terça-feira, 31 de dezembro de 2013

SANTA MARIA, MÃE DE DEUS E DA IGREJA


SANTA MARIA, MÃE DE DEUS
ANO C – Cor: branco – Leituras: Nm 6,22-27; Sl 66; Gl 4,4-7; Lc 2,16-21.

“COMO POSSO MERECER QUE A MÃE DO MEU SENHOR ME VENHA VISITAR?” (Lc 1,43).


Diácono Milton Restivo

Depois do julgamento iníquo, morte, ressurreição e ascensão do Senhor Jesus aos céus (Lc 24,50-53), Maria permaneceu com os Apóstolos do Senhor fortalecendo-os na fé e animando-os em seu apostolado, conforme nos certifica o livro dos Atos dos Apóstolos: “Eram Pedro e João, Tiago e André, Felipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus, Tiago, filho de Alfeu e Simão, o zelota; e Judas, filho de Tiago. Todos estes, unânimes, perseveraram na oração com algumas mulheres, entre as quais, Maria, a mãe de Jesus...” (At 1,13-14).
Assim, como Jesus veio até nós por meio de Maria, por meio de Maria também chegaremos a Jesus; foi o próprio Senhor Jesus, como Deus, quem escolheu esse caminho para chegar até nós e o exemplo, quem nos deixa é o próprio Jesus; se ele escolheu Maria para chegar até nós, nós também devemos escolher Maria para chegar com mais facilidade até ele, conforme escreveu São Luiz Maria Grignon de Montfort no livro “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”: “A Santíssima Virgem é o meio de que Nosso Senhor se serviu para vir a nós; e é o meio que nos devemos servir para ir a ele”. Se ainda não conhecemos bem Jesus como deveríamos conhecê-lo e amá-lo é porque ainda não conhecemos e nem amamos suficientemente bem Maria.
          Maria é a Mãe de Jesus Homem e Deus, portanto, Mãe de Deus, porque Jesus assumindo a natureza humana não abdicou a natureza divina, confirmando isso Isabel, quando disse, por ocasião da visita que recebera de Maria: “Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar?” (Lc 1,43).
Jesus, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade, é a Palavra com a qual o mundo foi criado: “No começo a Palavra já existia: a Palavra estava voltada para Deus, e a Palavra era Deus. No começo ela estava voltada para Deus. Tudo foi feito por meio dela, e, de tudo o que existe, nada foi feito sem ela. Nela estava a vida, e a vida era a luz dos homens. [...] A Palavra estava no mundo, o mundo foi feito por meio dela.. [...] E a Palavra se fez homem e veio habitar entre nós.” (Jo 1,1-4.10.14).
Jesus, antes do seu nascimento virginal do ventre de Maria, vivia a vida da Trindade, eterno, sem princípio e nem fim, e só tinha uma natureza: a divina. No seio de Maria Jesus assumiu a natureza humana, sem abdicar a divina.
Há, portanto, em Jesus, uma só Pessoa e duas naturezas: a natureza divina e a natureza humana. Reunidas, as duas naturezas constituem uma única pessoa, a Pessoa de Jesus.
Maria é Mãe desta única Pessoa que possui ao mesmo tempo a natureza divina e a natureza humana. Maria deu a Jesus a natureza humana; não lhe deu, porém, a natureza divina, que vem unicamente do Pai. Maria deu, pois, à Pessoa de Jesus, que era e continuou divina, aquilo que diz respeito à natureza humana, como a nossa mãe nos deu todo o humano de nossa pessoa, o corpo.
Apesar disso, nossa mãe é, certamente, a mãe da única pessoa que somos com a única natureza que temos, a humana. Maria é a Mãe da Pessoa de Jesus, que se encarnou nela com a única natureza que tinha: a divina. A partir a Encarnação da Palavra, Jesus assume a natureza humana numa só pessoa, que continuou sendo “una e santa” apesar das duas naturezas: humana e divina.
Em Jesus há uma só Pessoa, a pessoa divina, infinita, eterna, a pessoa do Verbo, do Filho de Deus, em tudo igual ao Pai e ao Espírito Santo. E Maria é a Mãe desta Pessoa divina que, como o Pai e o Espírito Santo, tem a natureza divina, mas que depois assumiu a natureza humana do seio de Maria. E isso Paulo Apóstolo atesta, quando diz que Jesus, sem abdicar a natureza divina, assumiu a natureza humana: “Quando, porém chegou a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho. Ele nasceu de uma mulher, submetido à Lei, a fim de que fôssemos adotados como filhos” (Gl 4,4).
E continua, dizendo: “Ele tinha a condição divina, mas não se apegou a sua igualdade com Deus. Pelo contrário, esvaziou a si mesmo, assumindo a condição de servo e tornando-se semelhante aos homens” (Fl 2,6-7). E não termina por ai. Continua, dizendo que, por isso Deus o ressuscitou dos mortos e o colocou no posto mais elevado que possa existir, como Senhor do universo e da história: “Por isso, Deus o exaltou grandemente, e lhe deu o Nome que está acima de qualquer outro nome” (Fl 2,9).
Logo, Maria é a Mãe de Jesus, a Mãe do Verbo Eterno, a Mãe do Filho de Deus, a Mãe da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, a Mãe de Deus, pois tudo é a mesma e única Pessoa com a natureza humana e divina, nascida do seu seio virginal, como disse Paulo: “Ele nasceu de uma mulher”.  O Filho de Deus, que é Deus, nasceu de Mulher, cujo nome é Maria.
A Virgem Maria é verdadeiramente a Mãe deste Deus, revestido desta humanidade; é a Mãe de Deus feito homem. Maria é a Mãe de Deus: "Maria de quem nasceu Jesus" (Mt 1,16).
Embora nos Evangelhos Maria não seja chamada expressamente "Mãe de Cristo" ou "Mãe de Deus", esta dignidade deduz-se, com todo o rigor, do texto sagrado. Gabriel, dizendo à Maria: "O santo que há de nascer de ti será chamado Filho de Deus" (Lc 1,35), exprime claramente que Maria será Mãe de Deus. Gabriel diz que o Santo que nascerá de Maria será chamado o Filho de Deus.
Se o Filho de Maria é o Filho de Deus, considerando que o Filho de Deus é também Deus, é absolutamente certo que Maria é a Mãe de Deus por ser Mãe do Filho de Deus. Repleta do Espírito Santo, Isabel exclama: "Donde me vem a dita que a Mãe de meu Senhor venha visitar-me?" (Lc 1, 43).  Que quer dizer isso senão que Maria é a Mãe de Deus? “Mãe do Senhor” ou "Mãe de Deus" são expressões idênticas. Maria, a mãe de Deus, é também a mãe da Igreja. A nossa Igreja dedica à Maria uma devoção especial acima dos anjos e dos santos, mas nunca comparada à Deus.
Aos anjos e santos a Igreja apenas venera, e o culto prestado a Deus é de adoração, portanto, a Igreja tem uma veneração especial à Maria, mais que aos anjos e santos, mas que jamais seria adoração. Nos diz o Catecismo da Igreja Católica nos seus parágrafos 971 e 2677:
ü  971: "Todas as gerações me chamarão bem-aventurada" (Lc 1,48): "A piedade da Igreja para com a Santíssima Virgem é intrínseca ao culto cristão". A Santíssima Virgem "é legitimamente honrada com um culto especial pela Igreja. Com efeito, desde remotíssimos tempos, a bem-aventurada Virgem é venerada sob o título de 'Mãe de Deus', sob cuja proteção os fiéis se refugiam suplicantes em todos os seus perigos e necessidades (...) Este culto (...) embora inteiramente singular, difere essencialmente do culto de adoração que se presta ao Verbo encanado e igualmente ao Pai e ao Espírito Santo, mas o favorece poderosamente"; este culto encontra sua expressão nas festas litúrgicas dedicadas à Mãe de Deus e na oração Mariana, tal como o Santo Rosário, "resumo de todo o Evangelho".
ü  2677: "Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós..." Com Isabel também nós nos admiramos: "Donde me vem que a mãe de meu Senhor me visite?" (Lc 1,43). Porque nos dá Jesus, seu filho, Maria é Mãe de Deus e nossa Mãe; podemos lhe confiar todos os nossos cuidados e pedidos: ela reza por nós como rezou por si mesma: "Faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lc 1,38). Confiando-nos à sua oração, abandonamo-nos com ela à vontade de Deus: "Seja feita a vossa vontade". "Rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte." Pedindo a Maria que reze por nós, reconhecemo-nos como pobres pecadores e nos dirigimos à "Mãe de misericórdia", a Toda Santa. Entregamo-nos a ela "agora", no hoje de nossas vidas. E nossa confiança aumenta para desde já entregar em suas mãos "a hora de nossa morte". Que ela esteja então presente, como na morte na Cruz de seu Filho, e que na hora de nossa passagem ela nos acolha como nossa Mãe para nos conduzir a seu Filho, Jesus, no Paraíso. Desde os primeiros séculos do cristianismo os grandes santos e teólogos, assim como toda a comunidade cristã, reverenciavam Maria como “Mãe de Deus”, senão vejamos:
Dionísio, o Areopagita (Séc I): "Maria é feita Mãe de Deus, para a salvação dos infelizes".
Orígenes (Sec. II) escreve: "Maria é Mãe de Deus, unigênito do Rei e criador de tudo o que existe". Santo Atanásio diz: "Maria é Mãe de Deus, completamente intacta e impoluta."
O diácono Santo Efrém escreve: "Maria é Mãe de Deus sem culpa”.
São Jerônimo: "Maria é verdadeiramente Mãe de Deus".
Santo Agostinho: "Maria é Mãe de Deus, feita pela mão de Deus". 
Santo Afonso Maria de Ligório, bispo, que morreu no dia primeiro de agosto de1787 aos noventa e um anos, fundador da Congregação do Santíssimo Redentor, os Redentoristas, insistia para que rezássemos à Maria, nossa Mãe abençoada. Santo Afonso escreveu um tratado completo sobre o papel de Maria no plano de salvação de Deus denominado: As Glórias de Maria: “Por ser tão amada por Deus e responder totalmente a este amor, Maria deveria ser nosso modelo na vida cristã. Além disso, Maria é capaz de interceder por nós. Ela é cheia de graça; porém, esta plenitude não foi concedida apenas para si, mas também para que compartilhasse conosco”.
São Luiz Maria Grignon de Montfort, sacerdote falecido aos quarenta e três anos de idade em 1716 com apenas dezesseis anos de sacerdócio, como tantos outros santos, foi um extremado devoto de Maria, tendo escrito o livro que todos nós deveríamos ter em nossa cabeceira, “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”, deixando-nos pensamentos maravilhosos sobre a beleza de Maria, dos quais cito alguns:
·         “Deus Pai ajuntou todas as águas e denominou-as mar; reuniu todas as suas graças e chamou-as Maria.”
·         “Maria produziu, com o Espírito Santo, a maior maravilha que existiu e existirá: um Deus-homem.”
·         “Jesus é em toda parte e sempre o fruto e o Filho de Maria; e Maria é em toda parte a verdadeira árvore que dá o fruto da vida, e a verdadeira mãe que o produz”.
·         “O que Lúcifer perdeu por orgulho, Maria ganhou por humildade. O que Eva condenou e perdeu por desobediência, salvou-o Maria pela obediência. Eva, obedecendo à serpente, perdeu consigo todos os seus filhos e os entregou ao poder infernal; Maria, por sua perfeita fidelidade a Deus, salvou consigo todos os filhos e servos e os consagrou a Deus”.
·         “Jesus Cristo, nosso Salvador, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, deve ser o fim último de todas as nossas devoções; de outro modo, elas serão falsas e enganosas. Jesus Cristo é o alfa e o ômega, o princípio e o fim de todas as coisas... Se estabelecermos, portanto, a sólida devoção à Santíssima Virgem, teremos contribuído para estabelecer com mais perfeição a devoção a Jesus Cristo, teremos proporcionado um meio fácil e seguro de achar Jesus Cristo. Se a devoção à Santíssima Virgem nos afastasse de Jesus Cristo, seria preciso rejeitá-la como uma ilusão do demônio”.
·         “Maria está tão intimamente unida a vós (Jesus) que mais fácil seria separar do sol a luz, e do fogo o calor; digo mais: com mais facilidade se separariam de vós os anjos e os santos que a divina Mãe, pois que ela vos ama com mais ardor e vos glorifica com mais perfeição que todas as vossas outras criaturas.” - “Não tenha a pretensão de receber a graça de Deus, quem ofende sua Mãe Santíssima”. - “Um filho que obedece a Maria, pode acaso errar o caminho que leva à eternidade?”.
Dito isto, quero dirigir-me com respeito, dedicação e amor fraterno a um querido irmão, que ignoro o nome e que acredito seja evangélico, pois mandou-me um comentário anônimo para o meu blog “Nos Caminhos do Senhor” “http://caminhossenhor.blogspot.com/” – a quem agradeço por acessar o meu blog -  contestando os artigos de amor e carinho que escrevo sobre Maria e o amor que eu tenho por Maria e que todos os cristãos católicos têm, desacreditando o que São Luiz Maria Grignon de Montfort fala sobre Maria, e diz, textualmente, que não encontrou São Luiz Maria Grignon de Montfort na “palavra”, o que me fez entender que este santo não tem autoridade para falar das coisas de Deus porque não é citado nas Sagradas Escrituras: eu nunca ouvi falar na palavra de Deus sobre São Luiz Maria Grignon de Montfort, e com isso tudo ai dito sobre Maria...”. (irmão anônimo). Pelo visto, muitos, que se dizem cristãos, não acreditam e nem levam à sério o que o Espírito Santo disse pela boca de Isabel: “Você é bendita entre as mulheres, e bendito é o fruto do seu ventre! Como posso merecer que a Mãe do meu Senhor me venha visitar?” (Lc 1,42-43). E o que Maria disse: “De hoje em diante todas as gerações me chamarão bem-aventurada”. (Lc 1,48). Que pena que gerações ainda não levam à sério o que o Espírito Santo diz por Isabel e o que Maria diz, na sua humildade. Evoco o amor de Luiz Grignon de Montfort, quando afirmou categoricamente: “NÃO PODE ESPERAR A MISERICÓRDIA DE DEUS QUEM OFENDE A SUA MÃE”. O que nos resta fazer? Pedir ao Espírito Santo que lhes abra o coração e a inteligência, e que Maria seja respeitada por todos, como disse o Espírito Santo através de Isabel, como “a mãe do meu Senhor” e seja reconhecida por todas as gerações como a “bem-aventurada”, porque Deus fez nela grandes coisas...

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