BEM AVENTURADA BÁRBARA MAIX (IRMÃ
MARIA BÁRBARA DA SANTÍSSIMA TRINDADE)
Bárbara
nasceu em Vierna, no dia 27 de junho de 1818, filha de Joseph Maix e Rosália
Mauritz.
Seu pai era camareiro do Imperador no Palácio de Schoonbrunn, mas sua
família vivia em uma situação econômica bastante precária.
A desnutrição
ocasionou a morte de vários filhos do casal. Quando completou quinze anos de
vida, Bárbara já estava órfã de pai e mãe.
As cinco irmãs perderam inclusive a
casa em que viviam. Enfrentando a vida praticamente sozinha, fez curso de
modista, habilitando-se a ensinar corte e costura, bordado e artes femininas.
Passava horas inteiras em oração na Igreja de Nossa Senhora da Escada, onde, à
luz da pregação dos padres redentoristas, percebeu a necessidade de se empenhar
na solução dos graves problemas sociais de Viena.
A jovem Bárbara pensou em
fundar uma congregação religiosa dedicada ao Imaculado Coração de Maria, e em 1843
abriu uma pensão destinada a acolher moças desempregadas. Bárbara conseguiu
reunir mais 17 jovens, que eram guiadas sob a orientação espiritual e apoio do
padre redentorista João Nepomuceno Pöckl.
Em 1848 ocorria a revolução liberal
em Viena, perseguindo a Igreja Católica e diversas congregações religiosas.
Bárbara e suas companheiras, que já contavam com 21, foram obrigadas a
abandonar sua residência e forçadas pelas circunstâncias, decidiram ir para a América
do Norte.
Enquanto aguardavam, no porto de Hamburgo, aportou um barco com
destino ao Brasil, e entendeu Bárbara ser esta a vontade de Deus. Decidiu
partir, e acompanhou-as o Pe. Pöckl, que também tencionava fundar a Congregação
das Irmãs do Imaculado Coração de Maria, e mais dois jovens da família
Hamberger.
Chegaram ao Brasil, na cidade do Rio de Janeiro em 09 de novembro de
1848, sem dinheiro, sem conhecimento de ninguém, sem saber o idioma, com fome,
mas cheias de confiança no auxílio divino e na proteção da Virgem Maria.
A
pedido de Dom Manuel do Monte Rodrigues de Araujo, Bispo do Rio de Janeiro,
foram acolhidas pelas Irmãs Concepcionistas, por seis meses. Particularmente,
preparavam-se para o dia da vestição religiosa, que ficou marcada para o dia 08
de maio de 1849. Emitiram os votos religiosos e ficou ereta, juridicamente, a
Congregação do Imaculado Coração de Maria, já com 22 membros.
Madre Bárbara
recebeu o nome religioso de Madre Maria Bárbara da Santíssima Trindade. Bárbara
sentia-se comprometida com os pobres e necessitados. Acolhiam mulheres que
procuravam asilo, dedicavam-se à educação das jovens mais abandonadas e
cuidavam dos doentes.
As primeiras experiências de trabalho pastoral junto ao
povo foram nos colégios, e ocorreram em circunstâncias adversas para a
Congregação, pois eram pobres, não tinham casa própria, experimentavam muitas
privações e insegurança.
Madre Bárbara estava sempre aberta a acolher os
necessitados, assim, devido ao problema da orfandade no Brasil, que ia se
agravando em consequência das epidemias e da Guerra do Paraguai, Madre Bárbara
passou a prestar serviço em
diversos Asilos do Império: em \niteroi, Pelotas e em \porto
Alegre.
As Irmãs cuidavam também dos empestados e vítimas a guerra. Foram grandes
e incontáveis os sofrimentos da Fundadora. Nos Asilos mantidos por sociedades
leigas, pertencentes à maçonaria, Bárbara sofreu toda sorte de hostilidade.
Lutas e contradições, dificuldades de toda espécie foram, aos poucos,
consolidando e definindo posições das Irmãs com relação à Fundadora.
Um grupo
de Irmãs do Asilo de Pelotas, influenciado e apoiado pela Diretoria, separou-se
da Congregação. Em Porto Alegre, algumas religiosas apresentaram a Dom
Sebastião Dias Laranjeira, Bispo do Rio Grande do Sul, acusações contra a
Fundadora, ocasionando a visita canônica ao Asilo Providência, onde residia
Madre Bárbara.
Críticas infundadas e calúnias difamaram a fundadora e as irmãs
que lhe eram fiéis. Bárbara sofreu muito. Na sua simplicidade e humildade,
aceitou mais essa provação e deixou a cidade de Porto Alegre. Nas suas cartas
ofereceu a todas o seu perdão.
Aos 31 de dezembro de 1870, Bárbara partiu para
o Rio de Janeiro, onde assumiu a Escola Doméstica, destinada a acolher moças
órfãs, e aí permaneceu até um mês antes de sua morte. Bárbara Maix faleceu na
cidade do Rio de Janeiro, no bairro do Castumbi, onde morava com quatro
religiosas numa casa emprestada. Era de saúde frágil, sofria da asma e de
problemas cardíacos.
No dia 17 de março de 1873, sentiu-se mal após a missa, e
acompanhada por uma religiosa, sentou-se em sua cadeira de braços onde muitas
vezes passava as noites nos momentos de crise, e faleceu com um sorriso nos
lábios, um sorriso de paz. Tinha 54 anos, sua fé foi imbatível. Deixou o perdão
como herança, e a todos o perfume da sua santidade.
A partir de então suas
acusadoras começaram a reconhecer suas virtudes e penitenciar-se pelo mal
cometido contra ela. Algum tempo após sua morte foram encontradas entre suas
correspondências, as cartas datadas de 1872, e que Madre Jacinta havia escrito
às autoridades eclesiásticas e ao Imperador contando toda a verdade sobre o
acontecido e retratando-se, pedindo perdão à fundadora.
Madre Bárbara guardara
estas cartas, que depois de lidas pelas autoridades lhe foram entregues, para
evitar a humilhação de suas seguidoras perante a Igreja e o governo Imperial.
Em
1957 seus restos mortais foram transladados para Porto Alegre onde se encontram
na Capela São Rafael, no centro da capital.
A fase do processo de Beatificação
foi iniciado, em fase diocesana, no ano de 1993.
Em 29 de abril de 2003 teve a
aprovação da comissão histórica da Congregação para a Cusa dos Santos. O
decreto de suas virtudes heroicas aprovado aos 03 de julho de 2008; e o decreto
do milagre aprovado no dia 27 de março de 2010 em consistório pelo Papa Bento
XVI.
Milagre este que ocorreu no interior do Rio Grande do Sul em uma região
próxima a Caxias do Sul, quando no dia 10 de julho de 1944 um menino, Onorino
Ecker, de quatro anos de idade sofreu queimaduras de terceiro grau quando
brincava com seus irmãos.
O menino foi levado, a pé, para o hospital,
localizado em Santa Lúcia do Piaí que ficava cerca de 15 km de sua casa.
Durante a sua internação sofreu convulsões e os médicos davam seu caso como
perdido, restando apenas um milagre para o tirar daquela situação. Foi quando
uma enfermeira e também freira da Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de
Maria. Iniciou junto com os pais do menino uma novena pedindo a intercessão da
fundadora Bárbara Maix.
A criança foi se recuperando milagrosamente e no dia 25
do mesmo mês, o menino recebeu alta do hospital totalmente curado. A Venerável
Bárbara Maix foi beatificada no dia 06 de novembro de 2010, na cidade de Porto
Alegre (primeira beatificação na capital gaúcha) em celebração presidida pelo
prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, o arcebispo Dom Ângelo Amato
(Por motivos de saúde Dom Amato não pode comparecer a Beatificação, ato que foi
presidido pelo Núncio Apostólico no Brasil, Dom Lorenzo Baldissieri).
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