quinta-feira, 5 de novembro de 2015

PADRE MARIANO DE LA MATA APARÍCIO


PADRE MARIANO DE LA MATA APARÍCIO



Mariano de La Mata Aparício nasceu na Espanha, em 31 de dezembro de 1905, e veio ao Brasil em agosto de 1931, um ano após a sua ordenação sacerdotal. 
Mariano veio ao mundo numa família amorosamente católica, de oito filhos, sendo que todos os quatro homens tornaram-se agostinianos, e os casamentos de suas irmãs deram-lhe vinte e sete sobrinhos, dos quais três sacerdotes e três religiosas missionárias. 
Mariano chegou primeiro na cidade de Taquaritinga, Estado de São Paulo, onde trabalhou como vigário capelão do colégio das Irmãs Agostinianas Missionárias. Passou por São José do Rio Preto onde deu aulas no Colégio São José, da congregação dos Agostinianos e depois foi capelão no asilo no distrito de Engenheiro Schimit, São José do Rio Preto, onde celebrava na Igreja de Santa Apolônia e atendia a paróquia de Cedral, aproximadamente quinze quilômetros de onde estava, fazendo esse percurso sempre à pé. 
Depois foi transferido para a capital paulista, onde permaneceu até a sua morte. Em vida, não realizou ações extraordinárias aos olhos do mundo, levando uma vida aparentemente comum nesta imensa cidade de São Paulo, mas viveu um heroísmo autêntico, e teve o Amor a Deus como incentivo maior, até nos seus mínimos gestos.
    A partir de 1961 padre Mariano viveu no Colégio-Paróquia Sto. Agostinho, como professor, diretor espiritual e vigário paroquial. As pessoas que o conheceram dão testemunho de como foi a sua vida, especialmente o Vice-Postulador da causa de sua beatificação, padre Miguel Lucas, que narrou sua vida e a reproduziu em pinturas.
A sobrinha agostiniana, Irmã María Paz, disse: “Conhecer Pe. Mariano e não conhecer o Amor de Deus era impossível. Usava qualquer pretexto para falar de Deus aos outros”. Padre Mariano era chamado “mensageiro da caridade”, porque percorria as ruas de São Paulo visitando as dezenas de casas das Associações de Sta. Rita de Cássia, onde se faziam roupas para os pobres; foi diretor espiritual dessa obra por quase 31 anos. Procurava recursos para socorrer os necessitados. 
Ficou conhecido por distribuir santinhos e medalhas de santo Agostinho e santa Rita de Cássia aos operários de uma grande construção próxima à igreja onde trabalhava. Sempre levava-lhes, também, alimento, e muita fé e coragem. Era um sacerdote zelosamente cumpridor de suas obrigações ministeriais. Madrugava muito; pouco depois das seis horas já se podia vê-lo a preparar o Altar para as Missas. 
Destacou-se pela visita aos doentes: era um bálsamo para os enfermos, levava a eles a Eucaristia e os demais Sacramentos, a qualquer hora do dia ou da noite. Nas horas de angústia e dor, consolava as viúvas e filhos dos falecidos. 
Era como um pai para todos. Padre José Luiz Martínez, que conviveu muito com o padre Mariano, testemunha que “nos momentos mais difíceis a sua presença era desejada, porque significava um elemento de equilíbrio e de paz”.
Sempre conciliador, às vezes alguém o enganava, ou melhor, ele se deixava enganar, desde que isso servisse para ganhar outros para Deus. Nunca falava mal do próximo, nem comentava defeitos alheios. Relacionava-se tão bem com os pobres quanto com os ricos piedosos, e com as autoridades. 
Padre Mariano tinha uma alma alegre, e uma simplicidade contagiante e acolhedora. Nunca se vangloriava das suas qualidades, mesmo ao exercer cargos importantes. Como professor era muito querido pelos alunos, porque sabia, sem perder a autoridade, fazer de cada um deles um amigo. Estava sempre disposto a sacrificar seus direitos pelo bem da unidade. 
Extrovertido, festejava os sucessos dos outros. Cecília Maria de Queiroz, secretária da Igreja de santo Agostinho, relembra: “Padre Mariano falava muito da devoção ao Terço. Vi-o muitas vezes caminhar de um lado ao outro, rezando com o Breviário e seu Terço. Recomendava-nos rezar muito e sempre. Punha as coisas de Deus sempre em primeiro lugar”. 
Padre Mariano pode ser considerado também um protetor dos esportistas. Ele não só organizava, orientava e motivava jovens atletas, mas aconselhava-os antes das competições. Num programa de rádio, ele disse: “Os jogos, além de enrijecer os músculos do corpo, fortalecem a vontade, fomentam o companheirismo, reanimam o coração nas lutas que se apresentam e oferecem descanso ao intelecto que reclama algumas horas de lazer”. 
A manifestação de santidade de uma pessoa cresce ao longo da vida e às vezes atinge o auge nos momentos finais. Aquele que com tanta dedicação cuidou dos doentes, foi visitado pela doença. Numa tarde de 1983, padre Mariano sentou-se numa escada do Colégio, o que não era comum para ele, sempre cheio de energia e disposição. Perguntado por que se sentara ali, respondeu: “Sinto como se um gato me arranhasse o estômago...”. 
Era o câncer. Aceitou e suportou a doença com grande resignação. Sofria grandes dores mas esquecia de si e preocupava-se com os outros doentes do Hospital do Câncer, onde fora internado. Apesar dos sofrimentos, conservava a alegria. 
Seus gestos de amor para com os visitantes, pessoal do serviço e demais enfermos causavam admiração. Na Quinta-Feira Santa, recebeu a visita dos confrades, dos amigos e do Cardeal-Arcebispo Dom Evaristo Arns. Insistiu com sua sobrinha, Irmã María Paz, para ir visitar a unidade de crianças com câncer. Pediu que todos fossem celebrar juntos a Eucaristia. Passou tranquilo a noite, mas na manhã seguinte tinha muita dificuldade em falar. À tarde já não falava, e assim permaneceu no Sábado Santo e Domingo de Páscoa. 
Na segunda- feira após a cristandade celebrar a Ressurreição do Senhor, perto das oito da manhã, partiu padre Mariano para celebrar no Céu a Páscoa eterna: sem nenhum movimento, sem o mínimo gesto, simplesmente parou de respirar, inclinando suavemente a cabeça para a direita... Tinha 78 anos de idade. Era 5 de abril de 1983. 
O milagre necessário para a beatificação, aprovado pela Congregação para as Causas dos Santos e pelo Papa Bento XVI, ocorreu no dia 26 de abril de 1996. Em Barra Bonita, interior de São Paulo, o menino João Paulo Polotto, de São José do Rio Preto, de seis anos de idade, aluno do colégio agostiniano de São José do Rio Preto e que fazia parte de um grupo de alunos que visitavam aquela cidade, sofreu um gravíssimo acidente ao soltar-se de sua mãe e atravessar a rua. Foi atingido por um caminhão que lançou seu pequeno corpo pelos ares, a vários metros de distância. 
O menino, com o impacto, sofreu fratura do crânio. Foi internado com parada respiratória e hemorragia cerebral. Padres e alunos do Colégio Agostiniano São José, de São José do Rio Preto, onde padre Mariano viveu, pediram oração a intercessão do Padre Mariano pela criança. 
Socorrido em estado de coma, no hospital foi diagnosticada fratura craniana, traumatismo crânioencefálico grave, paralisia, batimentos cardíacos lentos, parada respiratória, globo ocular projetado e afundamento do crânio. Estava praticamente morto. 
Alguns minutos após o acidente, padres e alunos do Colégio Agostiniano São José, de São José do Rio Preto, rezaram pedindo a intercessão de Padre Mariano, juntamente com familiares do menino. O resultado foi que o menino se recuperou tão rapidamente que, dez dias depois, o médico que o tinha atendido no hospital foi visitá-lo e, estupefato, o encontrou já na rua, perfeito, brincando com os colegas, andando de patins, sem nenhuma sequela do terrível atropelamento, como se nada tivesse acontecido! João Paulo é hoje um moço. Dez dias depois do acidente o menino era visto nas ruas da cidade caminhando e brincando sem qualquer sequela do acidente.
O Altar em honra ao Beato Mariano e suas relíquias encontram-se na igreja da Paróquia Santo Agostinho, que fica na Praça Santo Agostinho, 79, próxima à estação Vergueiro do Metrô.

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