DÉCIMO MANDAMENTO - NÃO COBIÇAR AS COISAS
ALHEIAS
""Não cobiçarás a casa do
teu próximo... nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu
jumento, nem coisa alguma do teu próximo." (Ex 20,17).
O décimo mandamento se refere e proíbe a cobiça dos bens dos outros, raiz do roubo, da rapina e da fraude, que o sétimo mandamento proíbe. A cupidez (cobiça) tem sua origem, como a fornicação (praticar o coito, importunar), na idolatria proibida nas três primeiras prescrições da Lei. O décimo mandamento resume, junto com o nono, todos os preceitos da Lei.
I - "A desordem das concupiscências"
O apetite sensível nos faz
desejar aquilo que não temos. Por exemplo, comer quando temos fome, ou nos
aquecermos quando temos frio. Estes desejos não são maus, mas muitas vezes
extrapolam os limites da razão e nos fazem desejar injustamente aquilo que não
é nosso. O Décimo mandamento nos proíbe o desejo de uma apropriação desmedida
dos bens terrenos; proíbe a cobiça desmedida vinda da paixão imoderada pelas riquezas
e de seu poder. Quando desejamos obter as coisas dos outros, mas de modo
justo, não violamos este mandamento.
Aqui temos as características das pessoas
que mais devem lutar contra as suas concupiscências: - Os comerciantes que
desejam os preços altos dos produtos, que vêem com pesar que não são os únicos
a comprar e vender; e se acham no direito de comprar ao preço mínimo e vender
mais caro; os que desejam que seus semelhantes vivam na miséria para obterem
lucro, quer vendendo ou comprando deles... Os médicos que desejam que sempre
haja doentes; os legistas que desejam que haja sempre causas e processos
numerosos...
- A inveja é um vício capital
(grave). Designa a tristeza sentida diante do bem do outro e do desejo
desmedido de sua apropriação. Ao desejar um mal grande ao outro, cometemos um
pecado mortal. Santo Agostinho via na inveja "o pecado diabólico por
excelência". Dela nascem o ódio, maledicência, calúnia, alegria causa com
a desgraça do outro e o desprazer causado pela sua prosperidade. A Inveja é
contrária a caridade. O Batizado deve lutar contra ela mediante a
benevolência.
II - "Os desejos do espírito"
É na Lei e na graça que somos
instruídos pelo Espírito Santo ao Sumo-Bem; é nele que saciamos o nosso
coração. O Deus das promessas sempre nos advertiu contra aquilo que, desde
sempre, parece como "bom ao apetite, agradável aos olhos, desejável para
adquirir ciência" (Gn 3, 6). A própria Lei confiada a Israel não bastou
para justificar aqueles que se sujeitavam à ela, antes tornou-se mesmo o
instrumento da cobiça. Agora, porém, manifestou-se a Justiça de Deus,
testemunhada pela Lei e pelos profetas, operada em Jesus Cristo em favor
daqueles que creem.
III - "A pobreza de coração"
Jesus disse a seus discípulos
para preferi-lo a tudo e a todos por causa dele e do Evangelho. Ele deu-lhes o
exemplo da pobre viúva de Jerusalém, de usa indulgência, deu tudo o que possuía
para viver. Os desprendimento das riquezas é primordial para se entrar no
Reino. "Bem-aventurados os pobres em espírito" (Mt 5, 3). Ser
"pobre em espírito" é dedicar-se totalmente a uma humildade
voluntária de espírito e sua renúncia. Infelizmente o orgulhoso procura o poder
terreno, ao passo que o pobre em espírito busca o Reino dos Céus. O abandono
nas mãos da providência do Pai do Céu, nos liberta da preocupação do amanhã. A
confiança em Deus pré dispõe para a bem aventurança dos pobres. Eles verão a
Deus.
IV - "Querer ver a Deus"
O desejo da felicidade
verdadeira liberta o homem do apego desmedido aos bens terrenos, que se
realizará na visão e na bem-aventurança de Deus. A promessa de ver a Deus
ultrapassa todas as bem- aventuranças, na Escritura ver é possuir. Aquele que
vê Deus obteve todos os bens que se pode imaginar. Para possuir e
contemplar a Deus, os fiéis de Jesus Cristo devem mortificar (dar morte) a sua
concupiscência e superar, com a graça de Deus, as seduções do gozo e do poder.
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