"O CÉU E A TERRA PASSARÃO, MAS AS MINHAS PALAVRAS NÃO PASSARÃO”. Mc 13, 24-32
A descrição da chegada do Filho do Homem, rodeado das
nuvens, é tirada do livro de Daniel: “Em
imagens noturnas, tive essa visão: entre as nuvens do céu vinha alguém como um
filho do homem. Chegou até perto do Ancião e foi levado à sua presença. Foi-lhe
dado poder, glória e reino, e todos os povos, nações e línguas o serviram. O
seu poder é um poder eterno, que nunca lhe será tirado. E o seu reino é tal que
jamais será destruído”. (Dn 7,13-14).
Jesus confirma o seu poder, glória e reino na sua
despedida aos apóstolos: “Toda autoridade
foi dada a mim no céu e sobre a terra”. (Mt 28,18); “Depois de dizer isso, Jesus foi levado ao céu à vista deles”. (At
1,9); “Ele foi exaltado à direita de
Deus, recebeu do Pai o Espírito prometido e o derramou...”. (At 2,33); “Ele a manifestou em Cristo, quando o
ressuscitou dos mortos e o fez sentar-se à sua direita no céu, muito acima de
qualquer principado, autoridade, poder e soberania, e de qualquer outro nome
que se possa nomear, não só no presente, mas também no futuro. De fato, Deus
colocou tudo debaixo dos pés de Cristo e o colocou acima de todas as coisas,
como Cabeça da Igreja, a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que plenifica
tudo em todas as coisas”. (Ef 1,20-23).
Este governo de Cristo continuará eternamente: “Durante este último reinado, o Deus do céu
fará aparecer um reino que nunca será destruído. Será um reino que não passará
para as mãos de outro povo, mas ao contrário, humilhará e liquidará todos os
outros reinos, enquanto ele mesmo continuará firme para sempre”. (Dn 2,44);
“Já que recebemos um reino inabalável, conservemos
bem essa graça”. (Hb 12,28).
Em todos os tempos chegou-se a predizer o tempo quando
aconteceria essa segunda vinda do Senhor, sendo marcado o dia e até mesmo a
hora, mas Jesus descarta essa possibilidade: “Quanto a esse dia e a essa hora, ninguém sabe nada, nem os anjos do
céu, nem o Filho, somente o Pai é que sabe”. (Mt 24,36). Jesus adverte,
apenas, que pode acontecer a qualquer momento: “Eis que eu venho em breve”. (Apo 22,7).
Pedro nos diz que a vinda do Senhor, pela segunda vez,
será inesperada como vem o ladrão à noite: “O
Dia do Senhor chegará como um ladrão, e então os céus se dissolverão com
estrondo, os elementos se derreterão, devorados pelas chamas, e a terra
desaparecerá com tudo o que nela se faz”. (2Pd 3,10). “Pois este dia cairá como armadilha, sobre todos aqueles que habitam a
face de toda a terra”. (Lc 21,35).
Jesus disse que viria “... sem demora, e
comigo trago o salário para retribuir a cada um conforme o seu trabalho”
(Apo 22,12), e, por isso, orienta que haja vigilância: “O que eu digo a vocês, digo a todos: fiquem vigiando”. (Mc 13,37).
A geração
de Jesus realmente viveu esses momentos terríveis e essa experiência danosa
quando da destruição do Templo e de Jerusalém no ano 70 pelos romanos, a ruína
total da nação judaica, quando milhares de judeus foram massacrados e
crucificados e outros tantos feitos prisioneiros e escravos: “Em verdade vos digo, essa geração não
passará até que tudo isso aconteça”. (Mc 13,30). Nessa oportunidade todos os que ficaram vivos
e conseguiram fugir, se dispersaram pelo mundo todo, tendo perdido a terra, a
nação, o Templo e, por não ter mais templo, deixaram de ter o local para os
sacrifícios previstos na Lei de Moisés, perdendo, desta forma, também o
sacerdócio. Assim dispersos foram submetidos, por parte do nazismo, à
barbarização na Segunda Grande Guerra Mundial ao que hoje é conhecido como
“Holocausto”, e à tentativa, do extermínio da face da terra de todos os judeus,
matando-os, calculando-se que mais de seis milhões deles foram mortos entre
1.933 e 1.945.
Depois
disso, somente no ano de 1.948, ao final dessa Grande Guerra, o Estado de
Israel, como nação, começou a existir novamente, mas sem a sua capital,
Jerusalém, que se tornou zona internacional e, bem por isso, sem o local onde
estava construído o Templo, continuando assim sem os holocaustos oferecidos a
Yahweh e, por extensão, sem o sacerdócio.
Na segunda
parte do seu discurso escatológico Jesus conta a parábola da figueira. “Aprendam, pois, da figueira esta parábola:
quando seus ramos ficam verdes e as folhas começam a brotar, vocês sabem que o
verão está perto”. (Mt 13,28).
O verão é
o prenúncio de uma nova vida. A vida nova anunciada por Jesus é a aceitação de
sua mensagem pelos outros povos, os gentios e pagãos, já que os judeus, o povo
escolhido por Deus no Antigo Testamento, a rejeitou.
A
fecundidade da mensagem de Jesus continuará existindo, mas não mais naquele
povo cujas instituições não cumpriram a sua missão e estão destinadas a
desaparecer: o Reino de Deus se transferirá para outros povos.
O povo
judeu não aceitou Jesus como Filho de Deus e, mais tarde, Paulo se vê obrigado
a anunciar para os outros povos o que foi rejeitado pelos judeus: “Era preciso
anunciar a palavra de Deus, em primeiro lugar para vocês, que são judeus.
Porém, como vocês a rejeitam, e não se julgam dignos da vida eterna, saibam que
nós vamos dedicar-nos aos pagãos. Porque esta é a ordem que o Senhor nos deu: ‘Eu
coloquei você como luz para as nações, para que leve a salvação até aos
extremos da terra’”. (At 13,46-47) e “Então o Senhor me disse:
Vá! É para longe, é para os pagãos que eu vou enviar você”. (At 22,21).
A
parábola da figueira é tomada da agricultura, que o povo judeu conhecia bem. O
seguidor de Jesus é quem se torna aprendiz da figueira, antecipando os tempos
com a vigilância.
O
discípulo de Jesus é, pois, quem vigia e está pronto a qualquer momento.
A segunda
parábola é do homem que partiu para o estrangeiro e deixou sua casa aos
cuidados dos empregados.
A imagem
da casa nos faz, portanto, pensar no mundo inteiro como uma casa que Jesus (o
dono da casa que foi para o estrangeiro) deixou aos nossos cuidados: “ele deixou a casa, distribuiu a tarefa a
cada um dos empregados, e mandou o porteiro ficar vigiando”. (Mc 13,34).
Nesta
imensa casa, que é o mundo e que tem um dono que viajou e está prestes a
voltar, há muitas funções, cada um tem a sua, mas todas elas voltadas para a
vida e o funcionamento perfeito da casa em que todos vivem.
Apesar
das diferentes funções de comando (porteiro) ou não (empregados), todos têm em
comum a vigilância: “Vigiem, portanto,
porque vocês não sabem quando o dono da casa vai voltar; pode ser à tarde, à
meia noite, de madrugada ou pelo amanhecer. Se ele vier de repente, não deve
encontrá-los dormindo. O que eu digo a vocês, digo a todos: Fiquem vigiando”.
(Mt 13,35-37).
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