tudo o que temos e somos foram nos dado pelo Pai de graça: a vida, a saúde, um corpo perfeito, o ar que respiramos, o sol, a lua, as estrelas, o campo repleto de flores multicores, as aves multicores com seus cantos que encantam, uma família estruturada, esposa, esposo, filhos perfeitos... E o que ele nos pede em troca? O cumprimento de um novo mandamento que ele nos dá: “O meu mandamento é este: amem-se uns aos outros, assim como eu amei vocês. Não existe maior amor do que dar a vida pelos seus amigos. [...] Assim como meu Pai me amou, eu também amei vocês; permaneçam no meu amor.” (Jo 15,12-13.9). O perdão é a manifestação do amor.
Chiara Lubik estava inspirada e foi muito feliz quando escreveu: Perdoar. Perdoar sempre. O perdão não é esquecimento, que, muitas vezes, significa não querer encarar a realidade. O perdão não é fraqueza, que significa não considerar uma ofensa por medo do mais forte que a cometeu. O perdão não consiste em achar sem importância o que é grave ou como um bem o que é mal. O perdão não é indiferença. O perdão é um ato de vontade e de lucidez, e, portanto, de liberdade, que consiste em acolher o irmão e a irmã do jeito que eles são, apesar do mal que nos possam ter causado, da mesma forma como Deus acolhe a nós, pecadores, apesar dos nossos defeitos. O perdão consiste em não responder à ofensa com outra ofensa, mas em fazer aquilo que diz Paulo: "Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal pelo bem" (Rm 12,21). O perdão consiste em você abrir, para quem o prejudica, a possibilidade de estabelecer um novo relacionamento com você e, portanto, para ele e para você, a possibilidade de recomeçar a vida, de ter um futuro no qual o mal não tenha a última palavra. "Digo-te, não até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes".
Não nos esqueçamos a insistência de Jesus sobre o perdão: “Quando vocês estiverem rezando, perdoem tudo  o que tiverem contra alguém, para que o Pai de vocês que está no céu também perdoe os pecados de vocês. Mas se vocês não perdoarem, o Pai de vocês que está no céu não perdoará os pecados de vocês.” (Mc 11,25-26).

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