SANTA MARIA, MÃE DE DEUS
ANO C – Cor: branco – Leituras: Nm 6,22-27; Sl 66; Gl 4,4-7; Lc
2,16-21.
“COMO POSSO MERECER QUE A MÃE DO MEU SENHOR
ME VENHA VISITAR?” (Lc 1,43).
Diácono Milton
Restivo
Depois do julgamento iníquo,
morte, ressurreição e ascensão do Senhor Jesus aos céus (Lc 24,50-53), Maria
permaneceu com os Apóstolos do Senhor fortalecendo-os na fé e animando-os em
seu apostolado, conforme nos certifica o livro dos Atos dos Apóstolos: “Eram Pedro e João, Tiago e André, Felipe e
Tomé, Bartolomeu e Mateus, Tiago, filho de Alfeu e Simão, o zelota; e Judas,
filho de Tiago. Todos estes, unânimes, perseveraram na oração com algumas
mulheres, entre as quais, Maria, a mãe
de Jesus...” (At 1,13-14).
Assim, como Jesus veio até nós por
meio de Maria, por meio de Maria também chegaremos a Jesus; foi o próprio
Senhor Jesus, como Deus, quem escolheu esse caminho para chegar até nós e o exemplo,
quem nos deixa é o próprio Jesus; se ele escolheu Maria para chegar até nós,
nós também devemos escolher Maria para chegar com mais facilidade até ele,
conforme escreveu São Luiz Maria Grignon de Montfort no livro “Tratado da
Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”: “A
Santíssima Virgem é o meio de que Nosso Senhor se serviu para vir a nós; e é o
meio que nos devemos servir para ir a ele”. Se ainda não conhecemos bem
Jesus como deveríamos conhecê-lo e amá-lo é porque ainda não conhecemos e nem amamos
suficientemente bem Maria.
Maria é a Mãe de Jesus Homem e
Deus, portanto, Mãe de Deus, porque Jesus assumindo a natureza humana não
abdicou a natureza divina, confirmando isso Isabel, quando disse, por ocasião
da visita que recebera de Maria: “Como
posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar?” (Lc 1,43).
Jesus, a segunda Pessoa da
Santíssima Trindade, é a Palavra com a qual o mundo foi criado: “No começo a Palavra já existia: a Palavra
estava voltada para Deus, e a Palavra era Deus. No começo ela estava voltada
para Deus. Tudo foi feito por meio dela, e, de tudo o que existe, nada foi
feito sem ela. Nela estava a vida, e a vida era a luz dos homens. [...] A Palavra estava no mundo, o mundo foi feito
por meio dela.. [...] E a Palavra se
fez homem e veio habitar entre nós.” (Jo 1,1-4.10.14).
Jesus, antes do seu nascimento
virginal do ventre de Maria, vivia a vida da Trindade, eterno, sem princípio e
nem fim, e só tinha uma natureza: a divina. No seio de Maria Jesus assumiu a
natureza humana, sem abdicar a divina.
Há, portanto, em Jesus, uma só Pessoa e duas naturezas: a natureza divina e a natureza humana. Reunidas,
as duas naturezas constituem uma única pessoa, a Pessoa de Jesus.
Maria é Mãe desta única Pessoa que possui ao mesmo tempo a natureza divina
e a natureza humana. Maria deu a Jesus a natureza humana; não lhe deu, porém, a
natureza divina, que vem unicamente do Pai. Maria deu, pois, à Pessoa de Jesus,
que era e continuou divina, aquilo que diz respeito à natureza humana, como a
nossa mãe nos deu todo o humano de nossa pessoa, o corpo.
Apesar disso, nossa mãe é, certamente, a mãe da única pessoa que somos com
a única natureza que temos, a humana. Maria é a Mãe da Pessoa de Jesus, que se
encarnou nela com a única natureza que tinha: a divina. A partir a Encarnação
da Palavra, Jesus assume a natureza humana numa só pessoa, que continuou sendo
“una e santa” apesar das duas naturezas: humana e divina.
Em Jesus há uma só Pessoa, a pessoa divina, infinita, eterna, a pessoa do
Verbo, do Filho de Deus, em tudo igual ao Pai e ao Espírito Santo. E Maria é a
Mãe desta Pessoa divina que, como o Pai e o Espírito Santo, tem a natureza
divina, mas que depois assumiu a natureza humana do seio de Maria. E isso Paulo
Apóstolo atesta, quando diz que Jesus, sem abdicar a natureza divina, assumiu a
natureza humana: “Quando, porém chegou a
plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho. Ele nasceu de uma mulher,
submetido à Lei, a fim de que fôssemos adotados como filhos” (Gl 4,4).
E continua, dizendo: “Ele
tinha a condição divina, mas não se apegou a sua igualdade com Deus. Pelo
contrário, esvaziou a si mesmo, assumindo a condição de servo e tornando-se
semelhante aos homens” (Fl
2,6-7). E não termina por ai. Continua, dizendo que, por isso Deus o
ressuscitou dos mortos e o colocou no posto mais elevado que possa existir,
como Senhor do universo e da história: “Por
isso, Deus o exaltou grandemente, e lhe deu o Nome que está acima de qualquer
outro nome” (Fl 2,9).
Logo, Maria é a Mãe de Jesus, a Mãe do Verbo Eterno, a Mãe do Filho de
Deus, a Mãe da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, a Mãe de Deus, pois tudo
é a mesma e única Pessoa com a natureza humana e divina, nascida do seu seio
virginal, como disse Paulo: “Ele nasceu
de uma mulher”. O Filho de Deus, que
é Deus, nasceu de Mulher, cujo nome é Maria.
A Virgem Maria é verdadeiramente a Mãe deste Deus, revestido desta
humanidade; é a Mãe de Deus feito homem. Maria é a Mãe de Deus: "Maria
de quem nasceu Jesus" (Mt 1,16).
Embora nos Evangelhos Maria não seja chamada expressamente "Mãe de
Cristo" ou "Mãe de Deus", esta dignidade deduz-se,
com todo o rigor, do texto sagrado. Gabriel, dizendo à Maria: "O santo
que há de nascer de ti será chamado Filho de Deus" (Lc 1,35), exprime
claramente que Maria será Mãe de Deus. Gabriel diz que o Santo que nascerá de
Maria será chamado o Filho de Deus.
Se o Filho de Maria é o Filho de Deus, considerando que o Filho de Deus é
também Deus, é absolutamente certo que Maria é a Mãe de Deus por ser Mãe do
Filho de Deus. Repleta do Espírito Santo, Isabel exclama: "Donde me vem
a dita que a Mãe de meu Senhor venha visitar-me?" (Lc 1, 43).
Que quer dizer isso senão que Maria é a Mãe de Deus? “Mãe do Senhor” ou "Mãe de Deus"
são expressões idênticas. Maria, a mãe de Deus, é também a mãe da Igreja. A
nossa Igreja dedica à Maria uma devoção especial acima dos anjos e dos santos,
mas nunca comparada à Deus.
Aos anjos e santos a Igreja apenas venera, e o culto prestado a Deus é de
adoração, portanto, a Igreja tem uma veneração especial à Maria, mais que aos
anjos e santos, mas que jamais seria adoração. Nos diz o Catecismo da Igreja
Católica nos seus parágrafos 971 e 2677:
ü 971:
"Todas as gerações me chamarão bem-aventurada" (Lc 1,48):
"A piedade da Igreja para com a Santíssima Virgem é intrínseca ao culto cristão".
A Santíssima Virgem "é legitimamente honrada com um culto especial pela
Igreja. Com efeito, desde remotíssimos tempos, a bem-aventurada Virgem é
venerada sob o título de 'Mãe de Deus',
sob cuja proteção os fiéis se refugiam suplicantes em todos os seus perigos e
necessidades (...) Este culto
(...) embora inteiramente singular,
difere essencialmente do culto de
adoração que se presta ao Verbo encanado e igualmente ao Pai e ao Espírito
Santo, mas o favorece poderosamente"; este culto encontra sua
expressão nas festas litúrgicas dedicadas à Mãe de Deus e na oração Mariana,
tal como o Santo Rosário, "resumo
de todo o Evangelho".
ü 2677:
"Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós..." Com Isabel
também nós nos admiramos: "Donde me
vem que a mãe de meu Senhor me visite?" (Lc 1,43). Porque nos dá
Jesus, seu filho, Maria é Mãe de Deus e nossa Mãe; podemos lhe confiar todos os
nossos cuidados e pedidos: ela reza por nós como rezou por si mesma: "Faça-se em mim segundo a tua
palavra" (Lc 1,38). Confiando-nos à sua oração, abandonamo-nos com ela
à vontade de Deus: "Seja feita a
vossa vontade". "Rogai por
nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte." Pedindo a
Maria que reze por nós, reconhecemo-nos como pobres pecadores e nos dirigimos à
"Mãe de misericórdia", a Toda Santa. Entregamo-nos a ela
"agora", no hoje de nossas vidas. E nossa confiança aumenta para
desde já entregar em suas mãos "a hora de nossa morte". Que ela
esteja então presente, como na morte na Cruz de seu Filho, e que na hora de
nossa passagem ela nos acolha como nossa Mãe para nos conduzir a seu Filho,
Jesus, no Paraíso. Desde os primeiros séculos do cristianismo os
grandes santos e teólogos, assim como toda a comunidade cristã, reverenciavam
Maria como “Mãe de Deus”, senão
vejamos:
Dionísio,
o Areopagita (Séc I): "Maria é feita Mãe de Deus, para a salvação dos
infelizes".
Orígenes
(Sec. II) escreve: "Maria é Mãe de Deus, unigênito do Rei e criador de
tudo o que existe". Santo Atanásio diz: "Maria é Mãe de Deus,
completamente intacta e impoluta."
O
diácono Santo Efrém escreve: "Maria é Mãe de Deus sem culpa”.
São
Jerônimo: "Maria é verdadeiramente Mãe de Deus".
Santo
Agostinho: "Maria é Mãe de Deus, feita pela mão de Deus".
Santo Afonso Maria de Ligório, bispo, que morreu no dia primeiro de
agosto de1787 aos noventa e um anos, fundador da Congregação do Santíssimo
Redentor, os Redentoristas, insistia
para que rezássemos à Maria, nossa Mãe abençoada. Santo Afonso escreveu um
tratado completo sobre o papel de Maria no plano de salvação de Deus denominado:
As Glórias de Maria: “Por ser tão amada
por Deus e responder totalmente a este amor, Maria deveria ser nosso modelo na
vida cristã. Além disso, Maria é capaz de interceder por nós. Ela é cheia de graça; porém, esta plenitude
não foi concedida apenas para si, mas também para que compartilhasse conosco”.
São Luiz Maria Grignon de
Montfort, sacerdote falecido aos quarenta e três anos de idade em 1716 com
apenas dezesseis anos de sacerdócio, como tantos outros santos, foi um
extremado devoto de Maria, tendo escrito o livro que todos nós deveríamos ter
em nossa cabeceira, “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”,
deixando-nos pensamentos maravilhosos sobre a beleza de Maria, dos quais cito
alguns:
·
“Deus Pai
ajuntou todas as águas e denominou-as mar; reuniu todas as suas graças e
chamou-as Maria.”
·
“Maria
produziu, com o Espírito Santo, a maior maravilha que existiu e existirá: um
Deus-homem.”
·
“Jesus é
em toda parte e sempre o fruto e o Filho de Maria; e Maria é em toda parte a
verdadeira árvore que dá o fruto da vida, e a verdadeira mãe que o produz”.
·
“O que
Lúcifer perdeu por orgulho, Maria ganhou por humildade. O que Eva condenou e
perdeu por desobediência, salvou-o Maria pela obediência. Eva, obedecendo à
serpente, perdeu consigo todos os seus filhos e os entregou ao poder infernal;
Maria, por sua perfeita fidelidade a Deus, salvou consigo todos os filhos e
servos e os consagrou a Deus”.
·
“Jesus
Cristo, nosso Salvador, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, deve ser o fim
último de todas as nossas devoções; de outro modo, elas serão falsas e
enganosas. Jesus Cristo é o alfa e o ômega, o princípio e o fim de todas as
coisas... Se estabelecermos, portanto, a sólida devoção à Santíssima Virgem,
teremos contribuído para estabelecer com mais perfeição a devoção a Jesus
Cristo, teremos proporcionado um meio fácil e seguro de achar Jesus Cristo. Se
a devoção à Santíssima Virgem nos afastasse de Jesus Cristo, seria preciso
rejeitá-la como uma ilusão do demônio”.
·
“Maria
está tão intimamente unida a vós (Jesus) que mais fácil seria separar do sol a
luz, e do fogo o calor; digo mais: com mais facilidade se separariam de vós os
anjos e os santos que a divina Mãe, pois que ela vos ama com mais ardor e vos
glorifica com mais perfeição que todas as vossas outras criaturas.” - “Não
tenha a pretensão de receber a graça de Deus, quem ofende sua Mãe Santíssima”.
- “Um filho que obedece a Maria, pode acaso errar o caminho que leva à
eternidade?”.
Dito isto, quero dirigir-me com
respeito, dedicação e amor fraterno a um querido irmão, que ignoro o nome e que
acredito seja evangélico, pois mandou-me um comentário anônimo para o meu blog
“Nos Caminhos do Senhor” “http://caminhossenhor.blogspot.com/” – a quem agradeço por
acessar o meu blog - contestando os
artigos de amor e carinho que escrevo sobre Maria e o amor que eu tenho por
Maria e que todos os cristãos católicos têm, desacreditando o que São Luiz
Maria Grignon de Montfort fala sobre Maria, e diz, textualmente, que não
encontrou São Luiz Maria Grignon de Montfort na “palavra”, o que me fez
entender que este santo não tem autoridade para falar das coisas de Deus porque
não é citado nas Sagradas Escrituras: “eu
nunca ouvi falar na palavra de Deus sobre São Luiz Maria Grignon de Montfort, e
com isso tudo ai dito sobre Maria...”. (irmão anônimo). Pelo visto, muitos, que se dizem cristãos, não
acreditam e nem levam à sério o que o Espírito Santo disse pela boca de Isabel:
“Você é bendita entre as mulheres, e bendito é o fruto do seu ventre! Como
posso merecer que a Mãe do meu Senhor me
venha visitar?” (Lc 1,42-43). E o que Maria disse: “De hoje em diante todas as gerações me chamarão bem-aventurada”. (Lc
1,48). Que pena que gerações ainda não levam à sério o que o Espírito Santo diz
por Isabel e o que Maria diz, na sua humildade. Evoco o amor de Luiz Grignon de
Montfort, quando afirmou categoricamente: “NÃO PODE ESPERAR A MISERICÓRDIA
DE DEUS QUEM OFENDE A SUA MÃE”. O que nos resta fazer? Pedir ao
Espírito Santo que lhes abra o coração e a inteligência, e que Maria seja
respeitada por todos, como disse o Espírito Santo através de Isabel, como “a
mãe do meu Senhor” e seja reconhecida por todas as gerações como a
“bem-aventurada”, porque Deus fez nela grandes coisas...
Nenhum comentário:
Postar um comentário